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domingo, 31 de outubro de 2010

A estratégia do PT com o PNDH-3.

A estratégia do PT com o PNDH-3
 
Marcus Boeira | 26 Outubro 2010 
 
 
Carl Friedrich, Hannah Arendt, Raymond Aron, Isaiah Berlin, Eric Voegelin, e todos os demais pensadores que se dedicaram ao estudo do totalitarismo foram unânimes em detectar  esse método estratégico: o de fazer a revolução andar " pelo direito" .
 
 
Em tempos eleitorais, sempre é bom rememorar algumas iniciativas revolucionárias do PT. Dentre elas, destaco hoje o caso do PNDH-3, particularmente naquilo que se convencionou chamar de " Direito à Memória e à Verdade" .

É notório que o PNDH (Programa Nacional de Direitos Humanos) representa uma das maiores farsas comunistas da história recente do Brasil. É, de fato, mais um dos avanços programáticos da estratégia revolucionária marxista empreendida pelo PT e pelas inúmeras organizações que encampam suas bases em Brasília, para tomar de assalto os cofres públicos, a fim de se valer do orçamento estatal para patrocinar suas pretensões totalitárias e absurdas.
Movimentos como o dos ambientalistas e indígenas, dentre outros, montaram escritórios na capital federal com o objetivo de valer-se do governo Lula para adquirir verbas milionárias e, assim, embolsar suas ricas contas correntes com verba pública. É o exemplo mais notório de uma república privativa de grupos esquerdistas e
revolucionários. De uma res pubblica passamos à uma res partidária, onde o povo é substituído por puxa-sacos do partidão.

Na verdade, esses grupos alcançaram mais uma vitória: a de formatar o PNDH, pois como todos aqueles que agem às ocultas, usam do jargão " direitos humanos"
para mascarar suas reais intenções revolucionárias. É aquela coisa: como tudo pode ser " direitos humanos" , até mesmo matar em nome do " aborto" , perseguir inimigos em nome da " liberdade" , prender adversários em nome da " democracia" , as finalidades escusas desses grupos fazem parte da atual atmosfera dos corredores de nossas instituições políticas federais.

O PNDH-3 fala, em sua parte final, do chamado " Direito a Memória e Verdade", entendido como um direito fundamental ao conhecimento do passado como requisito para a cidadania. Ora, se é assim, então precisamos acreditar que Memória e Verdade representa também uma compreensão do passado tanto em suas experiências positivas quanto negativas.

No documento intitulado de PNDH-3, assinado pela Secretaria de direitos humanos do PT (chamada de " Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República) e que assumiu forma jurídica no Decreto n. 7.037/2009, o Direito à Memória e a Verdade é definido como um meio de resgatar o conhecimento sobre
fatos e acontecimentos relativos ao desaparecimento de pessoas e perseguições ocorridas durante o governo militar no Brasil. Ora, se o objetivo é esse, como o próprio documento elucida então a verdadeira intenção não é conhecimento da verdade dos fatos, mas a apuração de casos empreendidos pelos militares contra esquerdistas. Quer dizer: de acordo com o decreto, não se deve querer conhecer a verdade, mas acusar o militarismo. E porque isso? A resposta é simples: dar crédito aos movimentos esquerdistas e, com isso, auxiliar na tarefa de criar um ambiente politicamente correto onde esses grupos são taxados de heróis nacionais. Ou seja: fala-se de verdade, de memória, mas o que se quer é acusar os militares em beneficio de grupos revolucionários.

A estratégia é antiga. O nazismo, o fascismo, o comunismo nas suas variadas formas, enfim, todas as formas de totalitarismos usaram um mesmo método para estabelecer a aplicação formal e jurídica de suas metas: o direito positivo. Carl Friedrich, Hannah Arendt, Raymond Aron, Isaiah Berlin, Eric Voegelin, e todos os demais pensadores
que se dedicaram ao estudo do totalitarismo foram unânimes em detectar esse método estratégico: o de fazer a revolução andar " pelo direito" .

Sim, é inegável e Gramsci estava certo em dizer que o fio condutor da revolução está na " cultura" . Porém, dentro desse " movimento revolucionário" , o direito positivo ocupa papel de destaque. E, quando me refiro ao " direito positivo" , não saliento apenas a lei, senão também a Constituição, os demais atos normativos e administrativos enquanto fontes do direito, como também a exegese que se faz desses textos.

Se o Direito à Memória e à Verdade tem como real objetivo o conhecimento do passado, então por que não investigar as ações de grupos esquerdistas contra pessoas de bem durante o regime? Por que não investigar os seqüestros promovidos pelos comunistas e revolucionários, como por exemplo, a situação da então guerrilheira Dilma Rousseff no caso do embaixador norte-americano? Por que não acatar as milhões de mortes e assassinatos empreendidos por regimes comunistas durante o século XX?

Quer dizer: " direitos humanos" e particularmente " direito à memória e a verdade" , não são entendidos pela Secretaria de DH do PT como valores fundamentais do ser humano e da sociedade política, mas sim como meios de ação de suas pretensões estratégicas de tomada do poder.

Alguém duvida? Então, nesse caso, veja com seus próprios olhos. Bata acessar o seguinte endereço eletrônico: portal.mj.gov.br/sedh/pndh3/pndh3.pdf
Aí, você poderá conferir o que representa verdadeiramente o PNDH. Por exemplo, à página 170 do documento, extraí-se a passagem a seguir: " A compreensão do passado por intermédio da narrativa da herança histórica e pelo reconhecimento oficial dos acontecimentos possibilita aos cidadãos construírem os valores que indicarão sua
atuação no presente. O acesso a todos os arquivos e documentos produzidos durante o regime militar é fundamental no âmbito das políticas de proteção dos Direitos
Humanos" .

Ou seja, a preocupação não está em aclarar os acontecimentos históricos que demonstraram violações aos direitos humanos, mas usar desse argumento como um meio estratégico de não somente atacar os militares, mas de ganhar força e peso no cenário político.

A " política de poder" empregada por esses grupos demonstra bem o intento totalitário em marcha: o uso do Estado para a universalização do Partido, ou melhor ainda, a identificação do partido com o Estado, inclusive veiculando verbas orçamentárias estatais para o incentivo da revolução. Note bem o que o texto do PNDH-3 diz logo
depois da passagem supracitada: " Essa Lei instituiu Comissão Especial com poderes para deferir pedidos de indenização das famílias de uma lista inicial de 136 pessoas e julgar outros casos apresentados para seu exame. No art. 4º, inciso II, a Lei conferiu à Comissão Especial também a incumbência de envidar esforços para a localização dos corpos de pessoas desaparecidas no caso de existência de indícios quanto ao local em que possam estar depositados" .

É dizer, uma Comissão especial formada por sacro-santos indicados pelo " Partido" representa o " Estado" na tarefa de indenizar as famílias de uma lista especial e julgar outros casos. Duas situações aí saltam aos olhos e leva-nos a indagar: primeiro, que famílias são essas? Segundo: que espécie de tribunal político-partidário é esse que pode
dizer o que é verdade e o que não é em relação ao nosso passado?

Na verdade, como em todo regime comunista, nomenclaturas e jargões ideais e utópicos utilizados como símbolos partidários e que abrangem uma concordância universal são usados para mascarar verdadeiras pretensões revolucionárias. O PT, tomando de assalto o palácio do planalto, anuncia um " programa de Direitos Humanos" , apenas no intuito de mascarar suas armadilhas stalinistas, arregimentar seu exército de movimentos e atacar os militares para se eternizar no poder.

Eu já vi esse filme antes!  


 

sábado, 30 de outubro de 2010

Defesa da vida e da liberdade são indissociáveis.

Defesa da vida e da liberdade são indissociáveis

Paul Ryan, 29 Outubro 2010.



O direito de "escolha" de um ser humano não pode se sobrepor ao direito à "vida" de outro. Por quanto tempo mais conseguiremos manter nosso compromisso com a liberdade se continuarmos a negar o próprio fundamento da liberdade - a vida - aos seres humanos mais vulneráveis?
 
 

Escrevo como um defensor inflexível tanto da livre escolha de mercado quanto do direito natural à vida. É triste que "vida" e "escolha" tenham um dia sido separadas e vistas como alternativas. Este é um falso dilema. Logicamente, uma envolve a outra.




Sou profundamente comprometido com o capitalismo, o "sistema da liberdade natural," como Adam Smith o chamou. O livre-mercado gera uma prosperidade incomparável e tem uma base moral na liberdade e na escolha. No capitalismo, as pessoas exercem seu direito de escolher os produtos e serviços de sua preferência, exercer a profissão e seguir a carreira que desejem, o negócio que queiram abrir ou com o qual queiram trabalhar, os tipos de investimentos e poupanças que preferirem e muitas outras opções. Estas escolhas refletem a esperança dos indivíduos em melhorar suas vidas e desenvolver seu pleno potencial humano. Embora a liberdade de escolha não garanta sozinha a felicidade, ela é essencial para a busca da felicidade.



Como defensor do capitalismo, eu apoio vigorosamente o direito de cada pessoa fazer estas escolhas econômicas e combater os esforços do governo para limitá-las. A liberdade e as escolhas que ela envolve são direitos morais concedidos aos americanos, não pelo governo, mas pelos princípios que fizeram desta uma grande e próspera sociedade. Estes princípios sustentam os direitos naturais iguais de todos os seres humanos viverem, serem livres e buscarem a felicidade, na medida em que o exercício destes direitos não violem os direitos correspondentes dos outros. Os indivíduos crescem em responsabilidade, prudência e inteligência, além de outras qualidades humanas, ao fazerem escolhas que satisfazem suas necessidades únicas e evitarem o que não as satisfazem. O governo ajuda a manter o estado de direito que torna tudo isto possível, mas o papel do governo é muito limitado no que diz respeito a nossas escolhas específicas. Sob nossa Constituição, a função do governo é garantir os direitos humanos universais de seus cidadãos. Em virtude de seu escopo neste contrato social, o governo não pode possuir um poder ilimitado.



Entretanto, para assegurar a manutenção destas garantias, o governo primeiro precisa decidir de quem são os direitos a serem protegidos - ou seja, o que significa o conceito de um ser humano a quem se asseguram direitos naturais. Os direitos de todo ente que se qualifique como "humano" devem ser protegidos.



O carro sobre o qual exerci minha liberdade de escolha de compra não é tal entidade e não "se qualifica" para proteção de direitos humanos. Eu posso dirigi-lo, emprestá-lo, chutá-lo, vendê-lo, ou jogá-lo fora, à vontade. Por outro lado, a viúva que mora ao lado "se qualifica", sim, como pessoa e o governo deve assegurar seus direitos humanos, que não podem ser deixados à mercê da vontade arbitrária de qualquer um.



Direitos e Condição Humana

Entretanto, a identificação de quem se "qualifica" como ser humano tem se mostrado historicamente mais difícil do que os exemplos acima podem sugerir. Por duas vezes no passado, a Suprema Corte dos Estados Unidos - incumbida de ser a guardiã dos direitos - falhou tão crassamente na tomada desta decisão crucial que ela "desqualificou" toda uma categoria de seres humanos, com resultados profundamente trágicos.



A primeira vez foi no caso Dred Scott vs. Sandford, em 1857. A Corte decidiu, de forma absurda, que os africanos e seus descendentes americanos, fossem escravos ou livres, não poderiam ser cidadãos com direito a ir aos tribunais fazer valer contratos, nem direitos, nem por qualquer outra razão. Por quê? Porque "entre toda a raça humana," declarou a Corte, "a raça escravizada africana não foi feita para ser incluída (...) [Eles] não tinham quaisquer direitos que o homem branco fosse obrigado a respeitar." Em outras palavras, pessoas de origem africana não "se qualificavam" como seres humanos para fins de proteção de seus direitos naturais. Decidiu-se que, como o homem branco não os reconhecia como tendo tais direitos, eles não os tinham. A consequência era que os africanos eram propriedade - coisas que gente branca podia escolher comprar e vender. Já os brancos, sim, "se qualificavam," logo, o governo protegia seus direitos naturais.



Cada pessoa neste país foi ferida no dia em que este juízo pavoroso foi anunciado pelo tribunal mais alto da nação. Ele escarneceu da idéia americana de que a igualdade e os direitos humanos foram dados por Deus e reconhecidos pelo governo, e não construídos por governos ou grupos étnicos por votação consensual. A decisão abominável levou diretamente a um terrível banho de sangue e abriu uma cisão racial que nunca foi completamente superada.



A segunda vez que a Corte falhou em um caso relativo à definição de "humano" foi no caso Roe vs. Wade, em 1973, quando a Suprema Corte cometeu um erro praticamente idêntico. Em que momento do tempo um ser humano existe?, perguntou o estado do Texas. A Corte se recusou a responder:



"Nós não precisamos resolver a difícil questão sobre quando a vida começa. Se os especialistas nas respectivas disciplinas da medicina, filosofia e teologia são incapazes de chegar a qualquer consenso, o judiciário, a esta altura do desenvolvimento do conhecimento do homem, não está em posição de especular sobre a resposta."



Em outras palavras, a Corte não "qualificaria" crianças não nascidas como pessoas vivas cujos direitos humanos devessem ser garantidos.



Como a Corte julgou que não havia "consenso" sobre quando os fetos se tornam pessoas, ela derrubou as restrições ao aborto em todos os 50 estados que pensavam ter chegado a um "consenso." Só os já nascidos "se qualificavam" para proteção. Além do mais, os já nascidos ganharam o poder de negar, à vontade, os direitos das pessoas ainda no útero. A Corte não disse que, dada a falta de consenso, a matéria deveria ser deixada para os estados. Ela não escolheu errar do lado da cautela, já que vidas humanas poderiam estar em jogo. Nem escolheu não arbitrar sobre a matéria. Estas opções teriam sido vias racionais à luz do agnosticismo professado pela Corte. Ao invés disto, a Corte se utilizou da falta de consenso para justificar a proibição aos estados protegerem a vida dos não-nascidos.



Como a decisão do caso Dred Scott, este juízo feriu a América e não resolveu nada. Ele pôs boas pessoas de todos os lados umas contra as outras, alimentou uma guerra cultural, rachou igrejas, azedou a política e tornou o debate público muito tenso. Uma recente pesquisa Gallup mostrou que 51 por cento dos americanos se consideram pró-vida, 42 por cento são pró-escolha e 7 por cento não têm certeza.*



O presidente Obama não fez nada para reduzir esta divergência. Durante sua campanha, ano passado, ele foi perguntado sobre quando um "bebê" tem "direitos humanos." Ele respondeu praticamente repetindo a resposta confusa da Suprema Corte: "[Se] você olhar a questão de uma perspectiva teológica ou de uma perspectiva científica, responder esta pergunta com especificidade, você sabe, está além das minhas capacidades." Só Deus, ele deu a entender, sabe se os bebês são seres humanos!



Agora, depois de a América ter vencido as duras batalhas contra os direitos humanos desiguais, na forma de totalitarismo no exterior e segregação dentro do país, eu não posso acreditar que alguma autoridade ou cidadão ainda seja capaz de defender a idéia de que um ser humano não-nascido não tenha nenhum direito que uma pessoa mais velha seja obrigada a respeitar. Mas eu sei que não podemos continuar a fingir eternamente um agnosticismo em relação a quem é humano. Como escreveu Thomas Jefferson, "O Deus que nos deu a vida nos deu a liberdade ao mesmo tempo." A liberdade de escolher não tem utilidade para alguém que não tem a liberdade de viver.



Logo, o direito de "escolha" de um ser humano não pode se sobrepor ao direito à "vida" de outro. Por quanto tempo mais conseguiremos manter nosso compromisso com a liberdade se continuarmos a negar o próprio fundamento da liberdade - a vida - aos seres humanos mais vulneráveis?



No fundo, os esquerdistas "pró-escolha" de hoje são profundamente pessimistas. Eles denigrem a vida e propõe o medo do presente e do futuro - medo de escolhas demais e crianças demais. Ao invés de ver as crianças e os seres humanos como uma dádiva, a postura "pró-escolha" implica em que eles são um peso. Apesar do rótulo de "pró-escolha", a postura dos esquerdistas sobre este assunto na realidade diminui as escolhas, rebaixa os objetivos e nos leva a viver com menos. Isto inclui a redução do número de seres humanos que podem fazer escolhas.



Já os conservadores pró-vida, por outro lado, são naturalmente otimistas. Tudo considerado, nós vemos os seres humanos como bens, não fardos. Espera-se de todos os conservadores que concordem que o governo deve defender o direito de cada pessoa tomar decisões em relação a sua vida e que o direito de cada pessoa viver deve ser assegurado antes que ela possa exercer este direito de escolha. No estado natural - a "lei da selva" - a decisão de quem é reconhecido como ser humano é deixada para indivíduos particulares ou grupos determinados. Em uma comunidade organizada com justiça, entretanto, o governo existe para assegurar o direito a vida e os outros direitos humanos que decorrem deste direito original.



Os conservadores podem construir pontes entre os temas da vida e da escolha, assentando-as sobre a rocha sólida dos direitos naturais, que pertencem, não a alguns, apenas, mas a todos os seres humanos.





* Lydia Saadr, "More Americans 'Pro-Life' Than 'Pro-Choice' for First Time," Gallup, Inc., May 15, 2009





Paul Ryan (republicano) representa o Primeiro Distrito de Winsconsin no Congresso dos Estados Unidos.


Artigo original AQUI. Tradução do blog DEXTRA, feita por recomendação e a pedido de Heitor de Paola.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Bento XVI e o silêncio dos bispos.

Bento XVI e o silêncio dos bispos

Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Jr., 28 Outubro 2010

Com o discurso de hoje, Bento XVI rompe, desde o mais alto grau da hierarquia católica, o patrulhamento ideológico que o PT vem impondo a bispos do Brasil através de ameaças, pressões diplomáticas, xingamentos e abusos de poder.





Faltando três dias para a votação do segundo turno, o acalorado debate eleitoral ganhou um interlocutor de peso: o Papa Bento XVI.



Num discurso pronunciado, nesta manhã de quinta-feira, para bispos do Nordeste - reconhecida base eleitoral do PT de Dilma Rousseff - Bento XVI condenou com clareza "os projetos políticos" que "contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto".







Com o discurso de hoje, Bento XVI rompe, desde o mais alto grau da hierarquia católica, o patrulhamento ideológico que o PT vem impondo a bispos do Brasil através de ameaças, pressões diplomáticas, xingamentos e abusos de poder.



É conhecida a absurda apreensão, a pedido do PT, de milhares de folhetos contendo o "Apelo a Todos os Brasileiros e Brasileiras", em que a Comissão em Defesa da Vida, da Regional Sul I da CNBB, exortava os católicos a não votar em políticos que defendam a descriminação do aborto. É conhecida a denúncia do bispo de Guarulhos, Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, de que tem sido vítima de censura e perseguição por parte do PT (cf.Revista Veja). É arquiconhecida a prisão de leigos católicos que realizavam o "ato subversivo" de distribuir nas ruas o documento dos bispos de São Paulo.



O Papa convida os bispos à coragem de romper este patrulhamento e falar. Ao defender a vida das crianças no ventre das mães, os bispos não devem temer "a oposição e a impopularidade, recusando qualquer acordo e ambigüidade".



O pronunciamento de Bento XVI ainda exorta os bispos a cumprirem "o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas". E, numa clara alusão a uma das propostas do PNDH-3 do PT, se opõe à ausência "de símbolos religiosos na vida pública".



Com seu discurso, o Papa procura evitar que o Brasil continue protagonista de um fenômeno que seria mais típico do feudalismo medieval, do que de uma suposta democracia moderna. De fato, durante a Baixa Idade Média, era comum que os posicionamentos e protestos mais decididos fossem os do Papa, enquanto os do episcopado local, mais exposto às pressões e ao poder imediato dos senhores feudais, eram como os de um cão atado à coleira. Pode até ensaiar uns latidos, mas quem passa por perto sabe que se trata de barulho inofensivo.



Ao apagar das luzes da campanha de segundo turno, o Pontífice parece preparar o terreno para que a Igreja do Brasil compreenda, sejam quais forem os resultados das eleições, que é inútil apelar para um currículo de progressos sociais e de defesas dos oprimidos do Partido dos Trabalhadores, quando seu "projeto político" está tão empenhado em eliminar os seres humanos mais fracos e indefesos no ventre das mães.



Abaixo, na íntegra, o discurso do Papa (cf. Página do Vaticano)



Amados Irmãos no Episcopado,



«Para vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo» (2 Cor 1, 2). Desejo antes de mais nada agradecer a Deus pelo vosso zelo e dedicação a Cristo e à sua Igreja que cresce no Regional Nordeste 5. Lendo os vossos relatórios, pude dar-me conta dos problemas de caráter religioso e pastoral, além de humano e social, com que deveis medir-vos diariamente. O quadro geral tem as suas sombras, mas tem também sinais de esperança, como Dom Xavier Gilles acaba de referir na saudação que me dirigiu, dando livre curso aos sentimentos de todos vós e do vosso povo.



Como sabeis, nos sucessivos encontros com os diversos Regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, tenho sublinhado diferentes âmbitos e respectivos agentes do multiforme serviço evangelizador e pastoral da Igreja na vossa grande Nação; hoje, gostaria de falar-vos de como a Igreja, na sua missão de fecundar e fermentar a sociedade humana com o Evangelho, ensina ao homem a sua dignidade de filho de Deus e a sua vocação à união com todos os homens, das quais decorrem as exigências da justiça e da paz social, conforme à sabedoria divina.



Entretanto, o dever imediato de trabalhar por uma ordem social justa é próprio dos fiéis leigos, que, como cidadãos livres e responsáveis, se empenham em contribuir para a reta configuração da vida social, no respeito da sua legítima autonomia e da ordem moral natural (cf. Deus caritas est, 29). O vosso dever como Bispos junto com o vosso clero é mediato, enquanto vos compete contribuir para a purificação da razão e o despertar das forças morais necessárias para a construção de uma sociedade justa e fraterna. Quando, porém, os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas (cf. GS, 76).



Ao formular esses juízos, os pastores devem levar em conta o valor absoluto daqueles preceitos morais negativos que declaram moralmente inaceitável a escolha de uma determinada ação intrinsecamente má e incompatível com a dignidade da pessoa; tal escolha não pode ser resgatada pela bondade de qualquer fim, intenção, conseqüência ou circunstância. Portanto, seria totalmente falsa e ilusória qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção até à morte natural (cf. Christifideles laici, 38). Além disso no quadro do empenho pelos mais fracos e os mais indefesos, quem é mais inerme que um nascituro ou um doente em estado vegetativo ou terminal? Quando os projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático - que só é verdadeiramente tal quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana - é atraiçoado nas suas bases (cf. Evangelium vitæ, 74). Portanto, caros Irmãos no episcopado, ao defender a vida «não devemos temer a oposição e a impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambigüidade que nos conformem com a mentalidade deste mundo» (ibidem, 82).



Além disso, para melhor ajudar os leigos a viverem o seu empenho cristão e sócio-político de um modo unitário e coerente, é «necessária - como vos disse em Aparecida - uma catequese social e uma adequada formação na doutrina social da Igreja, sendo muito útil para isso o "Compêndio da Doutrina Social da Igreja"» (Discurso inaugural da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, 3). Isto significa também que em determinadas ocasiões, os pastores devem mesmo lembrar a todos os cidadãos o direito, que é também um dever, de usar livremente o próprio voto para a promoção do bem comum (cf. GS, 75).



Neste ponto, política e fé se tocam. A fé tem, sem dúvida, a sua natureza específica de encontro com o Deus vivo que abre novos horizontes muito para além do âmbito próprio da razão. «Com efeito, sem a correção oferecida pela religião até a razão pode tornar-se vítima de ambigüidades, como acontece quando ela é manipulada pela ideologia, ou então aplicada de uma maneira parcial, sem ter em consideração plenamente a dignidade da pessoa humana» (Viagem Apostólica ao Reino Unido, Encontro com as autoridades civis, 17-IX-2010).



Só respeitando, promovendo e ensinando incansavelmente a natureza transcendente da pessoa humana é que uma sociedade pode ser construída. Assim, Deus deve «encontrar lugar também na esfera pública, nomeadamente nas dimensões cultural, social, econômica e particularmente política» (Caritas in veritate, 56). Por isso, amados Irmãos, uno a minha voz à vossa num vivo apelo a favor da educação religiosa, e mais concretamente do ensino confessional e plural da religião, na escola pública do Estado.



Queria ainda recordar que a presença de símbolos religiosos na vida pública é ao mesmo tempo lembrança da transcendência do homem e garantia do seu respeito. Eles têm um valor particular, no caso do Brasil, em que a religião católica é parte integral da sua história. Como não pensar neste momento na imagem de Jesus Cristo com os braços estendidos sobre a baía da Guanabara que representa a hospitalidade e o amor com que o Brasil sempre soube abrir seus braços a homens e mulheres perseguidos e necessitados provenientes de todo o mundo? Foi nessa presença de Jesus na vida brasileira, que eles se integraram harmonicamente na sociedade, contribuindo ao enriquecimento da cultura, ao crescimento econômico e ao espírito de solidariedade e liberdade.



Amados Irmãos, confio à Mãe de Deus e nossa, invocada no Brasil sob o título de Nossa Senhora Aparecida, estes anseios da Igreja Católica na Terra de Santa Cruz e de todos os homens de boa vontade em defesa dos valores da vida humana e da sua transcendência, junto com as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos homens e mulheres da província eclesiástica do Maranhão. A todos coloco sob a Sua materna proteção, e a vós e ao vosso povo concedo a minha Benção Apostólica.

Fonte: http://www.midiasemmascara.org/artigos/eleicoes-2010/11556-bento-xvi-e-o-silencio-dos-bispos.html


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Aborto e o Estado Laico.

Aborto e o Estado Laico

Aldir Guedes Soriano, 21 Outubro 2010

Associar a legalização do aborto ao princípio da laicidade é no mínimo desonestidade intelectual. Ora, esse engodo está implícito quando se sugere a idéia fantasiosa de que abortar é uma liberdade laica.


Recebi através do grupo de discussão da Red Iberoamericana por las Libertades Laicas um pretensioso manifesto contra o uso da religião nas eleições presidenciais de 2010.



O texto desse manifesto é arrogante, tendencioso, dogmático e notadamente antidemocrático ao preconizar que "não é aceitável que essa questão [aborto] seja usada nos processos eleitorais com o objetivo de que prevaleça um Brasil arcaico, hipócrita e conservador sobre interesses republicanos e de promoção da igualdade entre os sexos". Certamente a questão do aborto é de grande interesse da população, nesse ponto eu estou de acordo com o manifesto. Por esse mesmo motivo, entretanto, o tema não deve ser afastado dos debates neste momento da política brasileira. Será que o povo brasileiro não tem o direito de debater essa questão tão importante e de se posicionar contrariamente a institucionalização do aborto? Ora, a intenção de censurar a liberdade de expressão das igrejas e dos religiosos brasileiros nessa área é atitude sensivelmente despótica.



Eu não subscrevo esse manifesto em razão das flagrantes distorções do princípio constitucional do Estado laico apresentadas no texto. A defesa do estado laico não está atrelada necessariamente à legalização do aborto. De igual sorte, argumentos contrários a essa descriminalização não são exclusivamente religiosos.



Quem é que está pretendendo fazer o uso antidemocrático para fins eleitoreiros? Ora, o fato é que a maioria dos brasileiros, independentemente de classe social ou crença religiosa, não admite a descriminalização do aborto. Assim sendo, esse debate (aborto) só se tornou relevante em razão da iniciativa popular.



Ironicamente, como observa o Pe. Paulo Ricardo, quando a Igreja Católica ajudou o PT a chegar ao poder, ela era elogiada e até mesmo chamada engajada, crítica e pujante. Mas agora quando a Igreja passa a criticar esse mesmo partido, ela é acusada de praticar ingerência da religião no Estado laico.



Ademais, quando essa instituição religiosa apoiou o surgimento do MST através da pastoral da terra e das campanhas da fraternidade, ninguém rechaçou tal comportamento sob alegação de violação do Estado laico. O inconformismo só aparece agora, no momento em que alguns de seus padres tomam a iniciativa de mostrar a pretensão totalitária do Partido dos Trabalhadores de eliminar a liberdade de expressão e de religião e, também, de levar a cabo a revolução comunista na América Latina.



Após ter declarado ser a favor da legalização do aborto, em recente sabatina promovida pelo jornal Folha de S. Paulo, a candidata Dilma Roussef muda de opinião e afirma ser contra essa prática controvertida, justamente na reta final das eleições. Essa altamente suspeita mudança de opinião de Roussef destoa das metas estabelecidas pelo governo petista no Plano Nacional de Direitos Humanos 3 - PNDH 3. Diversos documentos anteriores já determinavam a legalização do aborto incluindo "Diretrizes para Elaboração do Programa de Governo" de 2006. O que é mais grave em tudo isso, porém, é a tentativa de enganar a opinião pública brasileira em relação ao pensamento da candidata petista, contando, aliás, com a colaboração de Gabriel Chalita, que a acompanhou durante a dissimulada peregrinação à cidade de Aparecida do Norte.



Se a repentina mudança de opinião de Roussef é sincera, então ela deveria abandonar o PT antes que sobrevenha a sua expulsão. Como é cediço, o partido dos trabalhadores fechou a questão em torno do tema do aborto e já expulsou os deputados federais Luiz Bassuma e Henrique Afonso por se mostrarem contra a legalização do aborto e por defenderem o direito à vida desde a concepção (Cf. documento da CNBB, disponível em http://www.cnbbsul1.org.br/arquivos/defesavidabrasil.pdf).



Eu sou contra a descriminalização generalizada do aborto e o meu argumento nem é religioso. Penso que a vida deve ser protegida. Hoje, a mulher já tem o direito de abortar, mas tão-somente nas hipóteses excepcionais previstas pelo Código Penal, ou seja, gravidez resultante de estupro e para salvar a vida da mulher. Almeja-se, no entanto, ampliar as possibilidades de aborto além das exceções já admitidas. O feto não tem direito à vida? O direito de dispor do próprio corpo, como os demais direitos, não pode ser absoluto. Ademais, o feto se distingue do organismo materno. Trata-se de outro indivíduo, por isso é merecedor de respeito e consideração.



A legalização do aborto não é pressuposto (ou requisito) do Estado laico. Em outras palavras, o Estado laico, por si só, não constitui argumento a favor da legalização do aborto, tema polêmico e responsável por intensos, atuais e, por vezes, apaixonados debates. O fato é que argumentos desfavoráveis à prática do aborto podem ser extraídos dos valores e direitos assegurados pela Constituição Federal de 1988 e, também, do Código Civil. Assim, não é preciso recorrer à religião para a sustentação de uma tese contrária ao aborto. Portanto, associar a legalização do aborto ao princípio da laicidade é no mínimo desonestidade intelectual. Ora, esse engodo está implícito quando se sugere a idéia fantasiosa de que abortar é uma liberdade laica.



O princípio da laicidade requer apenas que os argumentos religiosos não sejam diretamente utilizados nas atividades estatais legislativas, administrativas, executivas e jurisdicionais. Por outro lado, todos os segmentos da sociedade devem ser ouvidos. O cerceamento da liberdade de expressão das opiniões religiosas e, até mesmo, anti-religiosas existentes na sociedade não é procedimento democrático. O cidadão, religioso, ateu ou agnóstico, tem todo o direito de não votar em partidos políticos abertamente contrários às suas convicções, sejam elas de ordem política, religiosa ou filosófica. Por que os padres e pastores não podem manifestar as suas opiniões? A liberdade de expressão não viola o princípio da laicidade, muito pelo contrário, ela fortalece a democracia e equilibra as divergências existentes da sociedade.



A Constituição assegura o direito à vida, art. 5º., caput. Não se pode negar que há vida em fetos e embriões humanos. Por outro lado, existe o direito de escolha (autonomia individual). Então, a polêmica reside na colisão entre o direito à vida do feto e o direito de escolha da gestante. Não se pode deixar de ressaltar que o direito de escolha - autonomia individual - não é absoluto, mesmo sob o ponto de vista liberal. Além disso, o artigo 2º do Código Civil assegura os direitos do nascituro. "A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro". Segundo Ives Gandra da Silva Martins, em artigo publicado no Jornal Folha de S. Paulo, "seria ridícula a interpretação do dispositivo que se orientasse pela seguinte linha de raciocínio: Todos os direitos do nascituro estão assegurados, menos o direito à vida"!



Cumpre ainda ressaltar que o manifesto abortista parte de premissa equivocada ao dizer que aborto é questão de saúde pública. Tanto é assim que o filósofo Olavo de Carvalho, em artigo publicado no jornal Diário do Comércio, clarifica as mentes mais confusas nos seguintes termos:





Para o abortista, a condição de "ser humano" não é uma qualidade inata definidora dos membros da espécie, mas uma convenção que os já nascidos podem, a seu talante, aplicar ou deixar de aplicar aos que ainda não nasceram. Quem decide se o feto em gestação pertence ou não à humanidade é um consenso social, não a natureza das coisas.

(...)

Também não é de espantar que, na ânsia de impor sua vontade de poder, mintam como demônios. Vejam os números de mulheres supostamente vítimas anuais do aborto ilegal, que eles alegam para enaltecer as virtudes sociais imaginárias do aborto legalizado. Eram milhões, baixaram para milhares, depois viraram algumas centenas. Agora parece que fecharam negócio em 180, quando o próprio SUS já admitiu que não passam de oito ou nove. É claro: se você não apreende ou não respeita nem mesmo a distinção entre espécies, como não seria também indiferente à exatidão das quantidades? Uma deformidade mental traz a outra embutida"



Nessa esteira, a candidata Marina tem sustentado que a maioria das mulheres pobres não deseja abortar. No mais das vezes elas acabam praticando o aborto por circunstâncias alheias a sua vontade. Assim sendo, descriminalizar o aborto não é solução para nenhum problema social ou de saúde pública. Além disso, o aborto descriminalizado está longe se ser pressuposto do Estado laico como sustentam o fundamentalismo ateísta.



O verdadeiro Estado laico deve proteger a sociedade tanto do fanatismo religioso quanto do fanatismo ateu. Ambos os fanatismos são igualmente virulentos e restritivos às liberdades democráticas. Negar a liberdade de expressão religiosa, como nessa situação em que se pretende colocar uma mordaça naqueles que não concordam com a legalização do aborto pelo Estado, representa um atentado à democracia e ao Estado laico. A liberdade de expressão não deve ser privilégio dos ativistas favoráveis ao aborto, como sugere o manifesto. Essa liberdade também deve alcançar aqueles que por razões jurídicas, morais ou, até mesmo religiosa, pensam de forma diferente.




Aldir Guedes Soriano é advogado.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O aborto no Direito brasileiro.

O aborto no Direito brasileiro - Ives Gandra da Silva Martins


Fonte: http://www.cleofas.com.br/ver_conteudo.aspx?m=not&cat=110&scat=82&id=398


Li, recentemente, parecer do professor Eros Grau, ministro aposentado do STF, em que declara serem constitucionais os artigos 542, 1.609, parágrafo único, 1.779, parágrafo único e 1798 do Código Civil, visto que, sendo o nascituro sujeito de direitos, é alcançado pelo reconhecimento do direito à dignidade da pessoa humana e à inviolabilidade do direito à vida, contemplados na Constituição do Brasil.






De rigor, o eminente jurista reforça a interpretação dos textos superiores (tratados internacionais e Constituição Federal), em que embasa suas conclusões sobre o direito infraconstitucional.


São eles: o artigo 3º da Declaração Universal de Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário, segundo o qual "todo ser humano tem direito à vida" e a Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU, que afirma que "a criança necessita de proteção e cuidados especiais, inclusive a devida proteção legal, tanto antes quanto após seu nascimento" (grifos meus).




Há também o Pacto de São José, do qual o Brasil é signatário, cujo artigo 1º estabelece que "pessoa é todo ser humano"; no artigo 3º, que "tem o direito de reconhecimento de sua personalidade jurídica"; e o artigo 4º, que define que tal direito deve ser protegido pela lei "desde o momento de sua concepção".




O interessante é que o artigo 4º cuida de duas formas de proteção ao direito à vida, ou seja, do nascituro e do nascido. Não abre exceção para o nascituro, mas, quanto aos nascidos, preconiza que os países que tenham pena de morte procurem aboli-la e proíbe aos países que não a tenham de adotá-la.


Estabelece ainda que, se um país signatário deixar de ter a pena de morte, não poderá mais voltar a adotar tal forma de atentado à vida do ser humano nascido.


A nossa Constituição é clara ao dizer, no artigo 5º, "caput", que o direito à vida é inviolável.


Por fim, o artigo 2º do Código Civil está assim redigido: "A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro". Seria ridícula a interpretação do dispositivo que se orientasse pela seguinte linha de raciocínio: "Todos os direitos do nascituro estão assegurados, menos o direito à vida"!


É de se lembrar que o artigo 5º, "caput", da Lei Suprema é cláusula imodificável, por força de seu artigo 60, parágrafo 4º, inciso IV.




Como se percebe, o arsenal de disposições jurídicas internacionais, constitucionais e infraconstitucionais do Direito brasileiro coincide, e todas apontam para a impossibilidade da constitucionalização do aborto em nosso país. Nada obstante, há os que defendem que, pelo neoconstitucionalismo, pode o STF legislar nos vácuos legislativos.


Não é minha posição. Primeiro, porque não há vácuo legislativo; e, segundo, se houvesse, estou convencido de que a tese não se compatibilizaria com o texto maior, visto que, nas ações de inconstitucionalidade por omissão do Congresso, ainda quando julgadas procedentes, não pode o STF impor sanções nem estabelecer prazos para que o Legislativo supra a omissão.


Não tem, pois, o STF a faculdade de legislar positivamente. Não se deve esquecer de que todos os projetos para institucionalização do aborto não têm sido aprovados pelo Congresso Nacional.


Por fim, mas não menos importante, a esmagadora maioria da população brasileira se opõe a essa prática, conforme pesquisa divulgada pela Folha em 11/10, sendo 71% a favor de manter a atual legislação e só 11% a favor de ampliar os casos em que o aborto é permitido.






Em outras palavras, no Estado democrático brasileiro, a população rejeita o aborto, prestigiando o respeito ao direito à vida. Como se percebe, a questão não é religiosa, mas jurídica, refletindo, de rigor, a vontade da maioria da população brasileira, contrária ao aborto.


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IVES GANDRA DA SILVA MARTINS, 75, advogado, professor emérito da Universidade Mackenzie, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e da Escola Superior de Guerra, é presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomercio.

11 Perguntas feitas a Lúcifer.

11 PERGUNTAS FEITAS A LÚCIFER




QUEM O CRIOU?


Lúcifer : Fui criado pelo próprio Deus, bem antes da existência do homem. [Ezequiel 28:15]

COMO VOCÊ ERA QUANDO FOI CRIADO?

Lúcifer : Vim à existência já na forma adulta e, como Adão, não tive infância. Eu era um símbolo de perfeição, cheio de sabedoria e formosura e minhas vestes foram preparadas com pedras preciosas. [Ezequiel 28:12,13]

ONDE VOCÊ MORAVA?

Lúcifer : No Jardim do Éden e caminhava no brilho das pedras preciosas do monte Santo de Deus. [Ezequiel 28:13]

QUAL ERA SUA FUNÇÃO NO REINO DE DEUS?

Lúcifer : Como querubim da guarda, ungido e estabelecido por Deus, minha função era guardar a Glória de Deus e conduzir os louvores dos anjos. Um terço deles estava sob o meu comando. [Ezequiel 28:14; Apocalipse 12:4]

ALGUMA COISA FALTAVA A VOCÊ?

Lúcifer : (reflexivo, diminuiu o tom de voz) Não, nada. [Ezequiel 28:13]



O QUE ACONTECEU QUE O AFASTOU DA FUNÇÃO DE MAIOR HONRA QUE UM SER VIVO PODERIA TER?

Lúcifer : Isso não aconteceu de repente. Um dia eu me vi nas pedras (como espelho) e percebi que sobrepujava os outros anjos (talvez não a Miguel ou Gabriel) em beleza, força e inteligência. Comecei então a pensar como seria ser adorado como deus e passei a desejar isto no meu coração. Do desejo passei para o planejamento, estudando como firmar o meu trono acima das estrelas de Deus e ser semelhante a Ele. Num determinado dia tentei realizar meu desejo, mas acabei expulso do Santo Monte de Deus. [Isaías 14:13,14; Ezequiel 28: 15-17]



O QUE DETONOU FINALMENTE A SUA REBELIÃO?

Lúcifer : Quando percebi que Deus estava para criar alguém semelhante a Ele e, por conseqüência, superior a mim, não consegui aceitar o fato. Manifestei então os verdadeiros propósitos do meu coração. [Isaías 14:12-14]



O QUE ACONTECEU COM OS ANJOS QUE ESTAVAM SOB O SEU COMANDO?

Lúcifer : Eles me seguiram e também foram expulsos. Formamos juntos o império das trevas. [Apocalipse 12:3,4]



COMO VOCÊ ENCARA O HOMEM?

Lúcifer : (com raiva) Tenho ódio da raça humana e faço tudo para destruí-la, pois eu a invejo. Eu é que deveria ser semelhante a Deus. [1Pedro 5:8]



QUAIS SÃO SUAS ESTRATÉGIAS PARA DESTRUIR O HOMEM?

Lúcifer : Meu objetivo maior é afastá-los de Deus. Eu estimulo a praticar o mal e confundo suas idéias com um mar de filosofias, pensamentos e religiões cheias de mentiras, misturadas com algumas verdades. Envio meus mensageiros travestidos, para confundir aqueles que querem buscar a Deus. Torno a mentira parecida com a verdade, induzindo o homem ao engano e a ficar longe de Deus, achando que está perto. E tem mais: uso o nome de Jesus para que seus ensinamentos sejam distorcidos, tento estimular o orgulho, a soberba, o egoísmo, a inimizade e o ódio dos homens. Trabalho arduamente com minha corja para enfraquecer as igrejas, lançando divisões, desânimo, críticas aos líderes, adultério, mágoas, friezas espirituais, avareza e falta de compromisso (ri às escaras). Tento destruir a vida dos pastores, principalmente com o sexo, ingratidão, falta de tempo para Deus e orgulho. [1Pedro 5:8; Tiago 4:7; Gálatas 5:19-21; 1 corintios 3:3; 2 Pedro 2:1; 2 Timóteo 3:1-8; Apocalipse 12:9]



E SOBRE O FUTURO?

Lúcifer : (com o semblante de ódio) Eu sei que não posso vencer a Deus e me resta pouco tempo para ir ao lago de fogo, minha prisão eterna. Eu e meus anjos trabalharemos com afinco para levarmos o maior número possível de pessoas conosco. [Ezequiel 28:19; Judas 6; Apocalipse 20:10,15]





PT vs. PSDB: e onde fica o Reino de Deus?

PT vs. PSDB: e onde fica o Reino de Deus?
Julio Severo, 20 Outubro 2010

Enquanto o avanço das leis anti-"homofobia" do governo federal sob o PT esbarrou em fortes resistências cristãs, os mesmos tipos de lei encontraram poucos obstáculos em seu avanço no Estado de São Paulo sob o PSDB. O que farão os cristãos agora?





Em 1992, a Igreja Universal do Reino de Deus tinha uma postura firme contra o aborto, e contra Lula e o PT. Não era necessário ser visionário para enxergar que o PT no governo traria aborto e homossexualismo - mas ninguém imaginava que seria muito pior do que imaginávamos.




O PT chegou ao poder graças a uma horrorosa deturpação do conceito do que é o Reino de Deus, pregada por uma CNBB majoritariamente adepta da Teologia da Libertação. Os evangélicos, que sempre tinham um pé atrás com a ideologia de Lula, acabaram aderindo - sob inspiração de Caio Fábio - a essa teologia.



Na segunda metade da década de 1990, o Bispo Edir Macedo começou a mudar radicalmente de opinião, passando a apoiar conjuntamente o aborto e o PT, levando sua endinheirada igreja a caminhar lado a lado com a CNBB e Ariovaldo Ramos numa visão religiosa onde o PT é um tipo de implementador oficial das políticas de sua versão do "Reino de Deus".



Segundo eles, o PT estaria perdoado por sua promoção do aborto e do homossexualismo, pois "ajuda os pobres". Quem quer que faça isso é parceiro de sua versão do "Reino de Deus", independente do que tenha feito. Por isso, eles facilmente perdoam Fidel Castro e Hugo Chavez. É o vale-tudo pelos pobres: matar, roubar e destruir.



Fiel à sua ideologia abortista, Macedo se coloca hoje ao lado da candidata abortista Dilma Rousseff. O Pr. Silas Malafaia já criticou a postura pró-aborto e pró-Dilma de Macedo, o qual respondeu argumentando que Serra é também a favor do aborto.



Seria imprudente presumir que Dilma e Serra não terão governos comprometidos com a causa do aborto e do homossexualismo. Lula é a amostra (e ameaça) viva do que será o governo de Dilma. O Estado de São Paulo sob o PSDB, com suas radicais leis anti-"homofobia", é a amostra (e ameaça) viva do que será o governo de Serra.



Serra foi sincero o suficiente para dizer que apoiará a união civil homossexual - exatamente como fez publicamente Marina, que confessou ter a mesma posição de Marta Suplicy -, e Dilma disfarçou suas antigas posições de aborto.



Se Dilma ganhar, a mentira se transformará em realidade cruel. Se Serra ganhar, quem conseguirá impedi-lo de fazer pelo PLC 122 o que o PSDB fez pela versão estadual dessa lei em São Paulo, que teve um avanço espetacular? E os grupos homossexuais proclamarão que Serra venceu porque defendeu publicamente os interesses deles, enquanto que Dilma titubeou.



Contudo, os cristãos estão titubeando muito mais do que Dilma e Serra, que se encontram na desconfortável situação de verem a questão do aborto e "casamento" gay pesando numa eleição inteira.



Aqueles que deveriam ter compromisso com o Reino de Deus estão fazendo muitas negociações, esquecendo-se ou não se importando que fazer compromisso com candidatos políticos em tempo de eleição é um mau negócio. Tudo o que o candidato Lula negociou em 2002 sobre aborto e homossexualismo seu governo jamais cumpriu. Mas, acima de tudo, se os valores do Reino de Deus são inegociáveis, por que tantas negociações?



Com Ariovaldo Ramos e Edir Macedo, a Teologia da Missão Integral (versão protestante da Teologia da Libertação) se uniu à Teologia da Prosperidade para sustentar o insustentável: um governo que durante oito anos trabalhou pelo aborto, pelo homossexualismo, aliançado com Fidel Castro, Hugo Chavez e outras famosas ditaduras internacionais. Respeito aos direitos humanos? Só nos discursos. No que depender do PT, de Ariovaldo Ramos, Edir Macedo eBispo Manoel Ferreira, as populações de Cuba, Irã, Venezuela e Coreia do Norte podem continuar a ser massacradas sob as grossíssimas vistas da diplomacia brasileira.



No que se refere à ideologia marxista - que essencialmente crê que o centro do universo é o santo e generoso Estado "assistencialista" -, Serra não é muito diferente de Dilma, como a própria Marina Silva reconheceu, considerando seus partidos no mesmo nível ideológico nas origens. O único motivo de preocupação dela nesta eleição foi a "onda de conservadorismo", reconhecida pela imprensa como a principal força que está se opondo ao aborto e ao homossexualismo.



Ninguém esperava essa onda, e mesmo se declarando não conservadora antes da onda, Marina acabou no primeiro turno recebendo votos de milhões de conservadores, que votaram nela para evitar o abortismo e homossexualismo de Dilma e Serra. Mas seu testemunho principal, moldadopela Teologia da Libertação, foi ficar em cima do muro ou lavando as mãos, como uma versão verde de Pôncio Pilatos. Nenhuma queixa contra as posturas anticristãs de Dilma ou do PT - com quem ela trabalhou com a consciência tranquila durante muitos anos - ou de Serra. Só queixas contra o conservadorismo.



De Macedo e Ariovaldo Ramos, não se espera nada, pois não existe coerência em aliados de um governo patentemente anticristão. Enquanto Macedo tocou explicitamente no assunto do aborto em tom de aprovação, Ariovaldo pró-Dilma divulgou seu manifesto público, declarando: "manifestamos as nossas rejeições diante da onda de conservadorismo que se abateu sobre o país nesse processo eleitoral". E Marina, em sua "Carta Aberta aos Candidatos à Presidência da República Dilma e Serra", igualmente não toca no assunto do aborto e homossexualismo uma única vez, mas criticaabertamente o que ela enxerga como "esse conservadorismo renitente que coloniza a política e sacrifica qualquer utopia em nome do pragmatismo sem limites".



A utopia dela - envolvendo marxismo, socialismo, Teologia da Libertação, Teologia da Missão Integral, evangelho progressista, evangelho comunista e afins - não merece ser sacrificada em prol do verdadeiro e único Evangelho? Não merece ser sacrificada pelo bem-estar moral de milhões de famílias que não precisam e não querem governos que, dizendo-se a favor dos pobres, são obcecados, doentes e insanos por aborto e homossexualismo?



De Silas, espera-se mais. Seu testemunho contra o PLC 122 e contra o aborto é notável e louvável. Mas apoiar Serra publicamente é compatível com os valores do Reino de Deus? E que tipo de compatibilidade houve no apoio dele no passado a Lula e Sérgio Cabral? Marcelo Crivella e Magno Malta são destaques também entre os evangélicos por combaterem o PLC 122, mas estão com Dilma, que tem um histórico de violência e luta armada que ela nunca renega e hoje está alinhada com o PT em sua ambição de transformar o Brasil numa ditadura marxista e a América Latina numa União das Republiquetas Socialistas do Foro de São Paulo.



Será uma alegria enorme ver a derrota da terrorista comunista Dilma, mas uma vitória de Serra será motivo de comemoração?



Entenda que esta eleição não representa alegria, pois os eleitores não poderão escolher entre uma solução menor e uma solução maior. Pelo contrário, é uma eleição de dor e sofrimento, principalmente para homens e mulheres que têm valores elevados de justiça e família, onde a única opção humana disponível é escolher entre o mal maior e o mal um pouco menor. É uma escolha entre um governo que trará grandes problemas e outro que trará problemas imensos.



Os dois candidatos representam perigos reais. Dilma, em maior grau; Serra, em menor. É como escolher, metaforicamente, entre um assassino e um estuprador. Se você escolhe o assassino, sua esposa e filhas são estupradas na sua frente e no final você e elas são mortos. Se escolhe o estuprador, você e elas escapam com vida, mas elas são estupradas.



O que não é metáfora nem ficção é que as políticas deles realmente trarão mortes e estupros, em muitos sentidos diferentes e reais. Aborto propositado e legalizado é assassinato sancionado pelo Estado. Ensinar homossexualismo ou sexo para crianças nas escolas é estupro psicológico perpetrado pelo Estado. Sacralizar e proteger legalmente o conceito de "orientação sexual" abre as portas para todos os tipos de barbarismo e anormalidade, inclusive a pedofilia, sob as "bênçãos" do Estado. Dificultar relações diplomáticas com Israel e facilitá-las com as ditaduras sanguinárias do Irã e Coreia do Norte é trazer espírito de morte e maldição ao Brasil, assim como manter ligações com grupos terroristas como as Farc e o Hamas. Tudo isso o PT tem feito religiosamente, enquanto que metade disso o PSDB aprova e faz.



É por isso que não voto em nenhum dos dois, mas entendo aqueles que, vendo o mal maior do PT aparelhado ao Estado e transformando o Brasil em tirania, estão dispostos a tapar o nariz para votar em Serra. Entretanto, dá para entender os que não tapam o nariz e ainda negociam?



Diante do mal, o Reino de Deus e seus valores são inegociáveis, mas muitos membros importantes da Frente Parlamentar Evangélica estão se vendendo em troca de propostas indecorosamente altas. O PT está conseguindo comprar a consciência de parlamentares evangélicos que até recentemente viam e avisavam sobre as ameaças dos projetos do PT. Agora, sob o peso das tentações terrenas, eles se calam para a verdade e só desentopem a boca para elogiar os bons pagadores.



No entanto, aqueles que negociarem os valores do Reino de Deus verão a Palavra de Deus se cumprir. Antes de o governo e a sociedade do Brasil serem castigados por suas iniquidades, o juízo se abaterá sobre a casa de Deus, a começar por homens que trazem o titulo de pastor, bispo, apóstolo, deputado evangélico, etc. De Deus não se zomba. Ele não tolerará para sempre os que negociam os valores do Reino de Deus em troca de ideologias de morte, roubo e destruição, ainda que venham elegantemente mascaradas de assistência aos pobres.



Então, se não há em quem votar, para onde recorrer? Ao Rei do Reino de Deus. Ninguém entende melhor de política do que Ele.



Uma convocação pública e nacional de jejum, choro e oração poderia trazer para o Brasil um aumento da "onda de conservadorismo" contra o aborto e o homossexualismo - uma onda maior que traga justiça e repudio à institucionalização de toda iniquidade.



Nesta eleição, ninguém esperava uma onda contra o aborto e o homossexualismo, mas ela veio, fazendo o diabo estremecer de raiva e pavor.



Quem a enviou não pode mandar muito mais?







domingo, 17 de outubro de 2010

Deus Existe? A quem cabe o ônus da prova?





Parte 1/6

Muitos entenderam errado o que ele disse e ficam batendo nessa mesma tecla. Vocês têm capacidade de entender, no entanto, falta a vontade, e seus preconceitos distorcem as coisas.



Parte 2/6
No começo ele já diz que afirmar que "o ônus da prova cabe a quem faz a afirmação" NO CONTEXTO da pergunta do leitor dele, pode levar a erros ao se confundir a estrutura interna do argumento com sua expressão verbal. Ele não está dizendo que se deve provar que algo inexiste, no sentido científico, ele não está dizendo que fulano deve usar o método científico e provar que algo inexiste.



Parte 3/6
O que ele disse foi o seguinte: que está provado ou demonstrado (por vias metafísicas, e não científicas) a existência de Deus. Ele parte da incapacidade científica para abordar o "objeto Deus" por não ser um objeto submetível ao seu método e por isso escapando a ele, e que esse objeto de conhecimento (Deus) cabe à outras ciências.



Parte 4/6
Em certos momentos ele diz que cabe ao outro (aquele que nega), o ônus da prova. O que ele quer dizer com isso? Ele quer dizer que, partindo das demonstrações ou provas metafísicas de Deus, cabe ao outro (aquele que quer impugnar estas provas metafísicas dadas, que são afirmativas) provar que elas são falsas.



Parte 5/6
E Vocês não entenderam isso. O que entrou no ouvido de vocês foi que ele disse que primariamente "cabe à ciencia provar que algo inexiste". Olavo jamais falaria isso. Esse programa é dele, e está subtendido que seus ouvintes têm o background necessário para entender o que ele diz, e por isso ele fala resumidamente e sem explicar muitas coisas.



Parte 6/6
Portanto pra que fique claro de vez por todas: Quando ele diz "Cabe ao outro provar que Deus inexiste" leia-se "Cabe àquele que está negando as vias metafísicas de Deus (que podem ser por ex. as 5 vias de São Tomás de Aquino, embora eu não possa afirmar quais demonstrações ele [Olavo] tinha em mente no momento) que refute as provas metafísicas".

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Traições clericais.

Traições clericais
Leonardo Bruno

Quem poderá dar ouvidos às posições anti-aborto dos católicos, se uma parte considerável do seu clero apóia ou teme politicamente os abortistas? Convém dizer o mesmo sobre as imposturas das muitas igrejas evangélicas.


Acabo de receber um email de um pastor evangélico, fazendo campanha contra a candidata do PT, Dilma Rousseff. No ano passado, mandei um recado para esse mesmíssimo senhor, sugestionando fazer, em sua igreja, discussões sobre temas defendidos pelo PT aos fiéis, inclusive, sobre a questão o Projeto de Lei da Câmara -122/06, que falava do chamado "crime de homofobia". Até então, eu dispunha de grosso material para desenvolver alguma palestra, sem prejuízo de outros assuntos, como a história do movimento de esquerda no mundo e sua violenta campanha anticristã nas democracias atuais. Eu também tinha a intenção de divulgar o trabalho do grande amigo Julio Severo, que pertence ao meio evangélico e cujas denúncias às práticas desonestas do movimento gay são assustadoras. Porém, de forma educada, recebi um sonoro "não". Essa experiência, comum também ao clero católico, percebi na trajetória de outros amigos. Eles se esforçavam por uma militância conservadora em suas paróquias e, a despeito das promessas dos padres, eram francamente boicotados em suas ações.








Quando algumas pessoas lúcidas denunciavam a omissão do clero católico com relação aos destinos do país, muitos carolas e sacripantas puxa-sacos, covardes, vendilhões, posavam-se de doutores da filosofia da Igreja e da suposta autoridade investida de padres e bispos, para que estes fossem inquestionáveis em seus atos de covardia. Da parte desse tipinho proxeneta e canalha, sofri várias críticas, dentre as quais, a de que não respeitava o clero e nem a fé católica. Em algumas listas de debates na internet, fui até injuriado e censurado como alguém rancoroso e inconveniente. Dá pra respeitar eclesiásticos que se omitem ou compactuam com os inimigos da Tradição e da própria Igreja? Como a covardia pode ser sinônima de elevação espiritual? Na cabeça de certos católicos, a pusilanimidade e a corrupção moral do clero estão acima do bem e do mal. É a licenciosidade mais abjeta, sob a aura de uma suposta autoridade moral. Como se o sacerdócio não exigisse aos ordenados, os compromissos da autoridade investida. Como se mesmo a fé católica não exigisse de seus fiéis, o compromisso de defender e lutar pela Igreja.



Antes de realizar a minha palestra sobre o vídeo "The Soviet Story" e os crimes do comunismo, no auditório de uma universidade aqui em Belém, cujo empreendimento realizei sem apoio algum, salvo com ajuda financeira de um grande amigo, pedi ajuda a um padre. Ele gostou da idéia. Porém, gostou e não fez nada. E ainda me perguntou se eu era contra o Concílio Vaticano II! Na história atual da Igreja Católica, o tradicionalista é mais estigmatizado do que o próprio marxista! Dentro das paróquias e seminários, padres, seminaristas e leigos podem apoiar candidatos comunistas, de tendência pró-aborto, livremente, com a santíssima paz de consciência. Podem apoiar limitações no direito de propriedade, ainda que isso implique, também, confisco das propriedades da Igreja. Inclusive, acreditam no mito do "socialismo cristão", ainda que um grande papa como Pio XI já tenha afirmado, em uma de suas bulas papais, que tal conceito não somente é uma contradição, como, de fato, é a própria mentira comunista em propaganda. As pastorais da Igreja se transformaram em verdadeiros sovietes bolcheviques. E a CNBB é um antro de bispos vermelhos, não pela cor do martírio cristão, mas pela cor de sangue dos cem milhões de mortos causados por ditaduras esquerdistas. Durante oito anos, o clero católico sabia das intenções totalitárias e abortistas do PT. E por que se calara por tanto tempo? É pior: por que uma parte considerável do clero católico apoiou um partido, que na sua agenda, era a favor da legalização do aborto?



Agora a moda do momento é denunciar o projeto da legalização da matança de nascituros na campanha petista, como se fosse alguma novidade para os religiosos. No entanto, por mais que haja dividendos políticos fortíssimos para destruir a candidatura de Dilma Rousseff, essa histeria soa bastante superficial. Por acaso o grosso do clero apoiou o corajoso arcebispo de Olinda, Dom José Sobrinho, quando este afirmou que os médicos responsáveis pelo aborto de gêmeos de uma menina de 9 anos poderiam ser excomungados pela Igreja? Esse mesmo clero não colaborou para o crescimento das esquerdas no país? Por que agora protestam contra a política abortista do PT, se no seu histórico, o partido nunca negou suas intenções neste sentido?



O pior de tudo é que a denúncia contra o aborto disfarça uma completa omissão em outros problemas tão graves, na mesma proporção. Para um determinado tipo de padre, frei, bispo e arcebispo, o PT pode ser forçado a aderir à política pró-vida e anti-aborto, contanto que patrocine a pilhagem do MST, censure a livre imprensa, destrua as liberdades civis, individuais, políticas e mesmo a liberdade religiosa. Na lógica energúmena desses eclesiásticos, pode-se preservar o direito à vida, destruindo-se todas as demais liberdades. O mero detalhe de uma sorte inumerável de padres, bispos e cardeais a se aliarem a um grupo marxista, de claras tendências totalitárias, já denuncia uma escandalosa corrupção moral, contra os princípios consagrados pela própria Igreja.



As posições isoladas e corajosas do Padre Paulo Ricardo, de Cuiabá, contra o PNDH-3 e a homília do padre José Augusto, denunciando o que está por trás da candidatura de Dilma Rousseff, contrastam com a covardia moral da CNBB e mesmo da TV Canção Nova que, pressionada pelo PT, aceitou um "direito de resposta", como que invalidando todas as verdades bem ditas do sacerdote. Em outras palavras, a Igreja Católica brasileira teve medo dos petistas. Não quis comprar a briga, que certamente ganharia. Comungou com as mentiras do PT, que agora nega defender o aborto, apenas por questões eleitoreiras. Se não bastasse esse ato de perfeita prostração da Igreja perante o grupelho totalitário, o pseudo-educador e charlatão elevado a deputado federal pelo Partido Socialista Brasileiro, Gabriel Chalita, ainda levou a candidata atéia, guerrilheira e terrorista pró-aborto ao Santuário de Aparecida, para angariar votos entre os católicos para o PT. O grupo da Canção Nova tenta calar a boca de um padre seguidor dos mais fiéis preceitos católicos, mas permite que um vigarista de marca maior use a própria estrutura da Igreja para promover o poder dos inimigos dela. É a traição eclesiástica ao seu rebanho, a traição eclesiástica contra a sua Igreja. Quem poderá dar ouvidos às posições anti-aborto dos católicos, se uma parte considerável do seu clero apóia ou teme politicamente os abortistas?



Convém dizer o mesmo sobre as imposturas das muitas igrejas evangélicas. Muitos segmentos luteranos são históricos marxistas, dentro das fileiras protestantes. Uma parte considerável de pastores da Assembléia de Deus, por puro oportunismo, apoiou a candidatura de Lula. E a Igreja Universal, que é uma fábrica de gerar dinheiro e angariar votos aos patifes, não somente apóia Dilma Rousseff, como ainda defende o aborto. E aqueles que nem eram petistas ou marxistas, simplesmente se calaram ou se omitiram dos perigos vigentes atualmente contra a fé cristã. Ou seja, se o país chegou ao ponto de legitimar qualquer atrocidade contra a vida, contra as liberdades, contra a propriedade e contra o próprio sistema democrático, tanto os evangélicos, como os católicos têm pesada responsabilidade neste grande delito. Delito de ação e delito de omissão, delito de covardia, delito de não lutarem pela sua fé e pelas suas liberdades. Para que o mal ocorra, basta que os homens de bem se calem. Ó homens de pouca fé, diria Nosso Senhor!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Lógica do abortismo.

Lógica do abortismo
Olavo de Carvalho.

Para o abortista, a condição de "ser humano" não é uma qualidade inata definidora dos membros da espécie, mas uma convenção que os já nascidos podem, a seu talante, aplicar ou deixar de aplicar aos que ainda não nasceram.


O aborto só é uma questão moral porque ninguém conseguiu jamais provar, com certeza absoluta, que um feto é mera extensão do corpo da mãe ou um ser humano de pleno direito. A existência mesma da discussão interminável mostra que os argumentos de parte a parte soam inconvincentes a quem os ouve, se não também a quem os emite. Existe aí portanto uma dúvida legítima, que nenhuma resposta tem podido aplacar. Transposta ao plano das decisões práticas, essa dúvida transforma-se na escolha entre proibir ou autorizar um ato que tem cinqüenta por cento de chances de ser uma inocente operação cirúrgica como qualquer outra, ou de ser, em vez disso, um homicídio premeditado. Nessas condições, a única opção moralmente justificada é, com toda a evidência, abster-se de praticá-lo.




À luz da razão, nenhum ser humano pode arrogar-se o direito de cometer livremente um ato que ele próprio não sabe dizer, com segurança, se é ou não um homicídio. Mais ainda: entre a prudência que evita correr o risco desse homicídio e a afoiteza que se apressa em cometê-lo em nome de tais ou quais benefícios sociais hipotéticos, o ônus da prova cabe, decerto, aos defensores da segunda alternativa. Jamais tendo havido um abortista capaz de provar com razões cabais a inumanidade dos fetos, seus adversários têm todo o direito, e até o dever indeclinável, de exigir que ele se abstenha de praticar uma ação cuja inocência é matéria de incerteza até para ele próprio.





Se esse argumento é evidente por si mesmo, é também manifesto que a quase totalidade dos abortistas opinantes hoje em dia não logra perceber o seu alcance, pela simples razão de que a opção pelo aborto supõe a incapacidade - ou, em certos casos, a má vontade criminosa - de apreender a noção de "espécie". Espécie é um conjunto de traços comuns, inatos e inseparáveis, cuja presença enquadra um indivíduo, de uma vez para sempre, numa natureza que ele compartilha com outros tantos indivíduos. Pertencem à mesma espécie, eternamente, até mesmo os seus membros ainda não nascidos, inclusive os não gerados, que quando gerados e nascidos vierem a portar os mesmos traços comuns. Não é difícil compreender que os gatos do século XXIII, quando nascerem, serão gatos e não tomates.



A opção pelo abortismo exige, como condição prévia, a incapacidade ou recusa de apreender essa noção. Para o abortista, a condição de "ser humano" não é uma qualidade inata definidora dos membros da espécie, mas uma convenção que os já nascidos podem, a seu talante, aplicar ou deixar de aplicar aos que ainda não nasceram. Quem decide se o feto em gestação pertence ou não à humanidade é um consenso social, não a natureza das coisas.



O grau de confusão mental necessário para acreditar nessa idéia não é pequeno. Tanto que raramente os abortistas alegam de maneira clara e explícita essa premissa fundante dos seus argumentos. Em geral mantêm-na oculta, entre névoas (até para si próprios), porque pressentem que enunciá-la em voz alta seria desmascará-la, no ato, como presunção antropológica sem qualquer fundamento possível e, aliás, de aplicação catastrófica: se a condição de ser humano é uma convenção social, nada impede que uma convenção posterior a revogue, negando a humanidade de retardados mentais, de aleijados, de homossexuais, de negros, de judeus, de ciganos ou de quem quer que, segundo os caprichos do momento, pareça inconveniente.



Com toda a clareza que se poderia exigir, a opção pelo abortismo repousa no apelo irracional à inexistente autoridade de conferir ou negar, a quem bem se entenda, o estatuto de ser humano, de bicho, de coisa ou de pedaço de coisa.



Não espanta que pessoas capazes de tamanho barbarismo mental sejam também imunes a outras imposições da consciência moral comum, como por exemplo o dever que um político tem de prestar contas dos compromissos assumidos por ele ou por seu partido. É com insensibilidade moral verdadeiramente sociopática que o sr. Lula da Silva e sua querida Dona Dilma, após terem subscrito o programa de um partido que ama e venera o aborto ao ponto de expulsar quem se oponha a essa idéia, saem ostentando inocência de qualquer cumplicidade com a proposta abortista.



Seria tolice esperar coerência moral de indivíduos que não respeitam nem mesmo o compromisso de reconhecer que as demais pessoas humanas pertencem à mesma espécie deles por natureza e não por uma generosa - e altamente revogável -- concessão da sua parte.



Também não é de espantar que, na ânsia de impor sua vontade de poder, mintam como demônios. Vejam os números de mulheres supostamente vítimas anuais do aborto ilegal, que eles alegam para enaltecer as virtudes sociais imaginárias do aborto legalizado. Eram milhões, baixaram para milhares, depois viraram algumas centenas. Agora parece que fecharam negócio em 180, quando o próprio SUS já admitiu que não passam de oito ou nove. É claro: se você não apreende ou não respeita nem mesmo a distinção entre espécies, como não seria também indiferente à exatidão das quantidades? Uma deformidade mental traz a outra embutida.



Aristóteles aconselhava evitar o debate com adversários incapazes de reconhecer ou de obedecer as regras elementares da busca da verdade. Se algum abortista desejasse a verdade, teria de reconhecer que é incapaz de provar a inumanidade dos fetos e admitir que, no fundo, eles serem humanos ou não é coisa que não interfere, no mais mínimo que seja, na sua decisão de matá-los. Mas confessar isso seria exibir um crachá de sociopata. E sociopatas, por definição e fatalidade intrínseca, vivem de parecer que não o são.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Em defesa da Vida.

Pe. Paulo Ricardo convoca todos os cristãos e homens de boa vontade a lutar pela vida. Apoia e confirma as denúncias dos bispos da Regional Sul 1 contra o Partido dos Trabalhadores (PT).



As Riquezas do Vaticano.


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Revista: `PERGUNTE E RESPONDEREMOS`


D. Estevão Bettencourt, osb.

Nº 302 - Ano 1987 - Pág. 332.





AS "RIQUEZAS" DO VATICANO





A propósito das famosas riquezas do Vaticano, o jornal O GLOBO, em sua edição de 16/04/87, p. 16, publicou as seguintes notícias muito esclarecedoras:





"PATRIMÔNIO DO VATICANO É DE US$ 561 MILHÕES"





CIDADE DO VATICANO - Em entrevista ao jornal especializado em assuntos econômicos `II Sole 24 Ore`, o Cardeal Giuseppe Caprio, Prefeito para assuntos Econômicos do Vaticano (cargo equivalente ao de Ministro do Tesouro), revelou que o patrimônio total da Santa Sé, incluídos os imóveis e investimentos em ações, é de 561 milhões de dólares.





Ele esclareceu, no entanto, que mais da metade desse capital não só não produz renda, como dá prejuízos, tal como ocorre com as escolas e hospitais mantidos pela Santa Sé em Roma. Assim sendo, acrescentou, o patrimônio produtivo não ultrapassa os 269 milhões de dólares.





A entrevista foi dada a propósito do envio, no mês passado, de uma carta do conselho cardinalício encarregado de estudar os problemas financeiros do Vaticano, aos três mil bispos católicos de todo o mundo. Estes foram instados a sensibilizar os cerca de 800 milhões de católicos do planeta para a necessidade urgente de destinarem maiores quantias ao Óbolo de São Pedro, a coleta feita anualmente a 29 de junho, destinada especificamente à Santa Sé.





Dom Giuseppe Caprio classificou de fantasias as constantes afirmações sobre supostas riquezas do Vaticano, dizendo que, além desses exageros, os cálculos são feitos sobre uma base falsa, pois neles estão incluídos os tesouros artísticos. As pessoas que dizem isso - explicou - não levam em conta o fato de que tais tesouros são inalienáveis, e além do mais improdutivos, obrigando o Vaticano a gastar altas somas com sua guarda e conservação.





GRANDES TESOUROS ESTÃO À VISTA DE TODOS





Inalienáveis bens da Humanidade





Os maiores tesouros artísticos do Vaticano não estão escondidos, com muitas pessoas supõem, mas à vista de todos, na própria Basílica de São Pedro, como a `Pietá`, ou na Capela Sistina, onde estão os famosos afrescos, criações, nos dois casos, de Michelangelo. Outras peças de valor impossível de ser sequer estimado são a ` Transfiguração`, de Rafael, ou o `São Jerônimo`, de Leonardo da Vinci.





Embora o patrimônio artístico e arqueológico dos museus do Vaticano possa ser comparado ao do Museu Britânico, ao do Metropolitan, de Nova York, e ao do Ermitage, de Leningrado, esse acervo, por disposição da própria Santa Sé, que o considera patrimônio de toda a humanidade, é inalienável.





Outros grandes tesouros, que igualmente jamais passarão para outras mãos, só podem ser vistos, contudo, por poucos religiosos e por um número ainda menor de leigos escolhidos. São documentos, pergaminhos, miniaturas, Bulas papais e outros testemunhos de toda a história do Cristianismo até nossos dias. Compreensivelmente, eles estão encerrados a seis metros abaixo do solo, em um aposento de 700 metros quadrados, especialmente construído com espessas paredes de cimento armado revestido de chumbo, à prova de ataques atômicos. Em outro `bunker` com as mesmas características, igualmente no subsolo, estão encerradas relíquias como manuscritos de São Pedro, Bíblias milenares escritas a pena por monges, uma edição da `Divina Comédia` com ilustrações originais de Botticelli, as atas do Concílio de Trento e centenas de preciosidades do mesmo nível`.





Até aqui a notícia de jornal. Clara como é, possa contribuir para dissipar falsas concepções, freqüentemente expressas às cegas, numa dolorosa repetição de `chavões`!





A propósito faz-se oportuno lembrar alguns dados já referidos em PR 292/1986, p. 401:





1) As finanças do Vaticano estão passando por momentos difíceis, pois a Igreja tem desenvolvido e multiplicado seus serviços após o Concílio do Vaticano II, a ponto de sentir sério problema econômico. Assim pensemos na ajuda que a Santa Sé envia a todos os países de missão na África, na Ásia, na América; pensemos também nas muitas Comissões que se criaram em Roma nos últimos tempos para atender ao diálogo com os cristãos separados, com as religiões não cristãs, com os ateus, com os homens de cultura...; existem Comissões de Justiça e Paz, para o Apostolado dos Leigos, o Pontifício Conselho Cor Unum... Estas Comissões são internacionais, de modo que acarretam despesas de viagens, publicações, pesquisas, etc. Isto explica o aumento de gastos, sem que haja receita regular correspondente.





2) O patrimônio territorial que a Igreja possui (Cidade do Vaticano com museus, pinacotecas, basílicas...) resulta de doações que foram sendo feitas à Santa Sé desde o século IV. Na Idade Antiga e na Idade Média muitos cristãos, ao morrer ou ao entrar no Mosteiro, doavam suas terras ao bispo de Roma (= o Papa). Em conseqüência, foi-se formando em torno da cidade de Roma o chamado `Patrimônio de São Pedro`; o Papa, sem ser Chefe de Estado, garantia a boa ordem e a paz em favor dos habitantes daquelas terras, enquanto em outras regiões havia desordens e guerras causadas pelas invasões dos bárbaros (vândalos, godos, lombardos...). Finalmente em 756 Pepino o Breve da França reconheceu oficialmente o Estado Pontifício, que se formara a partir do amor dos fiéis ao Papa, em conseqüência da tutela amiga que o Pontífice exercia em prol das populações vizinhas. Foi assim que surgiu o Estado Pontifício. Em 1870 este caiu, quando a Itália (que era um conjunto de pequenos Estados independentes) foi unificada. Em 1929 foi restaurado o Estado Pontifício como o menor de todos os Estados existentes (+ 0,44km²); os Papas não renunciaram a este minúsculo território porque lhes garante autonomia para exercer a sua missão pastoral, que atinge os fiéis do mundo inteiro. Que poderia fazer o Papa se estivesse sujeito ao controle de comunicações telefônicas, telegráficas e outras por parte do Governo da Itália? Por conseguinte, o Estado Pontifício hoje é uma herança legítima do passado, reduzido ao mínimo e destinado a servir à missão da Igreja.





O que está nos museus do Vaticano (quadros de Michelangelo, Rafael, Leonardo da Vinci, monumentos do Egito...) resulta do incentivo que os Papas sempre deram às artes, ou provém de doações. São um bem comum de toda a humanidade.





3) O cerimonial que cerca por vezes o Santo Padre, é legado de épocas distantes; teve sua plena razão de ser outrora, quando os costumes o exigiam; hoje em dia está sendo mais e mais simplificado; vemos o Papa tomando crianças nos braços, visitando hospitais, prisões, favelas, etc. - A Igreja, porém, julga que, para o culto divino (celebração da S. Missa, por exemplo), se deve sempre utilizar o que haja de melhor; não se trata de usar alfaias ricas, mas objetos dignos e capazes de exprimir eloqüentemente a fé e o amor dos cristãos a Deus.





4) Aqui no Brasil há dioceses que possuem terras, resultantes de doações feitas aos Bispos na época colonial; essas propriedades ajudam a exercer a missão da Igreja, que exige publicações, meios de comunicação social, escolas, templos, etc. Mas também (são a maioria) há dioceses muito pobres, que precisam de recursos de outras dioceses e organizações para poder desenvolver a sua atividade pastoral. Sabemos como é difícil a vida de um Bispo ou de um sacerdote em muitas regiões do Brasil e da América Latina.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Fantástico: apologia subliminar do aborto.

Fantástico: apologia subliminar do aborto

Klauber Cristofen Pires

A matéria promove um efeito introdutório e preparador, para que outras inoculações futuras sejam aceitas com mais facilidade pelo público ovino. Aborto não é questão de "saúde pública".

Não me canso em ser didático em meus textos, e o trabalho de media watch exige um tanto a mais deste esforço. Sei o quanto é necessário, mesmo sob o risco de me tornar enfadonho para os meus leitores mais habituais. Todavia, tenho de ter em mente escrever para a facilitar a compreensão daquelas pessoas que se depararão com um artigo meu pela primeira vez.



Atualmente, a apresentação dos programas televisivos sempre tem vindo ao ar com uma forte carga de sugestão ideológica. Em toda a grade, desde os programas de auditório, documentários, jornais e principalmente as novelas, o que os seus produtores têm visado, antes de tudo, é preparar psicologicamente o público para a aceitação dos projetos do governo. Por isto é necessário que denunciemos em detalhes estas manobras.



Quase nunca há uma proposta explícita, e isto por que faz parte da boa técnica dar o ar da isenção ou da coincidência desinteressada. Assim foi ao ar uma matéria do Jornal Nacional que expunha a falta de salas de cinemas em nosso país e dava voz a ditos especialistas que clamavam por investimentos públicos para dotar os municípios com tais benfeitorias. Curiosamente, a reportagem veio ao ar pouco tempo depois da estréia do filme "Lula, o Filho do Brasil". Coincidência?



Recentemente, uma reportagem do programa dominical Fantástico veiculou uma verdadeira propaganda de apoio à lei da palmada, esquivando-se a todo custo de debater com verdadeira imparcialidade sobre o direito dos pais de educarem os filhos e da conveniência ou justiça de o estado intervir no seio familiar. Naquela ocasião, os pais que admitiram dar palmadas foram retratados ou como criminosos, ou como ignorantes, ou ainda como regenerados arrependidos, enquanto os defensores da lei eram, mais uma vez, os "especialistas".



No domingo de 1º de agosto de 2010, o Fantástico traz ao ar a apologia feita de maneira subliminar pela legalização total do aborto, sob a matéria intitulada "Uma em cada cinco mulheres aos 40 anos já fez aborto no Brasil - Jornalistas percorreram capitais brasileiras para investigar a prática do aborto em clínicas clandestinas".



Ressalte-se que em nenhum momento a produção houve por sugerir explicitamente a implantação da dita lei. Entretanto, o desenvolvimento da exibição traz pistas contundentes, e a primeira delas é marcada pelo fato de que em nenhum momento as mulheres que praticaram o aborto e/ou que prestaram depoimento foram tratadas como criminosas co-partícipes do ato delituoso, mas antes, como vítimas injustiçadas, com a regalia de terem tido as suas respectivas imagens protegidas por efeitos de distorção ou pela gravação em penumbra, bem ao contrário dos donos e funcionários das clínicas, que foram completamente expostos.



Em determinado momento, a Rede Globo chega ao cúmulo de apresentar as declarações de um advogado da família de uma mulher em Fortaleza que morreu devido às más práticas conduzidas por uma clínica ilegal, a denunciar, com requintes de dissimulação e cinismo, o estado deplorável das instalações, como se a falecida não tivesse se dirigido para lá com suas próprias pernas e contratado o serviço voluntariamente, com seu próprio dinheiro.



O foco central abordado foi apresentar o drama do aborto como uma questão da saúde pública, com a alegação de que as mulheres que sofrem danos devidos às infecções e erros cometidos nestas casas de aborto vêm se socorrer posteriormente no SUS. Não por acaso, esta é a alegação oficial do Sr Ministro da Saúde José Gomes Temporão e ratificada pelo Sr Presidente Luís Inácio da Silva: o aborto é uma questão de saúde pública.



Ora, eu já percorri várias vezes os corredores dos hospitais públicos e me deparei frequentemente com criminosos em macas. Pari passu, deveria ser legalizado o assalto à mão armada por que os meliantes mal-sucedidos vão acabar lá?



Agora prestemos atenção nesta declaração da antropóloga e professora da Universidade de Brasília, Debora Diniz:



"O que nós sabemos é que uma mulher em cada cinco, aos 40 anos, fez aborto. Significam 5 milhões e 300 mil mulheres em algum momento da vida, já fizeram aborto. Metade delas usou medicamento, nós não sabemos que medicamento é esse; a outra metade, precisou ficar internada pra finalizar o aborto. O que isso significa? Um tremendo impacto na saúde pública brasileira. Quem é essa mulher que faz aborto? Ela é a mulher típica brasileira. Não há nada de particular na mulher que faz aborto".



Vejam como a lógica aqui é um gato escondido com o rabo de fora: sem contestar os números, mas apenas levando-se em conta que, a despeito de quão numeroso que seja o conjunto das mulheres que praticam o aborto, ele alcança, se muito, vinte por cento do universo das mulheres até os quarenta anos, então a mulher típica brasileira é aquela que não pratica o aborto, ou seja: absolutamente o contrário do que a antropóloga afirma. Se tenho razão aqui - e os números, que não são meus, mas dela, não permitem outra conclusão - por que a reportagem em nenhum momento investigou as causas pelas quais estas mulheres, repito, a maioria - não se submeteu à prática criminosa? Por quê devem 80% das mulheres que não cometem aborto ter como padrão de conduta os 20% das que cometem, e não o contrário?



Pode-se também lançar alguma suspeita sobre o resultado de sua pesquisa, sobretudo sobre o método: quais as características das populações pesquisadas? Ora, nos bolsões de miséria, justamente os mais afetados pela intensa propaganda sexista - inclusive e especialmente a proveniente do governo, o abandono dos laços familiares e das noções morais e religiosas do valor à vida, do companheirismo e da responsabilidade, somado às difíceis condições de vida que não geram expectativas de melhor futuro, fazem com que a vinda de uma criança ao mundo seja um fato extremamente indesejado para mulheres solitárias, inseguras e com poucos recursos. Em outras palavras, quem aponta o dedo para elas tem participado em boa parcela para que elas acabassem se encontrando em tal situação, para quem agora oferecem a canoa furada do aborto legalizado nas excelentes instalações dos hospitais públicos. Eis aí a "mulher típica" almejada.



Em resumo, a matéria promove um efeito introdutório e preparador, para que outras inoculações futuras sejam aceitas com mais facilidade pelo público ovino. Sem dizer exatamente quais são as suas intenções, os telespectadores passarão a semana a comentar no ônibus, na fila do supermercado ou no trabalho os fatos com base nas informações que receberam, e assim vão solidificar a convicção de que o aborto é uma questão de saúde pública, quando antes, na verdade, é a consequência da incúria por atitudes irresponsáveis.

Coroação se S. Luís.

Coroação se S. Luís.

Sagração de S. Luís IX, na Catedral de Reims.

Sagração de S. Luís IX, na Catedral de Reims.