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Pesquisas Neste Blog

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

É por isso que ninguém pode votar no PT.

Mãe do Brasil



Algumas informações históricas e documentais sobre o compromisso do PT com a legalização do aborto no Brasil, planejada internacionalmente. Por meio do nosso voto podemos dar outro rumo a esse plano.




O Repetitivo.

Eis o verdadeiro Sr. Repetitivo, há mais de 1 século falando a mesma bobagem, se esquecendo que este sistema gerou ditaduras em todos os países que foi implantado...

terça-feira, 28 de setembro de 2010

13 Declarações de líderes judeus em defesa do Papa Pio XII.

13 Declarações de líderes judeus em defesa do Papa Pio XII



O site forumlibertas.com, publicou em 16 de abril de 2007, declarações 13 grandes líderes judeus em defesa do grande Papa Pio XII, acusado injustamente por muitos de ter sido omisso na defesa dos judeus diante de Hitler. Na verdade a Igreja, por orientação do Papa, agindo de maneira diplomática, conseguiu salvar cerca de 800 mil judeus de serem mortos pelos nazistas.




Segundo o site citado, essas declarações desmentem esta calúnia que foi fortemente propagada pelos adversários da Igreja católica. Elas começaram com a propaganda comunista nos anos 60 e se transmitiram pela “nova esquerda” por toda a Europa , junto com a obra financiada pela União Soviética “O Vigário”, de Huchhoth. Nela se baseia o filme “Amém”, de Costa-Gavras.



As declarações a seguir (tradução nossa para o português), são testemunhos desde 1940, desde Einstein até os grandes rabinos de Bucarest, Palestina e Roma. Os historiadores judeus afirmam que Pio XII salvou a vida de muitos judeus.



As declarações dos líderes judeus:



1 - Albert Einstein:



“Quando aconteceu a revolução na Alemanha, olhei com confiança as universidades, pois sabia que sempre se orgulharam de sua devoção por causa da verdade. Mas as universidades foram amordaçadas. Então, confiei nos grandes editores dos diários que proclamavam seu amor pela liberdade. Mas, do mesmo modo que as universidades, também eles tiveram que se calar, sufocados em poucas semanas. Somente a Igreja permaneceu firme, em pé, para fechar o caminho às campanhas de Hitler que pretendiam suprimir a verdade. Antes eu nunca havia experimentado um interesse particular pela Igreja, mas agora sinto por ela um grande afeto e admiração, porque a Igreja foi a única que teve a valentia e a constância para defender a verdade intelectual e a liberdade moral.”



[Albert Einstein, judeu alemão, Prêmio Nobel de Física, na Revista norte-americana TIME, em 23 de dezembro de 1940. Einstein teve que fugir da Alemanha nazista e foi acolhido nos EUA na universidade de Princeton]



2 – Isaac Herzog



“O povo de Israel nunca se esquecerá o que Sua Santidade [Pio XII] e seus ilustres delegados, inspirados pelos princípios eternos da religião que formam os fundamentos mesmos da civilização verdadeira, estão fazendo por nossos desafortunados irmãos e irmãs nesta hora , a mais trágica de nossa história, que é a prova viva da divina Providência neste mundo.”



[Isaac Herzog, Gran Rabino da Palestina, em 28 de fevereiro de 1944; “Actes et documents du Saint Siege relatifs a la Seconde Guerre Mondiale”, X, p. 292.]



3 – Alexander Shafran



“Não é fácil para nós encontrar as palavras adequadas para expressar o calor e consolo que experimentamos pela preocupação do Sumo Pontífice [Pio XII], que ofereceu uma grande soma para aliviar os sofrimentos dos judeus deportados; os judeus da Romênia nunca esqueceremos estes fatos de importância histórica.”



[Alexander Shafran, Gran Rabino de Bucarest, em 7 de abril de 1944; “Actes et documents du Saint Siege relatifs a la Seconde Guerre Mondiale”, X, p. 291-292]



4 – Juez Joseph Proskauer



“Temos ouvido em muitas partes que o Santo Padre [Pio XII] foi omisso na salvação dos refugiados na Itália, e sabemos de fontes que merecem confiança que este grande Papa estendeu suas mãos poderosas e acolhedoras para ajudar aos oprimidos na Hungria”.



[Juez Joseph Proskauer, presidente do “American Jewish Committee”, na Marcha de Conscientização de 31 de julho de 1944 em Nova York]



5 – Giuseppe Nathan



“Dirigimos uma reverente homenagem de reconhecimento ao Sumo Pontífice [Pio XII], aos religiosos e religiosas que puseram em prática as diretrizes do Santo Padre, somente viram nos perseguidos a irmãos, e com arrojo e abnegação atuaram de forma inteligente e eficaz para socorrer-nos, sem pensar nos gravíssimos perigos a que se expunham.”



[Giuseppe Nathan, Comissário da União de Comunidades Israelitas Italianas, 07-09-1945]



6. A. Leo Kubowitzki



“Ao Santo Padre [Pio XII], em nome da União das Comunidades Israelitas, o mais sentido agradecimento pela obra levada a cabo pela Igreja Católica em favor do povo judeu em toda a Europa durante a Guerra”.



[ A.Leo Kubowitzki, Secretario Geral do “World Jewish Congress” (Congresso Judeu Mundial ), ao ser recebido pelo Papa em 21-09-1945]



7. William Rosenwald



“Desejaria aproveitar esta oportunidade para render homenagem ao Papa Pio XII por seu esforço em favor das vítimas da Guerra e da opressão. Proveu ajuda aos judeus na Itália e interveio a favor dos refugiados para aliviar sua carga”.



[William Rosenwald, presidente de “United Jewish Appeal for Refugees”, 17 de março de 1946, citado em 18 de março no “New York Times”.



8 – Eugenio Zolli



“Podem ser escritos volumes sobre as multiformes obras de socorro de Pio XII. As regras da severa clausura cairam, todas e cada uma das coisas estão a serviço da caridade. Escolas, oficinas administrativas, igrejas, conventos, todos têm seus hóspedes. Como uma sentinela diante da sagrada herança da dor humana, surge o Pastor Angélico, Pio XII. Ele viu o abismo de desgraça ao qual a humanidade se dirige. Ele mediu e prognosticou a imensidão da tragédia. Ele fez de si mesmo o arauto da voz da justiça e o defensor da verdadeira paz”.



[Eugenio Zolli, em seu livro “Before the Dawn” (Antes da Aurora), 1954; seu nome original era Israel Zoller, Gran Rabino de Roma; durante a Segunda Guerra Mundial; convertido ao cristianismo em 1945, foi batizado como "Eugenio" em honra de Eugenio Pacelli, Pío XII]



9 – Golda Meir



“Choramos a um grande servidor da paz que levantou sua voz pelas vítimas quando o terrível martírio se abateu sobre nosso povo”.



[Golda Meier, ministra do Exterior de Israel, outubro de 1958, ao morrer Pío XII]



10 – Pinchas E. Lapide



“Em um tempo em que a força armada dominava de forma indiscriminada e o sentido moral havia caído ao nível mais baixo, Pio XII não dispunha de força alguma semelhante e pôde apelar somente à moral; se viu obrigado a contrastar a violência do mal com as mãos desnudas. Poderia ter elevado vibrantes protestos, que pareceriam inclusive insensatos, ou melhor proceder passo a passo, em silêncio. Palavras gritadas ou atos silenciosos. Pio XII escolheu os atos silenciosos e tratou de salvar o que poderia ser salvo.”



[Pinchas E. Lapide, historiador hebreu e consul de Israel em Milão, em sua obra "Three Popes and Jews" (Três Papas e os Judeus), Londres 1967; ele calcula que Pío XII e a Igreja salvaram com suas intervenções 850.000 vidas].



11 – Sir Martin Gilbert



“O mesmo Papa foi denunciado por Joseph Goebbels - ministro de Propagando do governo nazista – por haver tomado a defesa dos judeus na mensagem de Natal de 1942, onde criticou o racismo. Desempenhou também um papel, que descrevo com alguns detalhes, no resgate das três quartas partes dos judeus de Roma”.



[Sir Martin Gilbert, historiador judeu inglês, especialista no Holocausto e a Segunda Guerra Mundial, em uma entrevista em 02-02-2003 no programa "In Depth", do canal de televisão C-Span]



12 – Paolo Mieri



“O linchamento contra Pio XII? Um absurdo. Venho de uma família de origem judia e tenho parentes que morreram nos campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Esse Papa [Pio XII] e a Igreja que tanto dependia dele, fizeram muitíssimo pelos judeus. Seis milhões de judeus assassinados pelos nazistas e quase um milhão de judeus salvos graças à estrutura da Igreja e deste Pontífice. Se recrimina a Pio XII por não ter dado um grito diante das deportações do gueto de Roma, mas outros historiadores têm observado que nunca viram os antifacistas correndo à estação para tratar de deter o trem dos deportados. Um dos motivos por que este importante Papa foi crucificado se deve ao fato de que tomou parte contra o universo comunista de maneira dura, forte e decidida.”



[Paolo Mieri, periodista judeu italiano, ex-diretor do “Corriere della Será”, apresentando o livro “Pio XII; Il Papa degli ebrei” (Pio XII; O Papa dos hebreus), de Andrea Tornielli, a 6 de junho de 2001. ]



13 – David G. Dalin



“Pio XII não foi o Papa de Hitler, mas o defensor maior que já tiveram os judeus, e precisamente no momento em que o necessitávamos. O Papa Pacelli foi um justo entre as nações a quem há de reconhecer haver protegido e salvado a centenas de milhares de judeus. É difícil imaginar que tantos líderes mundiais do judaísmo, em continentes tão diferentes, tenham se equivocado ou confundido a hora de louvar a conduta do Papa durante a Guerra. Sua gratidão a Pio XII permaneceu durante muito tempo, e era genuína e profunda.



[David G. Dalin, rabino de Nova York e historiador, 22 de agosto de 2004, entrevistado em Rímini, Itália]



Contra essas declarações inequívocas de ilustres judeus, é impossível alguém mais sustentar as antigas calúnias contra o Papa Pio XII; se assim o fizer, será por ignorância histórica ou maldade consumada.





segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Deus e o dr. Hawking.

Deus e o dr. Hawking

Olavo de Carvalho

Diário do Comércio, 13 de setembro de 2010



Recentemente, o físico Stephen Hawking, contrariando suas afirmações anteriores, disse que o universo bem poderia ter surgido do mero jogo espontâneo das leis físicas, sem nenhuma intervenção de um Deus criador.



Passou o tempo em que as declarações de físicos eram ouvidas como decretos divinos. Hoje elas se arrogam uma autoridade supradivina, julgando e suprimindo o próprio Deus. Mas nem mesmo se contentam em fazê-lo na esfera das puras considerações teóricas: estendem sua jurisdição a todo o campo da existência social, exigindo que a educação, a cultura e as leis se amoldem à sua cosmovisão científica, sob a pena de serem condenadas como atos de fanatismo e crimes contra o Estado democrático.



Ao mesmo tempo, no entanto, os signatários desses decretos pavoneiam-se de uma modéstia epistemológica exemplar, jurando praticar a constante revisão de suas próprias crenças e jamais impor a ninguém alguma verdade científica definitiva, a qual, admitem, nem mesmo existe.



A coexistência, num mesmo cérebro, de presunções tão avassaladoras, com um sentimento tão cândido de abstencionismo crítico, já deveria bastar para mostrar que algo, nesse cérebro, não funciona bem.



Desde logo, raramente vemos um desses pontífices do conhecimento mostrar alguma consciência da distinção entre o mundo real e o objeto de estudos da sua ciência especializada.

O "universo" a que se refere o prof. Hawking não é o da experiência humana geral, mas o universo abstrato tal como conhecido pela ciência física. Nem o prof. Hawking, nem qualquer outro cientista da sua área, pode nos oferecer a mais mínima prova de que o universo da física seja "real".



Ao contrário, não há problema mais espinhoso, para todos eles, que o do estatuto ontológico das partículas estudadas pelo ramo mais desenvolvido e mais exato da ciência, a física quântica. Eles sabem muito, sabem quase tudo sobre essas partículas, mas não sabem o que elas são, nem em que sentido a palavra "realidade" poderia aplicar-se a elas.



O fato mesmo de que a presença do observador modifique o comportamento delas levou muitos desses cientistas às mais extremadas especulações sobre o caráter subjetivo – ou "espiritual" – de todo o universo físico.



Quando não sabemos se uma coisa existe na mente, fora da mente ou em ambos esses lugares ao mesmo tempo, e quando, nesta última hipótese, não sabemos onde está a articulação que une os dois aspectos da coisa, é forçoso reconhecer que tudo o que conhecemos dela é a sua aparência.



O universo da física é um sistema de aparências, de "fenômenos", que coincide com o mundo real sob certos aspectos, mas difere dele em outros. Perguntar se um sistema de aparências poderia ter surgido sozinho ou necessitaria de um Deus para criá-lo não só é uma especulação ociosa, mas, com toda a evidência, não tem nenhum alcance sobre a questão da origem do mundo real.



Quando o prof. Hawking diz que "o mundo" poderia ter surgido sozinho, o que ele quer dizer é que o "seu" mundo, um determinado sistema de aparências fenomênicas, considerado tão somente na sua consistência interna abstrata – supondo-se que esta seja cabalmente conhecida, o que ainda está longe de ser verdade – "pode" ser concebido, sem contradição lógica, como resultado espontâneo da atuação das suas próprias leis, sem a intervenção de um elemento externo.



Dizer isso é praticamente não dizer nada – nem mesmo a respeito do puro sistema de aparências enquanto tal. É apenas afirmar uma possibilidade lógica concernente a um grupo de hipóteses. Transmutar isso numa declaração taxativa de que "Deus não criou o mundo" é um hiperbolismo retórico que raia a insanidade ou o charlatanismo puro e simples.



Nenhum cientista sério tem o direito de ignorar as dificuldades quase insuperáveis que se interpõem entre as leis da física quântica e qualquer afirmação, por modesta que seja, sobre a natureza da realidade em geral. A primeira dessas dificuldades é que a física quântica não está segura nem mesmo quanto ao estatuto de realidade dos seus próprios objetos de estudo.



Para piorar as coisas, o dr. Hawking não está falando nem de física quântica. Está falando do Big Bang, uma teoria que extrai contribuições da física quântica mas não tem um milésimo da credibilidade que, dentro dos seus limites, ela indiscutivelmente possui.



Em termos estritos, o que o dr. Hawking disse é que o Big Bang poderia, em teoria, ter acontecido pela ação espontânea das quatro forças que o compõem, sem nenhuma ajuda externa. Mesmo supondo-se que essa afirmação seja estritamente verdadeira (não tenho a menor condição de confirmar ou negar isso agora), restariam os seguintes problemas:



(1) Se há forças que o precederam e determinaram, o Big Bang não é "a origem do mundo", mas só de uma fase determinada da existência.



(2) De onde vieram as quatro forças? Surgiram do nada ou foram criadas?



(3) Que uma coisa possa acontecer em teoria não prova que tenha acontecido necessariamente.



(4) Não sabemos sequer se o Big Bang aconteceu ou apenas pode ter acontecido.



Traduzida em linguagem lógica, a declaração do prof. Hawking significa: "Há uma possibilidade de que outra possibilidade seja causa sui e não a decorrência de uma terceira possibilidade." Molto bello, não nos diz nada a respeito do que aconteceu realmente. Muito menos responde à pergunta mais decisiva da filosofia, assim enunciada por Leibniz: "Por que existe o ser e não antes o nada?"



Qualquer que seja a competência de que desfrute na sua área de estudos, o dr. Hawking com frequência comporta-se como um astro do show business, impressionando a platéia com declarações espetaculares que se tornam ainda mais espetaculares quando, uns anos depois, ele as desmente com o mesmo ar de certeza com que as proclamou.

Fonte: http://www.olavodecarvalho.org/semana/100913dc.html

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Marxismo já!

Marxismo já!

Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 29 de agosto de 2005




Normalmente, no Brasil, políticos e intelectuais de esquerda se esquivam de declarar que são comunistas. Vivem dizendo que a direita não assume o próprio nome – o que é no mínimo inadequado, pois uma corrente política que não existe ideologicamente não tem por que assumir nome nenhum --, mas, pelo menos desde a queda do Muro de Berlim, são os esquerdistas os principais usuários de substitutivos eufemísticos. E por certo não é a "direita" quem tenta impor a proibição legal de chamar as coisas pelos seus termos apropriados. É até cômico que os censores politicamente corretos do vocabulário exijam dos outros a linguagem franca que eles próprios buscam abolir por todos os meios.



Ocultar a condição de comunista sempre foi uma obrigação para os militantes envolvidos na parte clandestina das operações do Partido, mesmo em épocas e países com plena vigência dos direitos democráticos. A universalização da camuflagem como estilo de vida foi uma das grandes contribuições do comunismo à cultura do século XX (v. "Double Lives", de Stephen Koch).



Mas, desde os anos 90, a obrigação de despistar ligações com o movimento comunista foi reforçada pelo descrédito geral do regime soviético. Como assinalou Jean-François Revel em La Grande Parade , a década foi marcada por uma intensa revisão do discurso esquerdista, um botox ideológico destinado a apagar as marcas do passado nas carinhas bisonhas dos mais subservientes e pertinazes bajuladores de genocidas, para que pudessem apresentar como novidades auspiciosas as mesmas propostas comunistas de sempre. Desde então, proliferaram os eufemismos, alguns antigos, como "democracia popular", "socialismo democrático" etc., outros novos, como "revolução bolivariana" ou o mais lindo de todos: "ampliar a democracia", que significa fechar jornais, proibir críticas ao presidente e dar tiros numa massa de manifestantes para seguida acusá-la de matar-se a si própria com o intuito maldoso de desmoralizar o governo. O regime atual da Venezuela já é uma democracia ampliada. Ampliada até além-fronteiras: policiais e juízes enviados por Fidel Castro têm jurisdição para entrar no país à vontade e prender cubanos foragidos ou até cidadãos venezuelanos considerados inconvenientes.



O fogo das denúncias de corrupção no governo Lula derreteu rapidamente a maquiagem verbal, de baixo da qual emergiu, em toda a sua formosura, o bom e velho discurso da ortodoxia marxista. Com uma desenvoltura e uma petulância que seriam inimagináveis na época da campanha eleitoral, Lênin e Mao assomaram ao microfone do ciclo "O Silêncio dos Intelectuais" e em várias colunas de imprensa, com aquele sincronismo que muitos atribuiriam misticamente a coincidências junguianas e no qual só os paranóicos – sim, só eles, eu incluso – ousariam pressentir o sinal de uma instrução transmitida a toda a massa de "trabalhadores intelectuais", concitando-os a juntar forças para atribuir todos os crimes do PT à política "tucanizada" e oferecer como remédio à debacle do partido a palavra-de-ordem salvadora e unânime: Marxismo já!



O sr. Francisco de Oliveira, no resumo publicado da sua conferência no ciclo, é explícito: citando Roberto Schwarz, ele proclama que a conjuntura "é ótima para renovar o pensamento brasileiro pelo marxismo". Provando que o senso das proporções não é o mesmo numa cabeça de comunista e na da humanidade normal, ele se queixa de que a dose de estupefaciente marxista fornecida aos estudantes universitários é escassa, porque "não se sabe com que profundidade Marx foi lido". Uai, até observadores menos atentos podem notar que o pensamento marxista não domina os cursos nacionais de direito, filosofia e ciências humanas por ser muito estudado, mas porque aí não se estuda praticamente nada além dele. Não é preciso conhecer bastante alguma coisa para poder ignorar tudo o mais. O "Dicionário Crítico do Pensamento da Direita", que citei aqui dias atrás, obra de 104 professores universitários esquerdistas e por isso amostragem suficiente da mentalidade da classe, mostra até que ponto vai a ignorância dessa gente a respeito das correntes de idéias alheias ao marxismo. A grande força do marxismo universitário brasileiro é justamente a rarefação da sua substância intelectual, que permite sua distribuição rápida a milhões de idiotas.



De passagem, o sr. Oliveira resmunga que, mesmo no auge da moda marxista entre nós nos anos 70, o pensamento dos frankfurtianos esteve "praticamente ausente" da universidade brasileira, o que, a julgar pelo volume oceânico de citações a Adorno e Benjamin desde então até hoje, só pode ser interpretado no sentido de Stanislaw Ponte Preta: "Sua ausência preencheu uma lacuna".



Mas o ponto mais significativo do diagnóstico oliveiriano dos males do marxismo brasileiro é a crítica ao "reformismo" do PCB nos anos 60 e a apologia à "única exceção criadora" da ocasião, o filósofo Caio Prado Júnior. A presente geração de estudantes dificilmente atinará com o sentido dessa alusão, mas, para quem a percebe, a analogia com a situação atual é óbvia. Num momento em que a esquerda, como hoje, lambia as feridas de um fiasco monumental e buscava meios de salvar a honra, o autor de A Revolução Brasileira foi, entre os comunistas históricos, o mais destacado crítico da "aliança com a burguesia nacional" e o propugnador emérito da ruptura violenta que gerou a guerrilha. Quando Marx disse que a história se repete como farsa, estava antecipando a epopéia tragicômica do movimento comunista, toda ela composta de sucessivas reencarnações farsescas de si própria. O vaivém cíclico entre apaziguamento maquiavélico e radicalismo assassino, com periódicas fusões dos dois elementos, é um dos lances infalíveis desse enredo criminoso. O sr. Oliveira é em suma o novo Caio Prado Júnior, assim como o PT de Lula é o PCB corrompido e "reformista" que deu com os burros n'água em 1964. A solução é, pela enésima vez, o retorno purificador às fontes do marxismo, seguido de algum tipo de videotape das guerrilhas, provavelmente ampliadas às dimensões das FARC. Esse pessoal não aprende nunca.



De maneira ainda mais estereotípica, a sra. Marilena Chauí adverte contra a "crença perigosa" ( sic ) de que as idéias movem o mundo, restaura a lição da vulgata segundo a qual quem move tudo é a luta de classes, e repete com admirável fidelidade canônica a excomunhão marxista da "separação entre trabalho manual e intelectual no capitalismo" (no socialismo, como se sabe, cada varredor de rua é um novo Leonardo da Vinci). Complementada por uma oportuna entrevista que lança sobre o indefectível "neoliberalismo" as culpas do governo Lula – como se os crimes denunciados não viessem do tempo em que a própria Chauí se tornou a musa inspiradora do marxismo petista --, a alocução da professora da USP no ciclo "O Silêncio dos Intelectuais" traz um enfático reforço à estratégia reencarnacionista do sr. Oliveira.



Ao mesmo tempo, na mídia, o apelo por um retorno ao marxismo puro ecoa por toda parte com idêntico vigor. Para dar só um exemplo entre muitos, que comentarei se possível nas próximas semanas, o sr. Fausto Wolff, célebre como relações públicas de Yasser-Arafat, anuncia "uma lição de casa para os petistas" e, com o didatismo de um instrutor do MST, fornece dados biográficos seguidos de um resumo esquemático das doutrinas de Karl Marx. C onfesso não estar habilitado a sondar a profundidade dos ensinamentos do sr. Wolff, já que me falta no momento o único instrumento de análise apropriado para isso: o bafômetro. Limito-me a anotar no seu artigo dois pontos interessantes. Primeiro, ele não parece ter do marxismo conhecimentos que vão muito além da lauda e meia ali preenchida, já que proclama ter sido A Essência do Cristianismo , de Ludwig Feuerbach, "o livro que mais influenciou o jovem Marx". Quem quer que tenha estudado o assunto sabe que Marx só engoliu com reservas as especulações feuerbachianas. O verdadeiro guru e introdutor dele e de Engels no comunismo foi Moses Hess, satanista praticante, de cujo livro Die Folgen der Revolution des Proletariats ("Conseqüências da revolução proletária", 1847), trechos inteiros do Manifesto de 1848 são quase uma paráfrase. (Mais tarde Hess se arrependeu e voltou ao judaísmo, mas era tarde: sua prole infernal já estava espalhada pelo mundo.)



Segundo: o sr. Wolff proclama que uma das grandes desventuras do Brasil é o abandono da Teologia da Libertação, cujos próceres "perderam a guerra contra o clero vigarista infiltrado em toda a vida nacional". O leitor, como eu, terá alguma dificuldade em enxergar os padres reacionários que superlotam o Senado, a Câmara, os Ministérios, o aparato estatal de cultura, o movimento editorial, os canais de TV, as redações de jornais e as editoras de livros, assim como em constatar a ausência concomitante, nesses locais e até na Presidência da República, de discípulos de Frei Betto e Leonardo Boff. Mas a percepção do sr. Wolff, sobretudo depois das duas da madrugada, penetra em regiões inacessíveis à visão normal humana. Ele vê coisas.



Para mim, tudo isso foi uma autêntica Hora da Saudade . Ouvindo a sra. Marilena Chauí, lendo os srs. Francisco Oliveira e Fausto Wolff, entre tantos outros, revivi, proustianamente, a minha juventude de militante, quando varava noites decorando o Manual de Marxismo-Leninismo da Academia de Ciências da URSS e comovendo-me até às lágrimas com a convocação de Caio Prado Júnior à sangueira redentora que nos libertaria da vexaminosa "acomodação burguesa" do PCB. Na época não existiam os termos "neoliberalismo" e "tucanismo". O pecado chamava-se "reformismo" ou 'revisionismo'. Mas, para o automatismo mental comunista, a mera troca de palavras já é uma inovação formidável.



Mídia anestésica



Em artigo publicado no Globo do dia 21, Miriam Leitão reconhece que "houve falha generalizada no sistema de acompanhamento do que se passa no país. Um dos culpados é a própria imprensa... Não vimos que o dinheiro era farto demais no PT para ser de boa fonte".



A admissão da verdade, mesmo tardia, pode ser um mérito, contanto que não venha acompanhada de novas mentiras incumbidas de embelezar os erros confessados, dispensando o pecador de tentar corrigi-los e ainda autorizando-o a cometê-los de novo com consciência tranqüila.



Miriam começa por mentir no uso do verbo. "Não vimos", uma pinóia. Eu vi tudo, denunciei tudo, expliquei tudo, escrevi artigo em cima de artigo, no próprio Globo , para alertar contra a criminalidade petista.



A resposta de meus colegas veio sob a forma de silêncio desdenhoso, rotulações pejorativas, boicotes, risinhos cínicos com ar de superioridade, supressão abrupta de minha coluna em três órgãos de mídia.



O mínimo indispensável de honestidade exige, daquele que admite por fim fatos longamente negados, o reconhecimento ao mérito de quem não foi ouvido quando os proclamou em tempo.



Esse mínimo está infinitamente acima do que se pode esperar de quase todo o jornalismo brasileiro.



Miriam, por exemplo, em vez de cumprir sua obrigação moral para com o colega que pagou por dizer a verdade, faz o elogio dos que ganharam para omiti-la. A mídia brasileira, diz ela, é "competente, ágil, investigativa, independente": se errou -- é a conclusão implícita --, foi por distração sem malícia.



Quatro episódios bastam para mostrar quanto isso é falso:



1. Quando apareceram os primeiros sinais claros da corrupção petista, no Rio Grande do Sul, a classe jornalística, em vez de investigá-los, foi em peso oferecer uma "manifestação de desagravo" ao suspeito, o governador Olívio Dutra. Denunciei isso na Zero Hora de 2 de dezembro de 2001.



2. Quando o deputado Alberto Fraga disse ter provas da ajuda financeira das Farc à campanha do PT, muitos jornais omitiram a notícia por completo, outros a esconderam num cantinho de página (v. http://www.olavodecarvalho.org/semana/030329globo.htm ). Quando a revista Veja voltou ao assunto, o resto da mídia tampou os ouvidos.



3. Quando mostrei no próprio Globo que uma denúncia contra o Exército, a qual rendera ao repórter Caco Barcelos o Prêmio Imprensa, era não apenas falsa mas fisicamente impossível, como reagiu a bela consciência da classe jornalística? Averiguando? Nada disso. Mais que depressa deu um segundo prêmio à pseudo-reportagem (v. http://www.olavodecarvalho.org/semana/nditadores.htm ).



4. Por fim, as atas do Foro de São Paulo e até a existência mesma dessa entidade, a mais influente organização política da América Latina, cujas atividades o povo tinha o direito e a urgência de conhecer para poder julgar a política nacional, foram sistematicamente ocultadas por toda a mídia durante quinze anos. Se divulgadas, jamais o eleitorado teria caído no engodo petista.



A omissão de tantos jornalistas ante a depravação do PT não foi um lapso involuntário. Foi cumplicidade consciente, pertinaz, criminosa. A corrupção da política vem da corrupção da cultura, e não ao contrário. E a corrupção da cultura é obra de três agentes principais: universidade, igreja e mídia. Por esses três canais injetou-se na mente do povo, ao longo de mais de três décadas, a substância entorpecente que o tornou refratário a qualquer denúncia contra a esquerda e o induziu apostar a bolsa, a vida e o futuro na idoneidade do PT. E ainda sobrou anestésico bastante para amortecer os crimes do próprio anestesista.

O comunismo depois do fim.

O comunismo depois do fim

Olavo de Carvalho

Jornal da Tarde, 06 de junho de 2002


Fonte: http://www.olavodecarvalho.org/semana/06062002jt.htm

Imagine que, finda a II Guerra Mundial, morto o Führer nas profundezas do seu bunker, restaurada a democracia na Alemanha, um consenso tácito universal decidisse que os crimes de guerra nazistas não deveriam ser investigados nem punidos, que o Partido Nazista continuaria na legalidade sob deminações diversas, que uma boa parte dos campos de concentração

deveria continuar funcionando ao menos discretamente, que ninguém na Gestapo ou nas SS seria demitido ou interrogado e que alguns bons funcionários dessas lindas instituições deveriam ser mesmo postos no comando da nação.

Nessas condições, você acreditaria em "fim do nazismo"? Ou antes perceberia aí um imenso "upgrade" desse movimento satânico, despido de sua aparência mais óbvia e comprometedora, sutilizado e disseminado no ar como um vírus para contaminar toda a humanidade?

Você acreditaria em "fim do nazismo" se, preservados os meios desubsistência e expansão desse movimento, a mídia internacional e a opiniãoelegante decretassem instantaneamente a mais drástica repressão moral a todo antinazismo explícito, acusando de paranóico e antidemocrático quem ousasseespecular, mesmo de longe, sobre os riscos de um retorno do regime nazistasob outro nome?

Você acreditaria em "fim do nazismo" se, decorrido meio século desua pretensa extinção, toda tentativa de investigar e divulgar a extensãodos seus crimes fosse condenada publicamente como uma inconveniência, um pecado, um maldoso revanchismo?

Você acreditaria em "fim do nazismo" se, na Alemanha e fora dela, qualquer crítica mais pesada aos que em outras épocas fizeram a apologia desse regime genocida fosse banida e perseguida como um delito ou no mínimo como um sinal de patologia mental?

Você acreditaria em "fim do nazismo" se por toda parte os que fizeram propaganda nazista fossem paparicados e homenageados não só como grandes figuras da vida intelectual e artística mas como defensores da liberdade e dos direitos humanos?

Você acreditaria em "fim do nazismo" se notórios militantes pró-nazistas estivessem subindo ao poder por via eleitoral em várias nações do Terceiro Mundo, enquanto em outras espoucassem guerrilhas, revoluções e golpes de Estado inspirados na pregação nazista?

Você acreditaria em "fim do nazismo" se as nações que supostamente o venceram estivessem cercadas por uma campanha de ódio internacional apoiada por partidos e organizações nazistas?

Você acreditaria em "fim do nazismo" se todos os que se auto-rotulassem "ex"-nazistas fizessem apenas críticas muito vagas e genéricas ao regime de Hitler, mudando de assunto rapidamente, mas em contrapartida continuassem atacando o antinazismo como o pior dos males?

Pois então, santa misericórdia, por que acredita em "fim do comunismo"? O movimento comunista internacional não foi desmantelado, nem debilitado, nem mesmo acusado do que quer que fosse. Na Rússia o Partido Comunista conserva um bom número de cadeiras no parlamento, a KGB (com nome trocado pela milésima vez desde Lênin) continua funcionando a pleno vapor com verbas superiores às de todos os serviços secretos ocidentais somados, o Gulag continua repleto de prisioneiros. Na China, no Vietnã, na Coréia do Norte e em Cuba um bilhão e quatrocentos milhões de pessoas vivem ainda sob o Estado policial comunista que, a cada nova promessa de liberalização feita para seduzir investidores estrangeiros, mais aperta as engrenagens da repressão e estrangula qualquer veleidade de oposição organizada. Na América Latina e na África, novos regimes comunistas ou pró-comunistas surgem e, diante dos olhos complacentes da mídia internacional, demantelam pela violência ou pela chicana todas as oposições, demolem as garantias de liberdade individual e o direito de propriedade e fomentam guerrilhas e revoluções nos países vizinhos, com o apoio das redes de tráfico de entorpecentes montadas pela KGB e pela espionagem chinesa desde os anos 60, hoje crescidas ao ponto de controlar a economia de países inteiros. Nas nações capitalistas supostamente triunfantes, slogans, valores e critérios da "revolução cultural" marxista dos anos 60 se impõem oficialmente nas escolas e nos lares como um dogmatismo inquestionável, ao mesmo tempo que um lobby comunista de dimensões tricontinentais controla rigidamente o fluxo do noticiário nos principais jornais e canais de TV, e nas universidades a ortodoxia marxista consegue calar pela intimidação e pela chantagem as poucas vozes discordantes.

Como, em sã consciência, alguém que saiba dessas coisas pode afirmar que o comunismo acabou ou que ele não representa mais perigo algum?

sábado, 18 de setembro de 2010

A cultura do genocídio.

A cultura do genocídio

Olavo de Carvalho



Diário do Comércio, 20 de janeiro de 2009


Desde que os exércitos aliados revelaram ao mundo os horrores dos campos de concentração nazistas, as tentativas de explicação histórica, sociológica e psicológica de um fenômeno tão inusitado e monstruoso criaram um dos ramos mais prolíficos da bibliografia universal. A cada ano que passa, centenas ou milhares de livros, teses acadêmicas e artigos em publicações eruditas e populares buscam enfrentar a questão angustiante: como e por que foi possível a uma parcela da humanidade culta rebaixar-se ao ponto de fazer da prática de crimes hediondos em massa uma obrigação legal e um mérito patriótico?




As respostas oferecidas podem ser divididas em três grupos:



(1) A corrente dominante segue uma linha inaugurada pelo Doktor Faustus de Thomas Mann, que busca as origens do nazismo no subsolo irracional e satanista da cultura alemã. A noção de que a história social e cultural da Alemanha pudesse elucidar o totalitarismo e o holocausto veio a se tornar um dogma do senso comum e a dominar, praticamente sem contestações, toda essa imensa bibliografia. A aposta nessa tese é compartilhada, em medidas diversas, pelos autores e obras mais díspares, desde produções acadêmicas respeitáveis como os estudos de Otto Friedrich, Siegfried Kracauer, Lotte Eisner, Peter Gay, Carl Schorske e as grandes biografias de Hitler por Joachim C. Fest, Ian Kershaw, Alan Bullock, até obras de cunho polêmico como The Pink Swastika, de Scott Lively e Kevin Abrams ou The Occult Hitler, de Lothar Machtan, e até mesmo especulações sobre a contribuição ocultista à formação da ideologia nazi (Nigel Pennick, Hitler's Secret Sciences; Peter Levenda, Unholy Alliance: History of the Nazi Involvement with the Occult; Dusty Sklar, The Nazis and the Occult; Wilhelm Wulff, Zodiac and Swastika, Nicholas Goodrick-Clarke, The Occult Roots of Nazism: Secret Aryan Cults and Their Influence on Nazi Ideology etc.). O sucesso dessa linha de investigações é facilmente explicável: como o nazismo se definia a si próprio como um movimento essencialmente nacionalista, nada mais natural do que buscar suas raízes na cultura nacional que o produziu. Lendo esse material, os alemães se convenceram de que são um povo de criminosos e até hoje se desgastam em perpétuos rituais de autopurificação, que contrastam de maneira patética com a orgulhosa recusa comunista de se entregar a idêntico exame de consciência.



(2) Ao lado dessa tradição, desenvolveu-se outra que, ao contrário, procura dissolver a peculiaridade nacional do nazismo no rótulo geral de "fascismo" ou "nazifascismo", uma noção infinitamente elástica que abarca de Hitler a George W. Bush, passando pelos líderes sionistas e pelo general Augusto Pinochet, sem esquecer o senador Joe McCarthy, a Igreja Católica, as milícias patrióticas americanas, os militares brasileiros e, de modo geral, todos os adeptos da economia de mercado (ouvi com os meus dois ouvidos um professor da USP, José Luís Fiore, exclamar: "Liberalismo é fascismo!"). Explicando o fenômeno nazista como imperialismo capitalista, esta segunda linha de investigações, fortemente subsidiada pelos escritórios de propaganda do governo soviético, é autocontraditória e desprovida do mínimo de substância intellectual que justifique um debate sério, mas, graças à rede global de organizações militantes, espalhou-se como uma peste nos meios universitários do Terceiro Mundo, daí saltando para conquistar até mesmo algum espaço na Europa e nos Estados Unidos. No Brasil, tornou-se um dogma estabelecido e um dado do senso comum. Raciocinar fora dela é considerado um sintoma de doença mental ou uma prova cabal de inclinações nazifascistas. Tsk, tsk.



(3) Uma terceira linha, que subordina o conceito de nazismo à noção mais genérica das ideologias de massa, sublinhando suas semelhanças com o comunismo soviético e chinês e sondando suas origens nas fontes gerais do movimento revolucionário mundial, nunca alcançou a popularidade das outras duas, mas teve boa aceitação em círculos de estudiosos especializados graças às obras de Friedrich Hayek, Ludwig von Mises, Hannah Arendt, Norman Cohn, Eric Voegelin, Ernest Topitsch e, mais recentemente, Richard Overy.



O documentário de Edvin Snore, The Soviet Story, que já comentei aqui e que vocês podem descarregar com legendas em português no site www.endireitar.org, traz uma poderosa confirmação à tese número 3, reduz a número 2 ao engodo publicitário que ela sempre foi e, se não impugna totalmente a número 1, debilita consideravelmente as suas pretensões a ser "a" explicação dos crimes nazistas. Ao mostrar que toda a técnica dos campos de concentração e do extermínio em massa foi inventada pelos comunistas e só tardiamente copiada pelos nazistas mediante convênio com o governo soviético, Snore faz picadinho de qualquer tentativa de atribuir a crueldade nazista a alguma causa especificamente alemã. Os fatores culturais assinalados na tese número 1 explicam a emergência de um movimento nacionalista de tipo místico e irracionalista, mas não a extensão e a brutalidade quase inimaginável de seus crimes. Afinal, movimentos de inspiração idêntica surgiram em muitas outras partes do mundo sem ter por isso recorrido sistematicamente ao genocídio como técnica de governo. O próprio fascismo italiano, com toda a rigidez fanática do seu autoritarismo, nada fez de comparável ao Holocausto, e, segundo conhecedores habilitados como Hannah Arendt e Miguel Reale, não pode nem mesmo ser enquadrado legitimamente na categoria do "totalitarismo", de vez que o governo de Mussolini jamais tentou sequer obter o controle total da sociedade italiana e, bem ao contrário, tolerou a existência de dois poderes concorrentes: a Igreja e a monarquia. O emprego sistemático do genocídio como instrumento de governo foi invenção comunista. O que aconteceu na Alemanha foi a fusão deliberada de um imaginário de tipo nacionalista-místico com a técnica comunista de governo. Essa foi a originalidade de Hitler, até na opinião dele próprio. Ao declarar que toda a sua luta se inspirava diretamente em Karl Marx, ele não se referia, naturalmente, à mitologia patriótica do nazismo, mas à organização socialista da economia e sobretudo ao emprego sistemático do terror genocida. Hitler fundiu Mussolini com Lênin, e a parte genocida da mistura não veio do primeiro componente.



Um dos depoimentos mais importantes de The Soviet Story é o de George Watson, um professor de literatura que se especializou na pesquisa das fontes textuais do socialismo. Autor de um importante estudo sobre The Lost Literature of Socialism, que infelizmente não é citado no filme, Watson descobriu que, antes de Marx e Engels, nenhum ideólogo de qualquer espécie havia jamais proposto a liquidação de "povos inferiores" (expressão do próprio Marx) como prática deliberada e condição indispensável para a instalação de um novo regime. Nem mesmo Maquiavel havia pensado numa coisa dessas. O genocídio é criação sui generis do movimento socialista, e sete décadas se passaram antes que uma dissidência interna desse movimento desse origem ao fascismo e depois ao nazismo, que tardiamente adotou a fórmula do morticínio salvador então já posta em prática por Lênin na URSS.

Fonte: http://www.olavodecarvalho.org/semana/090120dc.html


sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A importância do Papa.

Ao instituir a Igreja, a partir do Colégio dos Doze Apóstolos, Jesus o quis como um grupo estável e escolheu Pedro para chefiá´lo (cf. Mt 16, 16s).



É fácil compreender essa iniciativa do Senhor.



Todo grupo humano precisa ter uma cabeça visível para manter a sua ordem e integridade.



Nenhuma instituição humana sobrevive sem observar esta lei.



O Código de Direito Canônico da Igreja, diz que:



´O Bispo da Igreja de Roma, no qual perdura o múnus concedido pelo Senhor singularmente a Pedro, primeiro dos Apóstolos, para ser transmitido a seus sucessores, é a Cabeça do Colégio dos Bispos, Vigário de Cristo e aqui na terra Pastor da Igreja universal; ele, pois, em virtude de seu múnus, tem na terra o poder ordinário supremo, pleno, imediato e universal, que pode sempre exercer livremente´ (CDC,Cân.331). A Igreja, que é semelhante ao próprio Jesus, isto é, ao mesmo tempo, humana e divina, precisa também ter uma Cabeça visível. Ela tem a sua Cabeça divina, invisível, o próprio Cristo; e tem a sua Cabeça humana, o seu chefe visível, o Papa. Cristo assim o quis. Diz o Catecismo que: ´Somente a Simão, a quem deu o nome de Pedro, o Senhor constituiu como a pedra da sua Igreja. Entregou´lhe as suas chaves, instituiu´o pastor de todo o rebanho´ (§881). ´E eu te declaro: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus´ (Mt 16,18´19). Estas palavras de Jesus são claríssimas, e só não as entende quem não quer. Não há como distorcê´las e manuseá´las. Pedro é a pedra sobre a qual Ele quis edificar a ´Sua´ Igreja. É preciso notar que o Senhor diz ´a Minha Igreja´. Usou um pronome possessivo ´Minha´; ela é propriedade Sua, é o Seu próprio Corpo, e Ele a quis construída sobre o Papa.



Não existe outra. Para não deixar dúvidas a respeito disto, no primeiro encontro que Jesus teve com Simão, trocou´lhe o nome para ´Kefas´, que quer dizer Pedro, o mesmo que pedra em aramaico. Quem nos relata isso é o evangelista São João.Pedro não se deu conta da grandiosidade daquele acontecimento, no momento, mas, certamente, se lembrou dele mais tarde. Ouçamos o evangelista contar, logo no início do seu Evangelho: ´André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido João [Batista] e que o tinham seguido. Foi ele então logo à procura de seu irmão e disse´lhe: ´Achamos o Messias (que quer dizer o Cristo). Levou´o a Jesus e Jesus, fixando nele o olhar, disse ´Tu és Simão, filho de João; serás chamado Kefas (que quer dizer pedra)´(Jo 1,40ss)´. É importante observar que ´no primeiro encontro´ com Simão, Jesus ´fixa nele o olhar´ e promete mudar o seu nome para Pedro. Isto não foi sem razão. Note também que Jesus colocou o verbo no futuro ´serás´ chamado ´Kefas´. Isto se deu, depois, na Cesaréia de Filipe: ´Tu és Pedro (Kefas)...´ A Bíblia nos indica que quando Deus muda o nome de alguém, é porque está dando a essa pessoa uma missão.Para o judeu o nome da pessoa tinha algo a ver com a sua identidade e missão. Assim, por exemplo o Anjo disse a José: ´Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus [= Yahweh salva], porque ele salvará o seu povo de seus pecados´ (Mt 1,21). Veja que o nome dado ao Messias de Deus é Jesus, designando a sua identidade divina (Yahweh) e a sua missão salvífica (salva). Um exemplo marcante de mudança de nome foi o que ocorreu com Abraão. Ele se chamava Abrão, que quer dizer ´pai elevado´, e Deus muda seu nome para Abraão, que significa ´pai de uma multidão´, porque Deus o escolhera para a grandiosa tarefa de pai do seu Povo. Diz o Gênesis: ´Abrão [note o nome antigo!] tinha noventa e nove anos. O Senhor apareceu´lhe e disse: ´Eu sou o Deus todo´poderoso. Anda em minha presença e sê íntegro, quero fazer aliança contigo e multiplicarei ao infinito a tua descendência´. Abrão prostrou´se com o rosto por terra. Deus disse´lhe: ´Este é o pacto que faço contigo: serás o pai de uma multidão de povos. De agora em diante não te chamarás mais Abrão, e sim Abraão, porque farei de ti uma multidão de povos...´(Gen17,18). Foi um momento muito solene em que Deus escolheu o ´Pai´ do seu Povo, de onde nasceria o Salvador. É interessante notar que Deus muda também o nome de Sara, de Sarai (estéril) para Sara (fértil). ´Disse Deus a Abraão: ´Não chamarás mais a tua mulher Sarai e sim Sara. Eu a abençoarei, e dela te darei um filho. Eu a abençoarei, e ela será mãe de nações e dela sairão reis´ (Gen 17, 15´16). A mesma mudança de nome ocorreu com Jacó, o Patriarca do povo Judeu, que Deus passa a chamar de Israel (o que luta com Deus): ´Deus apareceu ainda a Jacó ... e o abençoou. Deus lhe disse: ´Tens o nome de Jacó, mas não te chamarás mais Jacó: teu nome será Israel´.Deus disse: ´Eu sou El Shaddai. Sê fecundo e multiplica´te. Uma nação, uma assembléia de nações nascerá de ti e reis sairão de teus rins. Eu te dou a terra que dei a Abraão e a Isaac...´ (Gen 35,10´13).



Nessas passagens vemos outro momento solene na história do povo de Deus, onde Ele muda o nome de Jacó para designar´lhe o Patriarca. A expressão ´El´ significa ´Deus de Israel´ (Gen 33,20). Essa ´mudança de nome´ Jesus fez também com Simão, ´no primeiro encontro´, em vista da missão solene que lhe haveria de dar mais tarde: ´Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja´ (Mt 16,18). Não resta dúvida, portanto, que Pedro, e seus sucessores, são a Pedra angular, visível, que Cristo, Pedra angular invisível, quis na Igreja. Jesus quis essa pedra visível para que ela mantivesse a unidade da Igreja e a integridade da sua doutrina na verdade que liberta e salva. Após a Ressurreição Jesus confirmou Pedro como o pastor de todo o rebanho. ´Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: ´Simão, filho de João, amas´me mais do que estes ? ´ Respondeu ele: ´Sim, Senhor, tu sabes que te amo´. Disse´lhe Jesus. ´Apascenta os meus cordeiros´ (Jo 21, 15´17)´. Por três vezes o Senhor repetiu esta pergunta a Pedro, e por três vezes lhe disse: ´Apascenta as minha ovelhas´. A nenhum outro apóstolo isto foi dito. Alguns Padres da Igreja viram nesta tríplice confirmação de Pedro como ´Pastor do rebanho´, como que uma maneira de apagar aquelas três vezes que Pedro negou tristemente o Senhor dizendo: ´Não conheço este homem´ (Jo 18,17.25´27, Mt 26,70´75). Na verdade essa repetição tríplice era a forma solene que o hebreu usava na confirmação de uma missão. É importantíssimo notar que, mesmo após Pedro ter negado Jesus tristemente, por três vezes, ainda assim o Senhor não tirou dele a chefia do rebanho. Como então ´ podemos perguntar ´ os homens querem tirar de Pedro e do Papa o Primado da Igreja, se nem mesmo Jesus, após ter sido negado e renegado por Pedro, tirou´lhe o mandato? Se Cristo manteve Pedro como o Chefe da Sua Igreja, mesmo após a tríplice negação, seremos nós, homens, que teremos a ousadia de negar´lhe o primado? Não sejamos insensatos, ´de Deus não se zomba´ (Gal 6,7), nos ensina São Paulo. Isto mostra que atentam gravemente contra a vontade expressa do Senhor aqueles que não querem aceitar a jurisdição do Papa sobre toda a Igreja universal. Desde os primeiros séculos da Igreja, o Bispo de Roma, o Papa, exerceu este primado. Vejamos, por exemplo, o que diz São Cipriano (258), bispo de Cartago, o grande defensor da unidade da Igreja, já no terceiro século: ´O Senhor diz a Pedro: ´Eu te digo que és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela. Dar´te´ei as chaves do reino dos céus...O Senhor edifica a sua Igreja sobre um só, embora conceda igual poder a todos os apóstolos depois de sua ressurreição, dizendo: ´Assim como o Pai me enviou, eu os envio. Recebei o Espírito Santo, se perdoardes os pecados de alguém, ser´lhes´ão perdoados, se os retiverdes, ser´lhes´ão retidos. No entanto, para manifestar a unidade, dispõe por sua autoridade a origem desta mesma unidade partindo de um só. Sem dúvida, os demais apóstolos eram, como Pedro, dotados de igual participação na honra e no poder; mas o princípio parte da unidade para que se demonstre ser única a Igreja de Cristo... Julga conservar a fé quem não conserva esta unidade da Igreja? Confia estar na Igreja quem se opõe e resiste à Igreja? Confia estar na Igreja, quem abandona a cátedra de Pedro sobre a qual está fundada a Igreja?´ ( Sobre a Unidade da Igreja ). Vemos, portanto, que desde os primeiros séculos, os cristãos já tinham a noção exata de que sobre a cátedra de Pedro foi fundada a Igreja. São João Crisóstomo (407), bispo de Constantinopla, doutor da Igreja, dizia que: ´No interesse da paz e da fé não podemos discutir sobre questões relativas à fé sem o consentimento do Bispo de Roma.´ ´Pedro, na verdade, ficou para nós como a pedra sólida sobre a qual se apoia a fé e sobre a qual está edificada a Igreja. Tendo confessado ser Cristo o Filho de Deus vivo, foi´lhe dado ouvir: ´Sobre esta pedra ´ a da sólida fé ´ edificarei a minha Igreja´(Mt 16,18).´ ´Tornou´se enfim Pedro o alicerce firmíssimo e fundamento da Casa de Deus, quando, após negar a Cristo e cair em si, foi buscado pelo Senhor e por ele honrado com as palavras: ´apascenta as minhas ovelhas´(Jo 21,15s). Dizendo isto, o Senhor nos estimulou à conversão, e também a que de novo se edificasse solidamente sobre Pedro aquela fé, a de que ninguém perde a vida e a salvação, neste mundo, quando faz penitência sincera e se corrige de seus pecados´ (Haer. 59,c,8).



Segundo o testemunho de Santo Ireneu (202), desde o primeiro século, a Igreja de Roma tinha a primazia do ensino. Antes de dar a lista dos doze primeiros papas, ele afirma:´Porque é com essa Igreja (de Roma), em razão de sua mais poderosa autoridade de fundação, que deve necessariamente concordar toda igreja, isto é, que devem concordar os fiéis procedentes de qualquer parte, ela, na qual sempre, em benefício dos que procedem de toda parte, se conservou a tradição que vem dos apóstolos´ (Contra as Heresias). Santo Agostinho, após a condenação do Pelagianismo, a heresia que desprezava a graça de Deus, no sínodo do ano 416, com a concordância do Papa Inocêncio I, pronunciou a frase que ficou célebre na Igreja:´Roma locuta, causa finita!´ (Roma falou, encerrada a questão!) S. Pedro Crisólogo (450) afirmava: ´No interesse da paz e da fé não podemos discutir sobre questões relativas à fé sem o consentimento do Bispo de Roma.´ Eusébio de Cesaréia (340) dá o seu tes temunho, de que Pedro viveu e morreu em Roma: ´Pedro e Paulo, indo para a Itália, vos transmitiram os mesmos ensinamentos e por fim sofreram o martírio simultaneamente´ (História Eclesiástica, II 25,8). A História da Igreja, desde cedo, mostra que os sucessores de S. Pedro em Roma fizeram uso da sua jurisdição. Por exemplo na questão da data da festa da Páscoa, no século II, alguns cristãos da Ásia Menor não queriam seguir o calendário de Roma; o Papa S. Victor (189´199) ameaçou´os de excomunhão (cf. Hist. Ecles. Eusébio V 24, 9´18). Ninguém contestou o Bispo de Roma, o Papa; e parecia claro a todos os bispos que nenhum deles podia estar em comunhão com a Igreja universal (já chamada de católica) sem estar em comunhão com a Igreja de Roma. Isto mostra bem o primado de Pedro desde o início da Cristandade. Na Encíclica Mystici Corporis Christi, o Papa Pio XII mostrou muito bem que aqueles que não se ligam à Cabeça visível da Igreja, também não se ligam a Cristo, Cabeça da Igreja: ´Há os que se enganam perigosamente, crendo poder se ligar a Cristo, cabeça da igreja, sem aderir fielmente a seu Vigário na terra. Porque suprimindo esse Chefe visível, quebrando os laços luminosos da unidade, eles obscurecem e deformam o Corpo místico do Redentor a ponto de ele não poder ser reconhecido e achado dentro dos homens, procurando o porto da salvação eterna´. Qualquer um de nós no lugar de Jesus, após ter sido negado por Pedro, por três vezes, naquela hora terrível, teria dispensado Pedro da chefia da Igreja. Mas Jesus é diferente de todos nós ... manteve Pedro no timão da sua Barca. Parece´me que Jesus quis fazer o seu eleito, sentir fortemente a sua miséria, para nunca confiar em si mesmo, especialmente no governo da Igreja nascente. Pedro foi orgulhoso; ele havia dito a Jesus, momentos antes de Jesus ser preso: ´Senhor, estou pronto a ir contigo até a prisão e a morte´ (Lc 22,33). Ao que Jesus lhe respondeu: ´Digo´te Pedro, que não cantará hoje o galo, até que três vezes hajas negado que me conheces´ (v. 34). É importante notar que tudo isso aconteceu na mesma noite em que Jesus foi preso. Há uma verdade que os santos nos ensinam: ´é pela humilhação que nos tornamos humildes´.



Jesus deixou Pedro passar pela humilhação de negá´lo três vezes, talvez para que se tornasse humilde e apto para a chefia da Igreja. Mas é importante notar também que nessa mesma noite, Jesus disse a Pedro: ´Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo, mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos´ (Lc 22,31). Como são importantes estas palavras! Não aparece nos Evangelhos outra passagem onde se diga que Jesus orou especificamente por um Apóstolo.Satanás, quis derrubar Pedro, se possível fazer com ele, o que já tinha feito com Judas Iscariotes, mas o Senhor orou por ele: ´mas eu roguei por ti ...´. Se Pedro não desfaleceu após a tríplice negação de Jesus, se não caiu no mesmo remorso desesperador de Judas, certamente foi porque o Senhor intercedeu por ele junto do Pai. Pedro chorou amargamente o seu pecado: ´Voltando´se o Senhor, olhou para Pedro. Então Pedro se lembrou da palavra do Senhor : ´hoje, antes que o galo cante, negar´me´às três vezes. Saiu dali e chorou amargamente´ (Lc 22, 61´62). Que lágrimas benditas! Lágrimas de arrependimento e de dor, mas também de confiança que vence o desespero. Com tudo isso Jesus tinha feito uma grande obra no coração do seu escolhido. Aquele olhar de Jesus para Pedro destruiu toda a presunção e orgulho do primeiro Papa. ´Voltando´se o Senhor, olhou para Pedro. Então Pedro lembrou´se da palavra do Senhor...´(Lc 22,61). E depois de tudo isso, Jesus manteve´o no Primado da Igreja... ´Confirma os teus irmãos!´ (Lc 22.31) ´Apascenta as minhas ovelhas!´ (Jo 21,17) Esse é o ministério petrino que o Papa cumpre em todos os tempos, e que o nosso querido João Paulo II exerce viajando pelo mundo todo para confirmar na fé os seus irmãos. Já foram mais de 90 viagens pelo mundo todo... A Igreja já teve cerca de 264 Papas; chegou mesmo a ter 37 anti´Papas, que foram Papas ilegítimos; mas sempre teve o sucessor legítimo de Pedro. A permanência contínua desse ministério, contra todos os obstáculos enfrentados nesses 2000 anos, mostra´nos de maneira inequívoca de que foi instituído por Deus. É interessante notar que nenhum deles assumiu o nome de Pedro. Nunca houve o Pedro II, Pedro III; isto porque na verdade todos eles são o mesmo Pedro. Nós o chamamos de João Paulo II, mas Jesus continua a chamá´lo de Pedro. ´Tu és Pedro !´ (Mt 16,18).Certa vez São João Bosco teve um sonho profético. Viu o mar agitado pelos ventos e uma batalha acontecendo. No meio da tormenta ele viu uma grande nau dirigida pelo Papa, atravessando o oceano agitado. Duas correntes saiam de cada lado da barca e a prendiam em duas fortes colunas de alturas diferentes. Sobre a mais alta ele viu a Sagrada Hóstia num ostensório, estando escrito na sua base as palavras ´Salus credentium´ (Salvação do que crêem). Sobre a outra coluna ele viu a imagem de Nossa Senhora Auxiliadora e na base as palavras: ´Auxilium Christianorum´ (Auxiliadora dos Cristãos). Deus mostrou a D. Bosco, e a nós, que essas são as três salvaguardas principais da Igreja, que não permitirão jamais as portas do inferno a vencerem: a Eucaristia, Maria e o Papa.



Devemos observar que Pedro sempre foi o lider do Colégio dos Apóstolos e seu porta´voz. Muitas são as passagens onde ele aparece como o líder, antes e depois da morte e ressurreição de Jesus, evidenciando o primado de Pedro no Colégio dos Doze. Vejamos alguns exemplos. O nome de Pedro é mencionado 171 vezes no Novo Testamento. João apenas 46 vezes, é o segundo mais citado. No catálogo dos Apóstolos, Pedro é sempre citado em primeiro lugar: ´Escolheu estes doze: Simão, a quem pôs o nome de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e João seu irmão ...´ (Mc 3,16). ´Eis os nomes dos doze apóstolos: ´o primeiro, Simão, chamado Pedro; depois André, seu irmão ...´ (Mt 10,1´4). ´Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos : Simão, a quem deu o nome de Pedro; André seu irmão...´ (Lc 6,12´16). Após a ressurreição de Jesus, continua Pedro sempre citado em primeiro lugar: ´Tendo entrado no Cenáculo, subiram ao quarto de cima, onde costumavam permanecer. Eram eles : ´Pedro e João, Tiago, André ...´ (At 1,13). Por outro lado, Pedro aparece sempre como o ´porta´voz´ do Grupo: ´Então perguntou´lhes Jesus: ´E vós, quem dizeis que eu sou? Pedro respondeu: ´Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!´ (Mt 16,15´16). É interessante notar que Pedro é também o escolhido pelo Pai para revelar aos outros a divindade de Jesus. ´Feliz és Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus´ (Mt 16,17). Em outras ocasiões Pedro toma a frente: ´Pedro começou a dizer´lhe: ´Eis que deixamos tudo e te seguimos´ (Mc 10,28). ´Então Pedro se aproximou dele e disse: ´Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim ? Até sete vezes?´ (Mt 18,21). ´Disse´lhe Pedro: ´Senhor, propões esta parábola só a nós ou também a todos? ´ (Lc 12,41). No momento difícil, após o discurso sobre a Eucaristia, quando Jesus ´checou´ até o fundo a fé dos discípulos, é Pedro quem responde : ´Então Jesus, perguntou aos Doze: ´Quereis vós também retirar´vos ? Respondeu´lhe Simão Pedro: ´Senhor, a quem iríamos nós ? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós cremos e sabemos que Tu és o Santo de Deus´(Jo 6,67´69). Essas passagens mostram bem a ´escolha´ de Pedro. Em muitas outras encontramos essa expressão ´Pedro e os seus´: ´Entretanto, Pedro e seus companheiros tinham deixado vencer´se pelo sono ...´ (Lc 9,32) ´Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galiléia ...´ (Mc 16,7). É relevante notar que Jesus orou por Pedro... (Lc 22,31).



Tudo isto mostra a necessidade do Papa para a Igreja. A Pedro o Senhor quis confiar uma missão especial, simbolizado pela palavra ´Kephas´, que quer dizer Rocha, fundamento sólido sobre o qual se ergueria o edifício da Igreja, que haveria de perdurar até o fim do mundo. Por isso, o seu fundamento também há de ser duradouro; daí vemos claramente que as faculdades, os poderes dado a Pedro, hão de ser transmissíveis aos seus sucessores, como desde o princípio os Apóstolos e seus sucessores assim entenderam. Desde o início os demais Apóstolos entenderam a missão especial de Pedro, conferida a ele por Jesus, e o respeitaram. Um fato que mostra bem isso foi, por exemplo, o que aconteceu no dia de Pentecostes. É Pedro quem toma a palavra para falar ao povo : ´Pedro, de pé com os Onze, ergueu a voz e assim lhes falou: ´Homens da Judéia, e habitantes todos de Jerusalém ...´ (At 2,14 s). Em outra ocasião: ´Então Pedro, cheio do Espírito Santo, respondeu´lhes : ´Chefes do povo e anciãos, ouvi´me ...´ (At 4,8s). É bom recordarmos que o único Apóstolo que ficou aos pés da cruz do Senhor crucificado foi João; mas, ainda assim Pedro permaneceu o lider, o porta´voz deles, o chefe da Igreja, como Jesus havia querido. ´À vista disso, Pedro dirigiu´se ao povo: Homens de Israel, por que vos admirais disto?´ (At 3,12´25). Outro fato importantíssimo do exercício dos poderes de Pedro, foi a admissão do primeiro pagão (Cornélio) na Igreja, em Jope, aceita por ele. Isto era algo inadmissível para os judeus. Mas Jesus mostrou a Pedro que veio salvar a todos; e, depois que Pedro viu o Espírito Santo ´cair sobre os que ouviam a palavra´ (At 10,44) na casa de Cornélio, não teve dúvidas de batizar a todos da sua casa : ´Pode´se, porventura, recusar a água do batismo a esses que, como nós, receberam o Espírito Santo? E ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo´ (At 10,44´45). Esta foi a primeira vez que os pagãos (os não judeus) foram admitidos na Igreja; isto é, batizados; e por decisão de Pedro. Leia todo o texto de At 10, 1´48. Somente Pedro tinha esta autoridade. Se esta decisão ´história´ fosse tomada por outro, certamente seria muito difícil de ter sido aceita em Jerusalém. Mas, quando Pedro voltou para lá, e expôs cuidadosamente os fatos, todos aceitaram: ´Os apóstolos e os irmãos da Judéia ouviram dizer que também os pagãos haviam recebido a palavra de Deus. E quando Pedro subiu a Jerusalém, os fiéis que eram da circuncisão repreenderam´no: ´Por que entraste em casa de incircuncisos e comeste com eles?´ Mas Pedro fez´lhes uma exposição de tudo o que acontecera....´ ´Depois de terem ouvido essas palavras, eles se calaram e deram glória a Deus dizendo: ´Portanto também aos pagãos concedeu Deus o arrependimento que conduz à vida´(At 11,1´18). É relevante o fato do Senhor ter introduzido os pagãos na Igreja, pelo Batismo, exatamente através de Pedro. Mais uma vez Pedro... Outro fato marcante na vida da Igreja primitiva, e que mostra claro os poderes de Pedro, foi na realização do Primeiro Concílio universal; o de Jerusalém, no ano 49. Toda a polêmica girou em torno da necessidade da circuncisão antes do pagão ser batizado. São Paulo e S. Barnabé ensinavam, na forte comunidade de Antioquia, que não era necessário a circuncisão; mas alguns cristãos, vindos de Jerusalém à Antioquia ensinavam o contrário. Houve conflito. ´Alguns homens, descendo da Judéia [à Antioquia], puseram´se a a ensinar aos irmãos o seguinte: ´Se não vos circuncidais, segundo o rito de Moisés, não podeis ser salvos´.



Originou´se então grande discussão de Paulo e Barnabé com eles, e resolveu´se que estes dois, com alguns outros irmãos, fossem tratar desta questão com os Apóstolos e os anciãos em Jerusalém´ (At 15,1´3). Por isso aconteceu o primeiro Concílio da Igreja. Ouçamos a narração de S. Lucas : ´Ao fim de uma grande discussão, Pedro levantou´se e lhes disse: ´Irmãos, vós sabeis que já há muito tempo Deus me escolheu dentre vós, para que da minha boca os pagãos ouvissem a palavra do Evangelho e cressem ... Por que, pois, provocais agora a Deus, impondo aos discípulos um jugo [circuncisão] que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? Nós cremos que pela graça de Nosso Senhor Jesus Cristo seremos salvos, exatamente como eles. Toda a assembléia o ouviu silenciosamente´ (At 15,1´12). Só ´depois de terminarem´ (v.13) é que Tiago toma a palavra para corroborar e completar o que Pedro decidiu. Não sei sob que fundamentos alguns livros protestantes querem afirmar que foi Tiago, e não Pedro, quem presidiu o Concílio de Jerusalém. Basta ler Atos15, para se tirar facilmente a conclusão. É interessante notar também o que Pedro lembra a todos: ´há muito tempo Deus me escolheu dentre vós...´ É relevante notar ainda que Paulo e Barnabé, bem como a importante comunidade cristã de Antioquia, a mais antiga depois da de Jerusalém, não resolveu a questão da circuncisão por ela mesma, mas foram levar a decisão para Pedro e os Apóstolos em Jerusalém. Isto mostra que no Cristianismo nunca ouve comunidades ´independentes´ ou igrejas que viviam independentes dos Apóstolos. A Igreja primitiva sempre esteve sob a jurisdição dos Apóstolos e de Pedro, como podemos ver em vários fatos. ´Nem havia entre eles nenhum necessitado, porque todos os que possuiam terras ou casas vendiam´nas, e traziam o preço do que tinham vendido e depositavam´no aos pés dos apóstolos´ (At 4,35). No episódio triste de Ananias e Safira, é pelas mãos de Pedro que eles recebem a punição de Deus pelo seu pecado: ´Pedro, porém disse : ´Ananias, por que tomou conta Satanás do teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo ...´. Ao ouvir essas palavras Ananias caiu morto´ (At 5,3´6). É belo notar que: ´...traziam os doentes para as ruas e punham´nos em leitos e macas, a fim de que, quando Pedro passasse, ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles´ (At 5,15). Quando o sumo Sacerdote e os doutores da lei quiseram obrigar os Apóstolos ao silêncio, ´Pedro e os Apóstolos replicaram: ´importa obedecer antes a Deus do que aos homens´ (At 5,29). Sempre Pedro está na frente; e junto com os Apóstolos. Não há como negar o primado de Pedro à frente da Igreja primitiva. A jurisdição dos Apóstolos sobre a Igreja sempre se fez valer, e jamais, repito, houve ´igrejas independentes´, até a triste reforma protestante de 1517: ´Os Apóstolos que se achavam em Jerusalém, tendo ouvido que a Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram´lhe Pedro e João.



Estes, assim que chegaram fizeram oração pelos novos fiéis, a fim de receberem o Espírito Santo ... Então os dois Apóstolos lhes impuseram as mãos e receberam o Espírito Santo´ (At 8,14´17). A partir deste episódio a Igreja foi descobrindo o Sacramento da Crisma, ministrado pelo Bispo. Isto mostra que os Apóstolos governavam toda a Igreja primitiva. Após a perseguição que se seguiu à morte de Estevão, muitos gentios se converteram em Antioquia, pela pregação dos dispersos que lá se refugiaram. A notícia dessas coisas chegou aos ouvidos da Igreja de Jerusalém. Enviaram então Barnabé à Antioquia (At 11,19´22). A Igreja de Jerusalém mantinha a vigilância. São Lucas registra que : ´Em cada Igreja [os apóstolos] instituiam anciãos e, após orações com jejuns encomendavam´nos ao Senhor, em quem tinham confiado´ (At 14,23). Esses fatos mostram claro que as igrejas particulares nunca foram independentes dos Apóstolos, e de Pedro especialmente, como querem os irmãos separados da Igreja Católica. Toda a Tradição apostólica confirma isto. São Pedro foi martirizado em Roma. As escavações realizadas sob a basílica do Vaticano nos últimos decênios, bem como os escritores antigos, confirmam isto. Os arqueólogos descobriam um túmulo cristão sob a basílica vaticana, em meio a túmulos pagãos. Esse túmulo cristão tinha acesso por uma via que devia ser muito frequentada. Foram encontradas junto a esse túmulo numerosas inscrições a carvão (graffiti), fazendo menção ao Apóstolo Pedro. Encontraram ossos de um indivíduo de 60 a 70 anos, que é muito provavelmente de S. Pedro. Quando Pedro morreu, no ano 67, os cristãos ainda não tinham cemitérios próprios, e por isso o enterraram em um cemitério pagão. Foi o imperador romano Constantino, filho de Santa Helena, que convertido ao Cristianismo, construiu a basílica de S. Pedro, no século IV. É importante notar que ele podia ter escolhido, ao lado do local onde a Basílica foi construída, um terreno mais adequado, plano e grande: o chamado ´Circo de Nero´. Ao contrário, mandou edificar a Basílica sobre um terreno fortemente inclinado e já ocupado por um cemitério, que era um local respeitado pelos romanos. Se Constantino preferiu o local acidentado e ´desrespeitou´ o cemitério, construindo sobre ele a Basílica, é porque deve ter tido uma razão forte, exatamente a presença do túmulo de São Pedro ali. Por todas essas razões os Bispos de Roma são os sucessores de Pedro, com jurisdição sobre toda a Igreja. A Igreja Católica é chamada também de Romana por ter a sua sede, a Santa Sé, em Roma. Esta denominação, embora não seja uma exigência doutrinária, não é gratuita. Firmando a sede da Sua Igreja exatamente no coração do Império Romano, aquele que quis destruir a Igreja, que sacrificou milhares de mártires, com isto Cristo mostrou ao mundo que a Sua Igreja é invencível, e que jamais os poderes do inferno a vencerão. Sua promessa se cumpre. O império romano, talvez o maior império que a humanidade já conheceu, não conseguiu vencer aqueles Doze homens simples da Galiléia; ao contrário, foi ´engolido´ pelo cristianismo. No ano 313 o imperador Constantino, filho de Santa Helena, assinava o Edito de Milão, que acabava com a perseguição contra os cristãos em todo o império. Pouco tempo depois, o imperador Teodósio oficializava o cristianismo como a religião oficial do império. Um pouco depois, um último imperador, Juliano, que passou à história com o apelido de ´o apóstata´, ainda quis voltar atrás e reinstaurar o paganismo em Roma; mas já era tarde. Dizem que morreu com esta frase nos lábios: ´Tu venceste ó Galileu!´. Como disse muito bem Daniel Rops, ´o Império se ajoelhou diante da Cruz!´ E isto na Roma dos Césares. Por isso a Igreja é romana.
Fonte: http://www.cleofas.com.br/virtual/texto.php?doc=PAPA&id=pap0049

Catequese do Papa: São Tomás de Aquino, o “Doutor Angélico”.

Catequese do Papa: São Tomás de Aquino, o “Doutor Angélico”



Intervenção na audiência geral de 2 de junho de 2010


CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 2 de junho de 2010 (ZENIT.org).- Apresentamos, a seguir, a catequese dirigida pelo Papa aos grupos de peregrinos do mundo inteiro, reunidos na Praça de São Pedro para a audiência geral.


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Queridos irmãos e irmãs:



Após algumas catequeses sobre o sacerdócio e minhas últimas viagens, voltamos hoje ao nosso tema principal, isto é, para a meditação sobre alguns grandes pensadores da Idade Média. Havíamos visto a grande figura de São Boaventura, franciscano, e hoje gostaria de falar daquele que a Igreja chama o Doctor communis: São Tomás de Aquino. Meu adorado antecessor, o Papa João Paulo II, em sua encíclica Fides et ratio, lembrou que São Tomás "sempre foi proposto pela Igreja como mestre do pensamento e modelo do modo certo de fazer teologia" (n. 43). Não surpreende que, depois de Santo Agostinho, entre os escritores eclesiásticos mencionados no Catecismo da Igreja Católica, São Tomás seja citado mais que qualquer outro, até 61 vezes! Foi chamado também Doctor Angelicus, talvez por suas virtudes, em particular a sublimidade de seu pensamento e a pureza de sua vida.



Tomás nasceu entre 1224 e 1225, no castelo que sua família, nobre e rica, possuía em Roccasecca, nas proximidades de Aquino, perto da célebre abadia de Monte Cassino, onde foi enviado por seus pais para receber os primeiros elementos de sua instrução. Um ano depois, mudou-se para a capital do Reino de Sicília, Nápoles, onde Federico II havia fundado uma prestigiosa Universidade. Nela era ensinado, sem as limitações existentes em outros lugares, o pensamento do filósofo grego Aristóteles, a quem o jovem Tomás foi apresentado e de quem intuiu grande valor imediatamente. Mas, sobretudo naqueles anos transcorridos em Nápoles, nasceu sua vocação dominicana. Tomás foi, de fato, atraído pelo ideal da ordem fundada não muitos anos antes por São Domingos. Contudo, quando revestiu o hábito dominicano, sua família opôs-se a esta escolha, obrigando-o a deixar o convento e a passar algum tempo em família.



Em 1245, já maior de idade, pôde retomar seu caminho de resposta ao chamado de Deus. Foi enviado a Paris para estudar teologia, sob a orientação de outro santo, Alberto Magno, sobre o qual falei recentemente. Alberto e Tomás estreitaram uma verdadeira e profunda amizade e aprenderam a estimar-se e a apreciar-se, até o ponto que Alberto quis que seu discípulo o acompanhasse, também, a Colônia, aonde ele havia sido enviado pelos superiores da ordem para fundar um estudo teológico. Tomás manteve, então, contato com todas as obras de Aristóteles e de seus comentaristas árabes, que Alberto ilustrava e explicava.



Naquele período, a cultura do mundo latino estava profundamente estimulada pelo encontro com as obras de Aristóteles, que haviam sido ignoradas por muito tempo. Tratava-se de textos sobre a natureza do conhecimento, sobre ciências naturais, sobre metafísica, sobre a alma e sobre a ética, repletos de informações e instruções que pareciam válidas e convincentes. Era toda uma visão completa do mundo elaborada sem e antes de Cristo, com a pura razão, e parecia impor-se à razão como "a" própria visão; era, portanto, uma fascinação incrível para os jovens verem e conhecerem esta filosofia. Muitos acolheram com entusiasmo, até mesmo com entusiasmo acrítico, esta enorme bagagem do antigo conhecimento, que parecia poder renovar vantajosamente a cultura, abrir totalmente novos horizontes. Outros, porém, temiam que o pensamento pagão de Aristóteles estivesse em oposição à fé cristã e recusavam estudá-lo.



Encontraram-se duas culturas: a cultura pré-cristã de Aristóteles, com sua racionalidade radical, e a cultura clássica cristã. Certos ambientes eram levados à rejeição de Aristóteles, também pela apresentação que deste filósofo faziam os comentaristas árabes Avicena e Averróis. Na realidade, foram eles que transmitiram para o mundo latino a filosofia aristotélica. Por exemplo, estes comentaristas tinham ensinado que os homens não têm uma inteligência pessoal, mas que há um único intelecto universal, uma substância espiritual comum a todos, que opera em todos como "única": portanto, uma despersonalização do homem. Outro ponto discutível transmitido pelos comentaristas árabes era aquele segundo o qual o mundo é eterno como Deus. Desencadearam-se, compreensivelmente, disputas sem fim no mundo universitário e no eclesiástico. A filosofia aristotélica ia se difundindo, inclusive pelas pessoas simples.



Tomás de Aquino, na escola de Alberto Magno, realizou uma operação de fundamental importância para a história da filosofia e da teologia, diria que para a história da cultura: estudou a fundo Aristóteles e seus intérpretes, procurando novas traduções latinas dos textos originais em grego. Assim, não se apoiava apenas nos comentaristas árabes, sendo que podia ler pessoalmente os textos originais, e comentou grande parte dos trabalhos aristotélicos, distinguindo neles o que era válido do que era duvidoso ou completamente rejeitável, mostrando a concordância com os dados da Revelação cristã e utilizando ampla e intensamente o pensamento aristotélico na exposição dos manuscritos teológicos que compôs. Em definitivo, Tomás de Aquino mostrou que entre a fé cristã e a razão subsiste uma harmonia natural. E esta é a grande obra de Tomás, que, naquele momento de confrontação entre duas culturas - momento em que parecia que a fé teria que render-se à razão -, mostrou que ambas caminham juntas; que, quando a razão parecia incompatível com a fé, não era razão, e quando a fé parecia opor-se à verdadeira racionalidade, não era fé; assim, criou uma nova síntese, que formou a cultura dos séculos seguintes.



Por seus excelentes dotes intelectuais, Tomás foi chamado a Paris como professor de teologia na cátedra dominicana. Aqui começou também sua produção literária, que prosseguiu até sua morte e que tem algo de prodigioso: comentários à Sagrada Escritura, porque o professor de teologia era, sobretudo, intérprete da Escrituras, comentários aos manuscritos de Aristóteles, obras sistemáticas poderosas, entre as quais sobressai a Summa Theologiae, tratados e discursos sobre argumentos diversos. Para a composição de seus textos, era ajudado por alguns secretários, entre eles seu irmão Reginaldo de Piperno, que o seguiu fielmente e ao qual esteve ligado por uma amizade sincera e fraterna, caracterizada por uma grande confiança. Esta é uma característica dos santos: eles cultivavam a amizade, porque esta é uma das manifestações mais nobres do coração humano e tem em si algo de divino, como Tomás mesmo explicou em algumas quaestiones da Summa Theologia, na qual escreve: "A caridade é a amizade do homem com Deus principalmente, e com os seres que Lhe pertencem (II, q. 23, a.1)".



Não permaneceu durante muito tempo e de um modo estável em Paris. Em 1259 participou do Capítulo Geral dos Dominicanos para Valenciennes, onde foi membro de uma comissão que estabeleceu o programa de estudos da ordem. De 1261 a 1265, depois, Tomás esteve em Orvieto. O Pontífice Urbano IV, que sentia por ele uma grande estima, o encarregou da composição dos textos litúrgicos para a festa de Corpus Domini, que celebramos amanhã, instituída depois do milagre eucarístico de Bolsena. Tomás teve uma alma perfeitamente eucarística. Os belíssimos hinos que a liturgia da Igreja canta para celebrar o mistério da presença real do Corpo e do Sangue do Senhor, na Eucaristia são atribuídos à sua fé e à sua sabedoria teológica. Entre 1265 e 1268, Tomás residiu em Roma, onde, provavelmente, dirigia um Studium, quer dizer, uma Casa de Estudos da Ordem, e onde começou a escrever sua Summa Theologiae (cf. Jean-Pierre Torrell, Tommaso d'Aquino. L'uomo e il teologo, Casale Monf., 1994, pp. 118-184).



Em 1269, foi chamado novamente a Paris para um segundo ciclo de ensinos. Os estudantes - compreende-se - estavam encantados com suas lições. Um ex-aluno seu declarou que uma enorme multidão de estudantes seguia os cursos de Tomás, tanto que as salas de aula não conseguiam comportar-lhes, e acrescentou, com uma anotação pessoal que "escutá-lo era para ele uma felicidade profunda". A interpretação de Aristóteles dada por Tomás não era aceita por todos, mas até mesmo seus adversários no campo acadêmico, como Godofredo de Fontaines, por exemplo, admitiam que a doutrina de Tomás era superior a outras por sua utilidade e valor e servia a todos os demais doutores. Talvez também para subtraí-lo das vivazes discussões em curso, os superiores enviaram-no mais uma vez a Nápoles, para colocar-se à disposição do rei Carlos I, que queria organizar os estudos universitários.



Além do estudo e do ensino, Tomás dedicou-se também à pregação ao povo. E também o povo ia de bom grado escutá-lo. Diria que é verdadeiramente uma graça grande quando os teólogos sabem falar com simplicidade e fervor aos fiéis. Por outro lado, o ministério da pregação ajuda os próprios especialistas em teologia, num saudável realismo pastoral, e enriquece de estímulos vivazes sua investigação.



Os últimos meses da vida terrena de Tomás permanecem rodeados de uma atmosfera particular, diria misteriosa. Em dezembro de 1273, chamou seu amigo e secretário Reginaldo para comunicar-lhe sua decisão de interromper todo o trabalho, porque durante a celebração da Missa havia compreendido, a partir de uma revelação sobrenatural, que tudo que ele tinha escrito até então era apenas "um montão de palha". É um episódio misterioso que nos ajuda compreender não apenas a humildade pessoal de Tomás, mas também o fato de que tudo aquilo que chegamos a pensar e a dizer sobre a fé, por mais elevado e puro que seja, é infinitamente superado pela grandeza e pela beleza de Deus, que nos será revelada em plenitude no Paraíso. Um mês depois, cada vez mais absorto em uma meditação pensativa, Tomás morreu enquanto estava de viagem para Lyon, aonde ia para participar do Concílio Ecumênico proclamado pelo Papa Gregório X. Apagou-se na Abadia Cisterciense de Fossanova, após ter recebido o Viático com sentimentos de grande piedade.



A vida e o ensinamento de São Tomás de Aquino poderia se resumir em um episódio apanhado pelos biógrafos antigos. Enquanto o santo, como era seu costume, estava em oração perante o crucifixo, pelo início da manhã na Capela de São Nicolau, em Nápoles, Domingo de Caserta, o sacristão da igreja, sentiu desenvolver-se um diálogo. Tomás perguntava, preocupado, se o que havia escrito sobre os mistérios da fé cristã estava correto. E o Crucifixo respondeu: "Tu tens falado bem de mim, Tomás. Qual será tua recompensa?". E a resposta que Tomás deu é a que nós também, amigos e discípulos de Jesus, sempre quisemos dizer: "Nada mais que Tu, Senhor" (Ibidem, p. 320).



[No final da audiência, o Papa cumprimentou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:]



Queridos irmãos e irmãs:



São Tomás de Aquino é proposto pela Igreja como mestre de pensamento e modelo quanto ao reto modo de fazer teologia. Nascido na primeira metade do século XIII, no seio de uma família nobre e rica, fez os primeiros estudos na abadia beneditina de Monte Cassino, seguindo depois para Nápoles, onde teve o primeiro contato com as obras de Aristóteles. Aí decide fazer-se dominicano, enfrentando a oposição familiar. Enviado a Paris, teve como professor Santo Alberto Magno, com quem pôde aprofundar nos estudos aristotélicos: com efeito, as obras deste filósofo grego eram vistas por muitos como contrárias à fé cristã, mas Tomás soube distinguir aquilo que era válido, do que era duvidoso ou mesmo contrário à fé, mostrando assim a harmonia natural entre a fé cristã e a razão. Escreveu inúmeras obras, dentre as quais se destaca a Summa Theologiae. Profundo amante do mistério eucarístico, compôs os textos litúrgicos da festa de Corpus Christi. Depois de uma experiência mística enquanto celebrava a Missa, decidiu interromper a sua produção literária, reconhecendo humildemente que tudo quanto tinha escrito era infinitamente superado pela grandeza e beleza de Deus. Morreu a caminho do concílio ecumênico de Lion.



Uma saudação afetuosa a todos os peregrinos vindos do Brasil e demais países lusófonos, nomeadamente os fiéis da diocese de Serrinha, acompanhados do seu bispo, Dom Ottorino Assolari! Possa cada um de vós encontrar Jesus Cristo vivo e operante na Igreja através da sua presença real na Eucaristia. E assim, fortalecidos com a sua graça, possais servi-lo nos irmãos. De coração, a todos abençoo. Ide com Deus!



[Tradução: Cláudio Luís Campos Mendes]



A fúria dos batistas “ofendidos”.

A fúria dos batistas “ofendidos”

Autor: Julio Severo.

A "justiça" que Geter Borges, Gilmar Machado e a Aliança de Batistas do Brasil pregam e promovem é amiga do marxismo e, quer eles gostem ou não, é amiga das iniquidades que o marxismo sempre acaba acarretando como enchente. O Pr. Piragine errou ao citar o nome de um dos partidos que mais promove iniquidades no Brasil? Não.




"Ofendido" é a palavra que descreve melhor a reação do deputado federal Gilmar Machado ao vídeo do Pr. Paschoal Piragine Jr. da Primeira Igreja Batista de Curitiba.




O "ofendido" diz: "Há alguns dias vem sendo veiculado na internet vídeo que orienta os cristãos a não votarem em nenhum dos candidatos filiados ao Partido dos Trabalhadores (PT), do qual faço parte. Sou membro da lgreja Batista Central de Uberlândia há 34 anos, e busco manter meu testemunho e minha conduta coerente com os ensinamentos de Cristo. Sendo assim, considero-me vitima de injustiça de uma orientação contra todos os candidatos do PT".

No entanto, o vídeo (http://www.youtube.com/watch?v=ILwU5GhY9MI) do pastor de Curitiba, que já passou a marca incrível de 1 milhão e meio de visitações, não atacou os ensinamentos de Cristo. As palavras do Pr. Paschoal Piragine trataram somente das ameaças de vários projetos contra a família no Congresso Nacional. Por pura coincidência, a maioria desses projetos é do PT. Igualmente por pura coincidência, as decisões do governo Lula durante oito anos arrastaram o Brasil implacavelmente para um obsessivo direcionamento contra a família.





O "ofendido" ficou ofendido somente porque, sendo líder do governo Lula na Câmara dos Deputados, ele achou que Piragine errou ao dizer que o PT é pró-aborto. Machado diz: "Não é verdade que o PT possui uma orientação pela descriminalização do aborto. Em seu IV Congresso, o PT modificou a resolução que fala de aborto e estabeleceu para o atual programa de governo da Dilma o seguinte texto: 'Promover a saúde da mulher, os direitos sexuais e direitos reprodutivos'".



A Federação Internacional de Planejamento Familiar, a maior organização de aborto do mundo que possui clínicas de aborto em vários países, nunca diz que promove o aborto. Diz somente que 'promove a saúde da mulher, os direitos sexuais e direitos reprodutivos'. A linguagem dissimuladora do aborto é hoje a linguagem de "direitos sexuais" e "direitos reprodutivos". Mas, sendo líder do governo Lula, o ofendido Machado nega com insistência que o PT tenha essa dissimulação, concluindo seu comunicado: "O conteúdo apresentado no vídeo [do Pr. Piragine] não corresponde, portanto, com a realidade do que está sendo defendido pelo PT. Podemos pegar os posicionamentos do PT, comparar com o conteúdo do vídeo e observaremos que não existe veracidade".



Seguindo essa linha esquizofrênica, os nazistas e comunistas também poderiam alegar que dizer que nazismo e comunismo geram genocídio e crimes "não corresponde com a realidade".



Contudo, outros batistas ofendidos também apareceram no cenário, igualmente revoltados porque uma suposta "honra" do PT foi atacada.



Uma tal de Aliança de Batistas do Brasil (ABB), em manifesto público, afirmou sua "repulsa a toda estratégia político-religiosa de 'demonização do Partido dos Trabalhadores do Brasil'". O documento enfatiza: "A Aliança de Batistas do Brasil sente-se na obrigação de contradizer o discurso que atribui ao PT a emergente 'legalização da iniquidade'... Enfim, a Aliança de Batistas do Brasil vem a público levantar o seu protesto contra o processo apelatório e discriminador que nos últimos dias tem associado o Partido dos Trabalhadores às forças da iniquidade".



O bom é que essa ABB é um agrupamento insignificante. Mas não nos esqueçamos de que o governo Lula já teve batistas poderosos do seu lado, inclusive o falecido Pr. Nilson Fanini.



Outro batista ofendido foi o Geter Borges de Souza, que disse numa carta ao Pr. Piragine: "Sou membro da Segunda Igreja Batista do Plano Piloto, trabalho na Câmara dos Deputados a sete anos e tenho acompanhado o PT, o governo federal e os projetos relacionados com as questões ligadas a sexualidade. Tivemos acesso ao vídeo onde o senhor se pronuncia contra o PT e diante dele gostaria de fazer alguns questionamentos. Dizer que o conteúdo apresentado no vídeo é o que está sendo defendido pelo PT não corresponde com a realidade. Podemos pegar os posicionamentos do PT e comparar com o conteúdo do vídeo e observaremos que não existe veracidade".



Conheço o Geter pessoalmente. Ele sempre trabalhou atrelado aos deputados evangélicos do PT, e já ocupou o cargo de secretário geral do Movimento Evangélico Progressista (MEP), a maior organização evangélica marxista do Brasil, que desempenhou papel fundamental no esforço para levar as igrejas para elegerem Lula em 2002. Hoje, Geter trabalha na entidade marxista "Evangélicos Pela Justiça" (EPJ), que vê Cuba como referência de desenvolvimento "educacional".



Um genuíno seguidor de Jesus só veria doutrinação e lavagem cerebral no sistema educacional de Cuba, mas o EPJ, seguindo a linha do MEP (fundado pelo Bispo Robinson Cavalcanti e uma das colunas da revista Ultimato), presta culto ao marxismo.



A "justiça" que Geter Borges, Gilmar Machado e a Aliança de Batistas do Brasil pregam e promovem é amiga do marxismo e, quer eles gostem ou não, é amiga das iniquidades que o marxismo sempre acaba acarretando como enchente.



O Pr. Piragine errou ao citar o nome de um dos partidos que mais promove iniquidades no Brasil? Não. A Palavra de Deus deixa bem claro que a função do sacerdote é ensinar as pessoas a diferença entre o certo e o errado, o santo e o profano e o puro e o impuro. Essa diferenciação deve ser ensinada em todas as áreas, inclusive política.



Desempenhando sua função sacerdotal, Piragine apenas ensinou o povo sobre o certo e o errado. Geter Borges, Gilmar Machado e a Aliança de Batistas do Brasil têm todo o direito de escolher o errado e até de ficarem ofendidos quando seu erro é exposto. Mas não têm direito de chamar de "certo" o que está patentemente errado.



Eles não têm direito de dizerem que estão sendo "injustiçados" quando o PT é exposto em suas iniquidades, pois o PT é o partido que mais impõe o marxismo e suas injustiças no povo brasileiro, transformando o crime do aborto propositado em "questão de saúde pública", a adoção de crianças inocentes por duplas de pervertidos homossexuais em "questão de direitos civis" e sempre dando nomes elegantes e enganadores para todos os tipos de iniquidade. Quem poderia negar que esses fatos não correspondem à realidade do PT, PV, PSDB e outros partidos e políticos marxistas?



Eu me sinto injustiçado de ver partidos e políticos que defendem o aborto e o homossexualismo desconversando no momento eleitoral unicamente para enganar o povo. Neste momento, em que milhões de eleitores gostariam de ter um só candidato contra o aborto e união civil homossexual, tudo o que encontram são candidatos hipócritas e mentirosos. Isso não é uma injustiça contra o povo brasileiro?



Geter Borges, PT, Aliança de Batistas do Brasil, Gilmar Machado e Lula mentem descaradamente, porque estão possessos do espírito da nossa geração. É um espírito que doutrina a população a aceitar e adorar o governo no papel central de Deus como supremo provedor de todas as necessidades fundamentais na vida das pessoas.



Esse é o espírito do marxismo e seus variados rótulos, o qual move partidos e políticos com discursos populistas, mas com ações contra Deus e a família.



Esse é o espírito do Anticristo.



Um testemunho e conduta cristã coerente com os ensinamentos de Cristo não busca o governo marxista e suas "justiças", mas o Reino de Deus (Governo de Deus) e sua Justiça.



Um testemunho e conduta cristã coerente com os ensinamentos de Cristo não coopera para a manifestação do governo do Anticristo, mas para a expansão do Reino de Deus (Governo de Deus) e Sua Justiça em todas as esferas, inclusive políticas.



Para não se sentirem ofendidos, os batistas ofendidos têm uma boa escolha: Buscar o Reino de Deus e Sua Justiça. Sem isso, eles ficarão ofendidos toda vez em que a iniquidade institucional e ideológica for denunciada.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Posicionamento do Pr. Paschoal Piragine Jr sobre as eleições 2010.

Se perdermos o casamento, perderemos tudo.

Se perdermos o casamento, perderemos tudo

Autor: Don Feder.

Tudo que eles fazem é acelerar o declínio de uma instituição tão velha quanto a sociedade humana. Como podemos dizer sim ao casamento gay e não à poligamia, ao casamento grupal, concubinato, noivas crianças e outras opções de estilo de vida que buscam sanção oficial?


Lembrete aos derrotistas no movimento conservador: Capitular diante do "casamento gay" é entregar o casamento em rendição - que é fazer rendição da família e, no final das contas, a capitulação da civilização.

Sábado passado, Glenn Beck realizou seu evento intitulado "Restaurando a Honra", em Washington D.C. Estima-se que entre 300 mil e meio milhão de pessoas de todo o país compareceram. O apresentador da Fox News fez do evento um reavivamento ecumênico. "Os EUA hoje começam a se voltar para Deus", declarou Beck.



Mas enquanto os EUA se voltam para Deus, Beck volta as costas às leis de Deus. Muito bonito, não é mesmo?



Convidado do programa de televisão "O'Reilly Factor" no começo de agosto, Beck foi indagado, "Você acredita que o casamento gay é, de alguma forma, uma ameaça a este país?" Resposta: "Não, não acredito. Os gays vão vir nos pegar?" Aparentemente, essa jocosidade teve por fim diminuir os jecas que se opõem às campanhas para transformar o casamento numa instituição amorfa.



Beck então citou seu herói, Thomas Jefferson (que adorava a Revolução Francesa): "Se não quebra minha perna nem bate minha carteira, que diferença faz pra mim?" Ao que tudo indica, a demolição do casamento e o solapamento da família deveriam ser assuntos de suprema indiferença para os que lutam para salvar os EUA das garras da ideologia de Obama.



Beck é só um de um número crescente de formadores de opinião conservadores que ou são agnósticos sobre o assunto ou decidiram marcar pontos no quesito tolerância com as elites mediante endosso aos homo-casamenteiros. Ente eles se inclui Elizabeth Hasselbeck, da revista The View ("Eu, na verdade, apoio o casamento gay.") e Ross Douthat, o conservador almofadinha da página de opinião do jornal New York Times, cuja pedanteria faz o falecido William F. Buckley parecer coerente.



Há também o caso de Ann Coulter, que vai palestrar no Homocon, o grande espetáculo de setembro próximo patrocinado pelo GOProud, organização homossexual que está lutando para derrubar a Lei de Defesa do Matrimônio, abrindo caminho para a imposição do casamento homossexual em todo o país, e os líderes republicanos no congresso, que estão se atropelando para comparecer a um evento para o levantamento de fundos, em 22 de setembro, para o grupo gay Log Cabin Republicans.



Ann diz, "Falar num evento não significa endossar todas as posições das pessoas para quem falo."



Quer dizer então que, se um grupo de simpatizantes do grupo terrorista Hamas criasse um grupo a favor da responsabilidade fiscal e a favor da educação escolar em casa, Coulter apareceria no Jihadcon deles? O livro lançado por Ann em 2007 se chamava "Profanos: A Igreja do Esquerdismo." Talvez seu próximo livro se chame "Sem Princípios: A Igreja de Ann Coulter."



Essa indisposição de lutar pela família, da qual a civilização depende, é mais um sinal do fracasso do conservadorismo moderno. A direita pode vencer mil batalhas contra o governo e perder a guerra pelo futuro dos EUA, se capitular em relação ao casamento e à família.



Os traumas sociais dos EUA - bebês nascendo fora do casamento, criminalidade juvenil, uso de drogas, lares chefiados por mulheres - remontam ao declínio da família, que começou com os imensos programas assistencialistas do governo, na década de 1960, ganhou impulso com a legislação sobre o divórcio, na década de 1970, prosseguiu com o aumento do homens e mulheres vivendo juntos sem casar e atingiu seu ápice com o estranho casamento entre pessoas de mesmo sexo.



A oferta de modelos rivais, socialmente sancionados, solapa o casamento heterossexual. Dois homens envolvidos com o que se costumava descrever como atos anormais agora tornam-se o equivalente legal e moral de um homem e uma mulher (esposo e esposa) ligados pela fé e tradição, realizando o trabalho social essencial de gerar e criar filhos.



As escolas vão ensinar que todo arranjo de vida é tão bom quanto qualquer outro. Os patrões serão obrigados a fornecer "benefícios de família" para duplas de mesmo sexo, independente de seus valores e consciência religiosa.



O Estado será obrigado a entregar crianças em adoção para duplas gays, privando as crianças dos modelos paterno e materno necessários para um ajuste bem-sucedido. Em Massachussets, a instituição beneficente Catholic Charities preferiu encerrar seu programa de adoções (o maior do estado) a se submeter a entregar crianças para adoção para duplas homossexuais, como se exige no primeiro estado com casamento gay dos EUA.



Em última análise, o casamento gay vai pôr as igrejas e aqueles que creem na Bíblia no centro das atenções, inclusive a Igreja Mórmon de Beck, violentamente atacada por apoiar a Proposta 8 [que protegia o casamento entre um homem e uma mulher na Califórnia].



Os ativistas homossexuais (que estão entre os ideólogos mais acirrados do planeta) insistirão em que todas as igrejas realizem cerimônias de "casamento" entre pessoas de mesmo sexo - e lutarão para que sejam revogadas as isenções fiscais das instituições beneficentes que se recusarem. Leis de crime de ódio serão aplicadas aos pastores e padres que preguem o Levítico ou Romanos 1:26-27. Na Europa e no Canadá, clérigos têm sido arrastados através de tribunais de direitos humanos por defenderem sua fé a partir do púlpito.



Os conservadores que apoiarem o casamento gay vão ter que parar de ficar resmungando dos esquerdistas por seu elitismo.



Os eleitores de 30 estados fizeram emendas a suas constituições para proibir o reconhecimento de pseudocasamentos, por uma votação média de 67 por cento. Em 2008, no estado mais esquerdista dos EUA, 7 milhões de californianos deram seus votos à única definição de casamento que faz sentido.



Glenn Beck (um populista com estilo próprio) está dizendo a eles que suas opiniões são irrelevantes e que ele está disposto a deixar os tribunais imporem o "casamento" gay sobre suas cabeças servis. Não sabem eles que esses casamentos fajutos (muito estimados pelas elites) nem quebram as pernas de Beck nem batem sua carteira?



Tudo que eles fazem é acelerar o declínio de uma instituição tão velha quanto a sociedade humana. Como podemos dizer sim ao casamento gay e não à poligamia, ao casamento grupal, concubinato, noivas crianças e outras opções de estilo de vida que buscam sanção oficial?



Infelizmente, muitos intelectuais conservadores têm perdido de vista um fato crucial: o excepcionalismo americano (a noção de que os EUA são diferentes de todas as nações desenvolvidas) repousa sobre três pilares - fé, família e liberdade. Remova qualquer um e a estrutura toda desaba.



Como se pode ter uma economia forte sem famílias fortes? Como o economista Ludwig Von Mises comentou, o consumo adiado é necessário para o capitalismo funcionar. Isso implica em indivíduos dispostos a se sacrificarem pelo futuro - e isso implica em famílias.



Sem a família, não importa quantas vezes nós derrotemos o socialismo (sistema de saúde nacionalizado, estatização do setor privado, déficits explosivos, redistribucionismo), no fim, nós perdemos - e é por isso que a esquerda fez do casamento entre indivíduos do mesmo sexo sua prioridade e é por isso que a esquerda tolera menos a discordância em relação a isso do que em qualquer outra questão.


Os conservadores que não entendem isso não têm entendimento de nada.



Tradução de Larry Martins, da equipe do blog Dextra, feita por recomendação e a pedido de Julio Severo.

Coroação se S. Luís.

Coroação se S. Luís.

Sagração de S. Luís IX, na Catedral de Reims.

Sagração de S. Luís IX, na Catedral de Reims.