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quarta-feira, 23 de março de 2011

Técnica: Paradoxo da Pedra

O paradoxo da pedra já foi bastante popular em debates, mas hoje não parece estar muito em voga. De qualquer forma, volta e meia alguém aparece propondo em discussões e, por isso, é necessário abordá-lo de forma a dissipar qualquer dúvida.




Esse truque é, antes de tudo, um truque de lógica. Vamos analisá-lo dessa maneira. A argumentação vai mais ou menos assim:



1.Se Deus é onipotente, então ele pode fazer tudo;

2.Se ele pode fazer tudo, então ele pode fazer até mesmo uma pedra que nem ele mesmo pode levantar;

3.Mas se ele não pode levantar a pedra, então ele não é onipotente;

4.E se ele não pode criá-la, então ele também não é onipotente;

5.Logo, Deus não é onipotente, pois não pode criar uma pedra que nem ele mesmo possa levantar.

Na verdade, essa forma contém um erro, pois Deus poderia criar a pedra (1ª situação), enfraquecer a si mesmo (2ª situação) e chegar a um ponto onde a pedra original fosse tão pesada que ele não fosse mais capaz de levantá-la (3º momento). Portanto, Deus teria criado uma pedra que nem ele pode levantar.



A melhor forma de colocar a questão é a seguinte: pode uma força irresistível (capaz de levantar tudo) co-existir com um objeto inamovível (que nada pode levantar)?



Devemos, primeiro, apresentar duas definições de onipotência para prosseguirmos na investigação. São elas:



•(1) Ter a capacidade de fazer tudo, sendo tudo sinônimo das coisas que são logicamente possíveis (pois o logicamente impossível não é “algo” para estar dentro do conjunto tudo);

•(2) Ter a capacidade de fazer tudo, sendo tudo sinônimo de até mesmo aquilo que é logicamente impossível;

Arrisco-me a dizer que a maioria dos teístas adota a posição (1). O ponto chave para diferenciá-los é justamente o significado de “fazer tudo”: trata-se das coisas que são possíveis ou mesmo das coisas que não podem existir?



Se definirmos “tudo” como o conjunto das coisas possíveis, fica fácil de responder o paradoxo. Não é possível para Deus criar uma relação de uma força irresistível co-existindo com um objeto inamovível, pois essa relação é, pela sua própria definição, algo incompatível logicamente; e não está dentro do “tudo” da onipotência. Como já havia respondido Santo Tomás de Aquino sobre onipotência na Suma Teológica (Prima Pars, Q. 25, A. 3) :



O que resta, portanto, é que Deus é chamado de onipotente porque ele pode fazer todas as coisas que são possíveis absolutamente; que é a segunda maneira de dizer que uma coisa é possível. Pois uma coisa é dita ser possível ou impossível absolutamente, de acordo com a relação em que os termos estão um com os outros, possível se o predicado não é incompatível com o sujeito, como em Sócrates senta; e absolutamente impossível quando o predicado é completamente incompatível com o sujeito, como em, por exemplo, esse homem é um asno.



Essa também é, de certa forma, a opinião de C. S. Lewis:



A sua onipotência significa poder para fazer tudo que é intrinsecamente possível, e não para fazer o que é intrinsecamente impossível. É possível atribuir-lhe milagres, mas não tolices. Isto não é um limite ao seu poder. Se disser: "Deus pode dar a uma criatura o livre-arbítrio e, ao mesmo tempo, negar-lhe o livre-arbítrio" não conseguiu dizer nada sobre Deus: combinações de palavras sem sentido não adquirem repentinamente sentido simplesmente porque acrescentamos a elas como prefixo dois outros termos: "Deus pode".



Permanece verdadeiro que todas as coisas são possíveis com Deus: as impossibilidades intrínsecas não são coisas mas insignificâncias (na prática, não existem). Não é possível nem a Deus nem à mais fraca de suas criaturas executar duas alternativas que se excluem mutuamente; não porque o seu poder encontre um obstáculo, mas porque a tolice continua sendo tolice mesmo quando é falada sobre Deus.



Deve ser porém lembrado que os raciocinadores humanos com

freqüência cometem erros, seja argumentando a partir de dados falsos ou por falha no argumento em si. Podemos chegar assim a pensar coisas possíveis que na verdade são impossíveis, e vice- versa. (Problema do Mal, Capítulo sobre onipotência)



O que Tomás e Lewis explicam é o seguinte: objetos existem, na realidade, em relações. E existem que relações que não são reais, por serem incompatíveis ou mutuamente excludentes. Esse é o caso da força irresistível e do objeto inamovível existindo ao mesmo tempo, pois a definição da existência de uma é a definição da exclusão da existência da outra.



É o mesmo que perguntar: “Pode existir um solteiro casado?” ou “Pode existir um círculo que é um quadrado?”. A definição de casado é de um homem que não é solteiro – ou seja, se você é solteiro, está excluído a possibilidade de ser, ao mesmo tempo, casado. A definição de ser um círculo exclui a possibilidade de ser um quadrado. E a definição de uma força irresistível exclui automaticamente a existência de um objeto inamovível, pois se existe um objeto inamovível, ela não é mais irresistível; e vice-versa. Isso é só um jogo de palavras, não algo real – se onipotência é fazer “tudo”, e “tudo” é o conjunto dos “algos” existentes no plano real, então essas contradições lógicas não são “algo”. São apenas erros mentais ou gramáticos na construção de uma idéia. Deus continua sendo onipotente.



Então, pela definição (1) de onipotência, a coisa está bem clara: o paradoxo falha. O erro é do raciocínio de quem propõe a pergunta, não da incapacidade de Deus. Como Lewis disse, pedir que Deus faça ao mesmo tempo “X” e “não-X” trata-se apenas de uma… tolice, pois tal coisa não pode realmente existir, não estando no grupo “tudo” abrangido pela onipotência.



Mas ainda temos uma questão: e se a definição utilizada for (2)? Basicamente, a requisição que o ateu estará fazendo é que Deus é tão, mas tão poderoso que ele pode realizar até mesmo aquilo que é logicamente contraditório e logicamente impossível. O problema é que se aceitarmos essa definição (que não é a minha preferida, mas tudo bem) o paradoxo vai imediatamente pro ralo. Se o poder de Deus deve ser tanto que ele possa resolver até mesmo contradições lógicas, então que sentido faz postular uma contradição lógica para dizer que ele não existe ou que ele não é onipotente? Afinal, se o seu poder é tanto que ele deveria ser capaz de superar essas contradições, então qualquer contradição que apontarmos também poderia ser superada por Ele – e segue que Deus continuaria sendo onipotente. Essa definição torna qualquer objeção lógica oferecida pelo ateu auto-refutável.



Portanto, o paradoxo não funciona em nenhuma das versões de onipotência.



Conclusão



Também é interessante lembrar que esse questionamento não excluiria a existência de um ser transcendental. Ele poderia muito bem muito poderoso, mas não ser onipotente. Essa objeção (que é falha) só provaria, no máximo, que teríamos que descer um degrau na escala de poder de Deus. Mas, como vimos, nem isso é preciso fazer.

"Por que os casais em situação irrelugar não podem comungar?"

01 Pergunte e Responderemos: "Por que os casais em situação irrelugar não podem comungar?"




No primeiro episódio do podcast "Pergunte e Responderemos" Pe. Paulo Ricardo nos esclarece a necessidade da instituição do casamento.



"Não existe possibilidade de verdadeiramente amar e ter pessoas descartáveis. Todo amor é aliança."





http://www.padrepauloricardo.org/

sexta-feira, 4 de março de 2011

Reflexões a propósito dos 500 anos de Calvino


Por: Solano Portela Solano Portela




O pensamento de Calvino tem uma visão altíssima da importância dos governantes (chamados de "magistrados civis"). Contrariamente ao que alguns escritores contemporâneos têm ensinado sobre Calvino, procurando colocá-lo como um contestador nato e como base de movimentos de resistência civil, tais versões não encontram o respaldo da história e representam fracas ilações e deduções de pseudo-calvinistas. Calvino não "abre brechas" para focos de insubmissão ou de insurreição.


João Calvino foi um misto de estadista e teólogo. Em julho de 2009, em diversos lugares do mundo, foram comemorados os 500 anos de nascimento deste francês de nascimento, especialmente em Genebra, na Suíça, onde ele viveu, pastoreou e participou do governo daquela cidade. Calvino é um dos pensadores teológicos que mais escreveu sobre o governo civil. Em suas idéias se firma a tradição da teologia reformada sobre política. Sua atuação, na cidade de Genebra, não foi somente teológica e eclesiástica, mas, seguindo o entrelaçamento com o estado que ainda prevalecia naqueles tempos, teve intensa atuação na estruturação da sociedade civil daquela cidade, participando, igualmente, da administração e dos detalhes operacionais do seu dia-a-dia. Muitos têm reconhecido a contribuição de Calvino à sociedade ocidental, entre esses, Abraão Kuyper, estadista holandês do século 19 e, mais recentemente, o sociólogo/economista Max Weber.



Os escritos de João Calvino revelam uma percepção incomum à época, traçando claramente os conceitos de responsabilidade e de liberdade, bem como os limites de atuação do estado. Simultaneamente ele especifica com clareza a esfera da igreja. Referimo-nos especificamente ao seu mais conhecido livro: as Institutas da Religião Cristã.[1] Calvino escreveu muito mais, especialmente comentários em quase toda a Bíblia, mas é nas Institutas, que ele apresenta sistematicamente a sua compreensão do mundo e do universo; a sua cosmovisão e os valores universais e inegociáveis, que ele deriva da Bíblia, as Escrituras Sagradas. A Institutas estão divididas em quatro "livros"; cada livro é dividido em capítulos; cada capítulo consiste de várias "seções". O último livro, ou seja, o Livro Quatro, capítulo 20 (também o último capítulo), tem o título: "Do Governo Civil". Na terminologia de Calvino, o governante é chamado de "magistrado civil". Nisso ele segue a terminologia paulina de Romanos 13.1-7. Vejamos um resumo dos seus ensinamentos nessa área:

1. O Governo Civil - Esfera específica e legítima ao cristão.



O Capítulo 20, do Quarto Livro das Institutas, contém 32 seções que tratam sobre o governo civil.[2] Grande parte do que Calvino escreveu foi dirigida aos Anabatistas[3], contradizendo os argumentos destes que diziam ser o governo civil uma área de atuação ilegítima ao cristão. Calvino exalta o ofício do magistrado civil e extrai da Bíblia definições e parâmetros que, mais tarde, iriam fazer parte da tradição da teologia reformada, especialmente de documentos importantes como a Confissão de Fé de Westminster (1642-47).



Logo na seção primeira, Calvino indica que o governo civil é algo diferente e separado do Reino de Cristo, uma questão, que ele diz, não compreendida pelos judeus. Assim, ele já toca na separação entre igreja e estado, dizendo: "Aquele que sabe distinguir entre o corpo e a alma; entre a vida presente efêmera e aquela que é eterna e futura; não terá dificuldade em entender que o reino espiritual de Cristo e o governo civil são coisas completamente separadas".



Na segunda seção, entrando na terceira, ele afirma que, mesmo restrito à esfera temporal, o governo civil é área legítima ao cristão. Calvino chama de "fanáticos" os que se colocam contra a instituição do governo. Calvino apresenta, logo de início, sua preocupação com a responsabilidade governamental para com os seus cidadãos, a necessidade de preservação da liberdade e a garantia do direito de propriedade. Entre as funções primordiais do governo, ele relaciona: "... que a paz pública não seja perturbada; que as propriedades de cada pessoa sejam preservadas em segurança; que os homens possam tranqüilamente exercitar o comércio uns com os outros; que seja incentivada a honestidade e a modéstia".



Nas seções quarta à sétima, ele fala sobre a aprovação divina do governante, ou seja, do ofício do Magistrado Civil, ancorando suas observações em Pv 8.15-16 e em Rm 13, respondendo também a objeções. Entretanto, ele insiste que a primeira conseqüência dessa aprovação é a grande responsabilidade que os próprios governantes têm consigo mesmo perante Deus. Existe, pois, a necessidade de um auto-exame constante, para aferirem se estão sendo justos e se estão se enquadrando com toda propriedade na categoria de ministros de Deus. Calvino escreve, sobre os governantes: "... se eles cometem qualquer pecado isso não é apenas um mal realizado contra pessoas que estão sendo perversamente atormentadas por eles, mas representa, igualmente, um insulto contra o próprio Deus de quem profanam o sagrado tribunal. Por outro lado, possuem uma admirável fonte de conforto quando eles refletem que não estão meramente envolvidos em ocupações profanas, indignas de um servo de Deus, mas ocupam um ofício por demais sagrado, até porque são embaixadores de Deus".



2. Diferentes formas de governo



Na seção oitava, Calvino examina três formas de governo: monarquia, aristocracia e democracia. Ao fazer isso ele está adentrando política em toda a sua extensão. Ele classifica as discussões que pretendem provar conclusivamente ser uma forma melhor do que a outra, de futilidade. Para Calvino, as três formas são passíveis de críticas: a monarquia tende à tirania; na aristocracia, a tendência é a regência de uma facção de poucos; na democracia, ele vê uma forte tendência à quebra da ordem. Tendo dito isto, ele se revela um defensor da aristocracia - como sendo a forma menos danosa de governo. O raciocínio de Calvino é que a história não favorece a monarquia, pois reis e imperadores despóticos marcam esta forma de governo. No entanto, Calvino não se sente confortável em uma democracia, sob o temor de que as massas não saibam conter seus "vícios e defeitos".[4] No governo de alguns sobre muitos (aristocracia) ele vê a possibilidade de controle de uns sobre os outros; de aconselhamento mútuo; e de preservação desses "vícios e defeitos". A essência de qualquer forma de governo, para Calvino, é a liberdade. Ele escreve: "Os governantes [magistrados] devem fazer o máximo para impedir que a liberdade, à qual foram indicados como guardiões, seja suprimida ou violada. Se eles desempenham essa tarefa de forma relaxada ou descuidada, não passam de pérfidos traidores ao ofício que ocupam e ao seu país".



3. Deveres dos governantes para com a religião



Calvino reflete ainda a visão da época, de que um dos deveres dos governantes era a promoção da religião verdadeira. Essa compreensão viria a fazer parte, inclusive, do texto original da Confissão de Fé de Westminster, quase 100 anos depois, em 1648, tendo sido, posteriormente, significativamente modificado, em 1788, nos Estados Unidos. A seção nove desenvolve, exatamente, esta linha de pensamento. Calvino, de fato, faz referência a várias passagens bíblicas que conclamam os governantes a exercer os princípios divinos de justiça, como Jr 23.2 e Sl 82.3-4. Mas não é somente nessa abrangência que ele enxerga a atuação do governo. Ele afirma que a esfera de autoridade se "estende a ambas as tábuas da lei". Ou seja, se os primeiros quatro mandamentos (a primeira tábua) falam dos deveres dos homens para com Deus, o governo estaria legitimado não somente em promover o exercício da religião verdadeira, como também em punir os que não a seguissem. Esse pensamento seria posteriormente refinado por vários outros pensadores e documentos reformados, que, diferentemente de Calvino, viriam a considerar a esfera legítima de atuação no governo como situada na segunda tábua da lei (os mandamentos que regulam as atividades e relacionamentos com o nosso próximo, 6 a 10). Na seção dez Calvino ainda trata deste assunto, respondendo a objeções colocadas contra este ponto de vista, especialmente as que surgiam do campo anabatista.



4. Prerrogativas dos Governos



Da seção 11 até a 13, Calvino fala de várias prerrogativas dos governos, começando com a de se envolver em guerras. Ele não é um incentivador do estado beligerante, mas vê como uma realidade o fato de que os governos terão que pegar em armas para a defesa de seus governados e de seus territórios. Nessa linha, o governo deve ser forte e deve se armar para garantir a vida pacífica interna, de seus governados, reprimindo pela força os criminosos. Em todas essas seções, Calvino, faz várias referências à restrição necessária aos governantes, para que não abusem a prerrogativa da força, citando, inclusive, a Agostinho para fundamentar sua posição. A segunda prerrogativa, tratada agora na seção 13, é a de cobrar impostos. Nesse sentido, Calvino aponta para a legitimidade dos governantes de cobrarem impostos e taxas até para o seu próprio sustento - isso não deveria espantar, nem confundir os cristãos.



5. Os governos e as leis



Calvino apresenta um extenso tratamento da lei de Deus nas seções 14 a 16. Ele introduz a distinção entre a lei religiosa, a lei civil e a lei moral - encontrada na Bíblia. Reconhecendo os dois primeiros aspectos como temporários, pertinentes apenas ao Antigo Testamento, ele reafirma a permanência da Lei Moral. Diz Calvino: "... é evidente que aquela lei de Deus a qual chamamos de moral, nada mais é do que o testemunho da lei natural e da consciência que Deus fez gravar na mentes dos homens... Assim [esta lei] deve ser o objeto, a regra, e o propósito de todas as leis. Em qualquer lugar que as leis venham a se conformar com esta regra, direcionada a este propósito, e restrita a esta finalidade, não existe qualquer razão porque deveriam ser reprovadas por nós...". Calvino cita de Agostinho (A Cidade de Deus, Livro 19, c.17) como apoio à sua exposição e termina examinando as leis de Moisés - quais podem ser aplicadas e quais foram ab-rogadas.



6. Os governados e a lei - relacionamentos de uns para com os outros



Cinco seções são agora utilizadas (17 a 21) para tratar um tema que é sempre controvertido - Qual o uso que os governados podem fazer das leis para ajustarem os seus comportamentos uns para com outros? Calvino trata da questão explorando até onde é legítima uma demanda judicial entre governados. Uma de suas preocupações era a de refutar os anabatistas, que condenavam qualquer forma de procedimentos judiciais. Em seu tratamento ele responde especificamente a duas objeções. A primeira, a indicação de que Cristo nos proíbe resistir ao mal (Mt 5.39-40); a segunda, a de que Paulo condena toda e qualquer ação judicial (1 Co 6.6). Na visão de Calvino, os crentes são pessoas que devem suportar "afrontas e injúrias". Isto contribui para a formação de caráter e produz uma geração que não tem a fixação em retaliação - o que caracteriza os descrentes. No entanto, ele não chega a dizer que o cristão nunca deveria levar um caso à justiça. Paulo, em 1 Co 6, trata de uma situação em uma igreja que tinha o litígio como característica de vida, e com o envolvimento de estranhos à comunidade. Tudo isso causava grande escândalo ao evangelho. Assim, afirma Calvino, devemos estar até predispostos a sofrer perdas, mas ele complementa: "... quando alguém vê que a sua propriedade imprescindível está sendo defraudada, ele pode, sem nenhuma carência de amor [caridade], defendê-la. Se ele assim o fizer, não estará ofendendo, de nenhuma maneira, esta passagem de Paulo" (21).



7. Os governados e a lei - respeito, responsabilidade e submissão aos governantes



As dez últimas seções (22 a 32) são ocupadas com o tratamento da questão de submissão dos governados. Calvino trata do respeito e obediência devidos aos governantes (22 e 23), passando a examinar a questão da submissão aos tiranos (24 e 25). Ele demonstra que a Bíblia considera o ofício do regente civil na mais alta conta e, portanto, não resta ao cristão senão ter a mesma visão que a Palavra de Deus tem. Baseando-se em Romanos 13, Calvino reforça que a desobediência civil é desobediência a Deus. Calvino não dá abrigo aos pensamentos de revolta contra as autoridades, até mesmo contra os tiranos. Ele diz: "Insisto intensamente em provar isto, que nem sempre é perceptível aos homens, que mesmo um indivíduo do pior caráter; aquele que não é merecedor de qualquer honra; se estiver investido de autoridade pública, recebe aquele poder divino ilustre de sua justiça e julgamento que o Senhor, pela sua palavra, derramou sobre os governantes; assim, no que diz respeito à obediência pública, ele deve ser objeto da mesma honra e reverência que recebe o melhor dos reis".





Nesse sentido, Calvino passa a fazer referência a vários textos da Palavra de Deus (26 e 27), alguns dos quais demonstrando que os reis ímpios não estão ausentes do plano soberano de Deus, mas servem de braço vingador do próprio Deus, cumprindo os seus propósitos. Faz referência a passagens como Dn 2.21;37; 4.17; 20; 5.18-19 e Jr 27.5-8; 12, que ele classifica como sendo um dos trechos mais impressionantes.



Calvino responde às objeções mais comuns, a esta postura de obediência (28) e passa a traçar algumas considerações para que consigamos exercitar paciência, quando submetidos à tirania (29 e 30). Ele ensina três posturas: (1) que devemos nos concentrar não na pessoa do que oprime, mas no ofício que aquela autoridade recebeu de Deus; (2) que, quando estivermos sendo alvo de opressão, devemos nos lembrar de nossos próprios pecados e, isto posto, (3) devemos confiar que Deus é justo juiz e executará justiça no seu devido tempo, vingando o oprimido. No entanto, Calvino admite que, às vezes, Deus levanta corporativamente uma nação para controlar a tirania e mal exercitada por outra (30 e 31). Ele insiste que há uma diferença entre a postura individual (o dever de submissão e obediência) e a corporativa (que pode ser contestatória, sempre baseada nos princípios divinos de justiça).



Calvino encerra a sua exposição (32), traçando os limites de obediência e submissão - os Governantes não podem comandar ações que contradigam a Palavra de Deus. Resistência a esses comandos não podem ser classificados de insubmissão, mas de demonstração de lealdade a Deus. Ele mostra a resistência de Daniel (6.22) e como a submissão do povo, sob Jeroboão, que os levou à adoração de bezerros de ouro (1 Re 12.28) é condenada em Os 5.11. Além de tratar de At 5.29 (a palavra de Pedro indicando a importância de obedecer a Deus acima dos homens), Calvino comenta sobre 1 Co 7.23, mostrando que não devemos subjugar a liberdade recebida em Cristo às impiedades e desejos depravados dos homens.



Síntese do pensamento de Calvino



Concluímos, com uma breve síntese do pensamento do reformador sobre a questão do governo civil e das responsabilidades tanto dos governantes quanto dos governados. O pensamento de Calvino tem uma visão altíssima da importância dos governantes (chamados de "magistrados civis"). Contrariamente ao que alguns escritores contemporâneos têm ensinado sobre Calvino, procurando colocá-lo como um contestador nato e como base de movimentos de resistência civil, tais versões não encontram o respaldo da história e representam fracas ilações e deduções de pseudo-calvinistas. Calvino não "abre brechas" para focos de insubmissão ou de insurreição. Em adição, ele apresenta um aspecto muito ligado ao seu tempo - a colocação do estado como "protetor" da igreja (essa posição seria depois melhor examinada pelos teólogos reformados e as áreas de atuação melhor identificadas, no desenvolvimento da tradição da reforma, sem o paternalismo estatal que, por vezes, transparece, nos escritos mais remotos). No entanto, Calvino não deixa de classificar com precisão as esferas de cada um - estado e igreja, agindo em regiões e situações diferentes. Mas, o mais importante, ele coloca tanto governantes como governados responsáveis perante Deus, por suas ações ou omissões. Um senso de responsabilidade ao Criador que precisamos urgentemente resgatar, nos nossos dias, pois esse reconhecimento de responsabilidade será sempre promotor das liberdades individuais. Essas liberdades básicas são ignoradas e descartadas por governantes irresponsáveis, insubmissos e adoradores do seu próprio ventre, como testemunhamos repetidamente no nosso cenário contemporâneo. Calvino merecer ser mais lido e estudado por todos nós.







[Nota do editor: Artigo publicado originalmente com o título de "Responsabilidade e liberdade: reflexões a propósito dos 500 anos de Calvino".]







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Notas:



[1] O texto das "Institutas", disponível em inglês, pode ser acessado no seguinte endereço da Internet: http://www.ccel.org/ccel/calvin/institutes.html. Em português, há anos, temos a conhecida tradução "As Institutas ou tratado da religião cristã", por Waldyr Carvalho Luz (São Paulo, 1985, 1989: Cultura Cristã). Apesar de precisa, esta tradução foi muito contestada, em função do seu preciosismo lingüístico-editorial, com base no latim, e seu português rebuscado (alguns têm dito que "é necessário um dicionário de português para se entender o trabalho do tradutor"), no entanto,ela é utilíssima para um estudo mais aprofundado da obra de Calvino. Recentemente (2006) a Editora Cultura Cristã a republicou com a designação de "edição clássica"; em paralelo apresentou uma outra versão, mais simplificada e inteligível, com úteis anotações pelo Dr. Hérmisten Maia Pereira da Costa (As Institutas). A tradução é do Rev. Odayr Olivetti. A Editora PES tem um resumo e adaptação, feita por J. P. Willes (cobre apenas os livros 1 a 3, faltando o 4), com o título "Ensino Sobre o Cristianismo" (1984). A Editora SOCEP (Santa Bárbara do Oeste, SP) começou a publicar (1991) a obra em alguns fascículos (As Institutas em Linguagem Simplificada), mas o projeto parece que foi suspenso no fascículo VI (ou seja, no capítulo 13 do primeiro livro). O esforço mais recente, de trazer "As Institutas" ao português e ao conhecimento do povo brasileiro, vem do campo acadêmico, curiosamente sem nenhuma conotação evangélica. Trata-se da versão publicada pela Universidade Estadual Paulista (A Instituição da Religião Cristã - (São Paulo, SP: Fundação Editora UNESP, 2008) 521 pgs.), porém este lançamento cobre apenas os livros 1 e 2, até o presente. O projeto foi financiado, por solicitação do ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembo (um admirador de João Calvino) ao já falecido dono do Banco Itaú, Olavo Setúbal (1923-2008).



[2] Nossas referências aos números das seções - colocados, por vezes, entre parênteses - serão sempre daquelas contidas dentro deste vigésimo capítulo do quarto livro das Institutas.



[3] Os anabatistas foram contemporâneos de Lutero e, de uma certa forma, também filhos da reforma. O nome significa "re-batismo". Além de não aceitarem o entendimento sobe o batismo dos luteranos, "os anabatistas, de uma forma geral, rejeitavam a doutrina forense da justificação somente pela fé, de Lutero, porque viam nela uma barreira à verdadeira doutrina de uma fé 'viva', que resulta em uma vida santa" (Timothy George, Theology of the Reformers (Nashville: Broadman, 1988), 269. A visão deles, de separação entre igreja e estado, era tão radical que proibia o envolvimento de qualquer cristão com o governo ou com os governantes.



[4] É importante notar que "democracia", na forma como a entendemos nos dias de hoje, não era um conceito praticado, ou até discutido amplamente, a não ser alguns séculos depois de Calvino.







quarta-feira, 2 de março de 2011

Mack deveria parar de distribuir Bíblias?

Em vez de questionar distribuição de kits gays para crianças de escola, jornal Estadão questiona distribuição de Bíblias pela universidade evangélica Mackenzie


A Universidade Mackenzie deveria parar de distribuir Bíblias para seus próprios estudantes? No que depender dos sentimentos do jornal Estadão, a resposta parece ser sim, de acordo com uma matéria tendenciosa que diz:





Os calouros da Universidade Presbiteriana Mackenzie ganharam no segundo dia de aulas um kit contendo mochila e uma Bíblia com o logotipo da instituição. "É desejo do Mackenzie que você encontre aqui não só conhecimento humano, mas que você conheça a Deus, relacione-se com ele e encontre alegria nesse relacionamento", diz a universidade no texto de apresentação.





Além do Antigo e do Novo Testamento, o livro, em formato de bolso, traz informações sobre a Igreja Presbiteriana do Brasil, que controla o instituto responsável pelo colégio e pela universidade - descrita como "cristã, fiel à cosmovisão reformada e, ao mesmo tempo, comprometida com um ensino de qualidade, em ambiente de liberdade acadêmica e ausência de discriminação".





Os novos alunos também foram recebidos pela direção, coordenações de curso e professores. Um dos que deram as boas-vindas foi o reverendo Augustus Nicodemus Gomes Lopes, chanceler do Mackenzie. Em novembro, a universidade publicou em seu site um manifesto assinado pelo líder religioso em que ele se posiciona contra a aprovação do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/2006, cujo objetivo é criminalizar a homofobia.





Após polêmica na internet e entre seus alunos, a universidade retirou do ar o texto do chanceler. Ele estava no site para "servir de orientação à comunidade acadêmica". O manifesto desagradou ao Diretório Central dos Estudantes (DCE) do Mackenzie e motivou a realização de um protesto que reuniu cerca de 300 pessoas em frente ao câmpus da Rua Itambé, na região central de São Paulo.



O Estadão parece pensar que não faz sentido uma universidade evangélica distribuir Bíblias para seus estudantes. Nessa lógica, fará sentido uma laranjeira produzir laranjas? Fará sentido uma macieira produzir maçãs?



Mas o problema é mais profundo. O sentimento do Estadão é que já que o Mackenzie cedeu no manifesto anti-PLC 122, por que não também na distribuição de Bíblias? Aliás, o sentimento da mídia esquerdista em geral é que os cristãos têm a obrigação de ceder toda vez que algum grupo de gays, feministas, bruxos ou outros indivíduos politicamente corretos se sentir "ofendido".



Quando nós nos sentimos ofendidos com as iniciativas agressivas deles para impor a agenda gay em nossos filhos, eles não cedem um centímetro. Mas quando eles se sentem ofendidos com nossas atitudes de proteger nossos filhos contra a agenda gay, eles ainda têm a cara de pau de exigir que cedamos quilômetros.



Ao contrário do Mackenzie, que retrocedeu em seu manifesto anti-PLC 122, provavelmente por causa das pressões e reclamações da forte ala esquerdista que há nessa instituição, os ativistas da agenda gay jamais recuam em suas posições imorais. Pena que entre eles não haja uma ala "conservadora" para fazer barulho e dizer: "Ei, vamos parar com isso! Retiremos tal projeto gay (ou manifesto gay). Estamos violentando a inocência das crianças!"



O famoso e infame kit gay, que o governo distribuirá nas escolas com o pretexto de combater o "preconceito" e a "homofobia", ensinará as crianças a valorizar o sexo anal dos homossexuais. (Veja este vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=lCsBc0tm6lc)



Crianças de todo o Brasil estão para sofrer um sistemático estupro psicológico com a distribuição dos imorais kits gays nas escolas, e o Estadão está incomodado com a distribuição de Bíblias numa universidade evangélica?



O PLC 122, que é o maior projeto de lei anti-"homofobia" do Brasil, provocará paranoias muito maiores, usando igualmente a desculpa do combate à "discriminação" para impor todos os tipos de doutrinação homossexual em todos os níveis da sociedade. E o alvo principal da obsessão anti-"homofobia" são os que Toni Reis tachou de "religiosos fundamentalistas".



O que é necessário fazer para sofrer o rótulo de "religioso fundamentalista"? Apenas dizer que o sexo homossexual é pecado. Nada mais. Basta dizer isso, e você entra automaticamente para a categoria de "homofóbico", "fanático", "preconceituoso", "incitador de ódio e violência", "incitador de assassinatos de homossexuais" e mil e um títulos dignos de filmes de terror. Se ficarmos calados, talvez eles parem de nos fazer encolher de medo com rotulações e estereótipos.



Entretanto, se cedermos sempre às birras deles, chegará o tempo em que precisaremos lhes perguntar: "Eu ainda tenho permissão de dizer que sou cristão?"



"Sim", dirá o governo e a mídia, "desde que seja sozinho no seu quarto, longe de sua esposa e filhos. Nem seu cachorro deve escutar isso! Por enquanto, você tem plena liberdade de expressão e religião de dizer isso para si mesmo".



Os ativistas da agenda gay querem distância da Bíblia, pois esse é o único livro que orienta de forma enérgica os leitores a evitar todos os pecados.



Os autores - o próprio governo federal! - do kit gay querem levar crianças diretamente para o buraco do estupro psicológico e físico. O Autor da Bíblia não quer ninguém no buraco.



Por isso, enquanto é tempo - e mesmo fora de tempo -, distribuamos Bíblias, como muito bem fez o Mackenzie. E, enquanto ainda nos resta alguma liberdade de expressão, façamos, sem ceder e sem esmorecer, todos os tipos de manifestos e manifestações contra toda lei que, com o pretexto de combater o "preconceito" e a "homofobia", quer calar os que discordam da agenda gay e impor selvagemente sobre as crianças uma perversa doutrinação pró-homossexualidade.







Vídeo: Olavo de Carvalho fala sobre o Mackenzie e Luiz Mott


Autor: Julio Severo
Fonte: http://www.midiasemmascara.org/artigos/movimento-revolucionario/11889-mack-deveria-parar-de-distribuir-biblias.html






sábado, 26 de fevereiro de 2011

O dilema do multiculturalismo

Assim como o dinheiro do welfare state está acabando rapidamente e levando a crises e conflitos em tudo que é lugar, também haja uma violenta reação contra o multiculturalismo nos próximos anos.



Há poucos anos atrás, o sociólogo Robert Putnam fez um estudo sobre o multiculturalismo e assustou-se com o que viu. Tanto que nem quis publicar todos os resultados. Basicamente, a sua conclusão foi que nas sociedades multiculturais há menos confiança entre as pessoas. Porém, o mais curioso é que isso não ocorre apenas entre grupos diversos, como seria de esperar, mas também dentro dos próprios grupos étnicos.



Los Angeles é uma das cidades mais multiculturais do mundo. É também uma das mais segregadas, ao menos em termos de divisão geográfica: asiáticos moram com asiáticos, mexicanos com mexicanos, negros com negros, brancos com brancos, iranianos com iranianos, armênios com armênios. Fora os campi universitários (e já falo sobre esse tema), e sobre os brancos que casam cada vez mais com asiáticas (tema para outro post) ninguém se mistura muito com ninguém.



Robert Putnam também é o autor do livro "Bowling alone" (Jogando boliche só), onde mostra como os americanos se tornaram menos sociais, com famílias menores, menor número de amizades, menor participação em clubes e associações comunitárias, etcétera. O título do livro faz alusão ao fato de que há cada vez mais pessoas jogando boliche nos EUA, mas cada vez menos clubes de boliche.



Estariam os dois fenômenos (crescente solidão do homem americano contemporâneo, crescente multiculturalização da sociedade) relacionados?



Não sei. Aconteceram mudanças demais desde os anos 60 nos EUA, e o multiculturalismo foi apenas uma delas. Na verdade, acho que todos os fenômenos radicais dos anos 60, como a luta contra os valores tradicionais, o extremismo político, o feminismo, a perda da religião, a revolução sexual, bem como a própria urbanização desordenada e a imigração cada vez maior causaram essa desagregação social. Não dá para colocar tudo na conta do multiculturalismo, embora este crie sim os seus problemas.



Celebrado até há pouco, hoje o multiculturalismo sofre uma chuva de críticas. Angela Merkel, Nicolas Sarkozy, David Cameron, mas também vozes à esquerda começam a perceber que há alguma coisa errada, que o paraíso prometido da integração pacífica não aconteceu. Por quê?



Tenho a impressão que, como tantas coisas, algumas positivas mas muitas negativas, a idéia da sociedade multicultural surgiu nos campi universitários americanos. De fato, as universidades americanas são templos do multiculturalismo. Pessoas de todos os países, raças e religiões se misturam e convivem quase sempre em paz. Daí deve ter surgido a idéia de que, se isso funcionava na universidade, por que não deveria funcionar na sociedade como um todo?



Acho que a diferença é a seguinte: a universidade é um ambiente bem diverso da sociedade como um todo. Em primeiro lugar, as pessoas que habitam esse mundo são filtradas pelo QI e pelo nível social, quer dizer, estão ao menos um pouco acima da média no que se refere à inteligência e classe. Em segundo lugar, são pessoas mais abertas ao convívio e à troca cultural, ou nem estariam em uma instituição de nível superior. E, em terceiro lugar, convivem apenas algumas horas por dia e por um período específico da juventude.



Já na sociedade a integração pacífica entre grandes grupos de origens diversas é mais difícil. Vejam a triste história desta lojista francesa, arriscando a própria vida (já foi estuprada, roubada, apedrejada) para manter a sua lojinha em uma "zona sensível", isto é, em um bairro exclusivamente muçulmano de Paris. Locais onde até mesmo a polícia e os bombeiros evitam ir. Será o futuro da França a guerra civil?



Devemos diferenciar o multiculturalismo da imigração. A imigração sempre existiu, o multiculturalismo é algo relativamente novo. (Embora gregos e romanos tenham convivido em sociedades relativamente multiculturais, mas isso também seria tema para outro post). Anteriormente, havia na maior parte dos casos a expectativa de que o imigrante se adaptaria ao país ao qual emigrou, adotando a sua língua e seus costumes. Isso não acontecia em todos os casos, mas na maior parte. Hoje, a expectativa é exatamente a oposta: que o imigrante mantenha sua própria cultura, e que esta seja "respeitada" pela sociedade que o acolhe, mesmo que se trate de um hábito bárbaro como a extirpação do clitóris das mulheres.



Hoje o multiculturalismo é a política oficial em quase todas as capitais ocidentais. Em parte é o mero resultado de mudanças tecnológicas e sociais, mas em parte também foi forçado, contra os desejos da maioria da população, por governos e políticos mais interessados em votos do que no bem-estar social. Mas, assim como um pêndulo, as modas e as sociedades mudam. É bem provável que, assim como o dinheiro do welfare state está acabando rapidamente e levando a crises e conflitos em tudo que é lugar, também haja uma violenta reação contra o multiculturalismo nos próximos anos. E aí, salve-se quem puder.

Fonte: Blog do Mr. X

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Travestis, violência, disque-denúncia, oportunismo e truculência governamental

Provavelmente, a computação do crime do travesti contra outros travestis inchará registros de "crimes contra homossexuais".

Por Julio Severo.

O jornal esquerdista Falha de S. Paulo noticiou em 19 de fevereiro de 2011: "Polícia prende suspeito de manter travestis em cárcere em SP". Só se esqueceu de mencionar que a "orientação sexual" do suspeito é a mesma das vítimas. Como sempre, mais uma pequena "falha". A reportagem, que deixou abundantemente claro que as vítimas eram travestis, só fez uma única citação discreta da "orientação sexual" do suspeito quando identificou seu nome como "Nilton Pinto de Freitas, 27, conhecido como Andressa". Afinal, qual é o homem que gostaria de ser chamado de "Andressa"? A mídia esquerdista se faz de inocente, mas seu pensamento é: "Nós sempre os mostramos como vítimas inocentes e puras. Não fica bem identificá-los como homossexuais quando eles são os opressores e criminosos. Dá um engasgo terrível na garganta!"



Provavelmente, a computação do crime do travesti contra outros travestis inchará registros de "crimes contra homossexuais", um banco de dados que será convenientemente usado para pressionar os legisladores sobre a necessidade "urgente" de proteger travestis e outros prostitutos homossexuais que frequentam, em horários perigosos, locais de elevada criminalidade, ou que se esquecem de pagar seus parceiros e acabam sendo surrados ou mortos.

"Senador, você precisa aprovar o PLC 122! Olha só o que fizeram com um bando de travestis!"



Essa "proteção" virá na forma de leis que imporão sobre as crianças das escolas aulas sobre a "beleza" e "dignidade" da vida sexual dos travestis e outros homossexuais, sob pena de punir todos os pais que se mostrarem contrários a que seus próprios filhos aprendam a "inocência" e "pureza" do ato mais sacrossanto do universo: o sexo masculino no orifício anal de outro homem.



Aliás, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) anunciou que o Ministério da Educação vai preparar cartilhas contra o "preconceito" que serão distribuídas nas escolas. Com a cobertura sistemática e sensacionalista dos meios de comunicação dos casos isolados de violência contra gays, "a senadora se diz confiante na aprovação do PLC 122, contra a homofobia". É a marcha governamental para a imposição do infame kit gay, com a desculpa de combater o "preconceito", onde crianças terão de aprender a usar o orifício anal conforme determina a agenda gay e no estilo "Relaxa e goza" de Suplicy.



O anúncio de Suplicy foi feito durante o lançamento oficial do Disque 100 em 19 de fevereiro de 2011. O número de telefone especial receberá denúncias anônimas contra a "homofobia" e foi lançado pela ministra Maria do Rosário, da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, que declarou:



"A impunidade não permanecerá, e os crimes homofóbicos serão trabalhados, julgados e responsabilizados". O evento contou com a presença de Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), que disse: "Temos um adversário comum, que são os religiosos fundamentalistas".



Segundo o JusBrasil, "Após o lançamento do Disque 100 também para casos de homofobia e da colocação do primeiro selo 'Faça do Brasil um território livre da homofobia', os participantes uniram-se à Marcha contra a Homofobia e pelo PLC 122, na própria avenida Paulista".



O disque-denúncia vai facilitar as ações da Gaystapo. Em 2007, em nome da ABGLT, Toni Reis teve de enviar ao Ministério Público Federal de São Paulo carta pedindo ações criminais contra o Blog Julio Severo e seu autor. Com o Disque 100, acabou o trabalho. O nome de Julio Severo, acusado por Luiz Mott de ser o maior "homofóbico" do Brasil, poderá ser usado direta e indiretamente em todos os tipos de denúncias:



Caso 1:



"Em nome da democracia brasileira, quero como cidadão anônimo denunciar o autor que incitou agressões contra aqueles homossexuais que estavam perambulando às 2h da madrugada em São Paulo! Depois de lerem o Blog Julio Severo, os agressores foram buscar homossexuais fazendo ponto de madrugada..."



Caso 2:



"Alô, desejo fazer uma denúncia de homofobia!"



"Disque 100 às suas ordens. O que foi que o homofóbico fez?"



"É a Andressa, que está prendendo meus amigos travestis".



"Qual é o nome completo da Andressa?"



"Nilton Pinto de Freitas".



"Tá tirando sarro de mim? Afinal, é Andressa ou Nilton?"



"É ele, mas ele é mais conhecido por ela".



"Lamento, mas aqui não aceitamos denúncias contra homossexuais. Você deve ser algum homofóbico disfarçado!"



"Tá certo. Eu me enganei. Foi o Julio Severo!"



"Ah, assim melhorou! Agora já podemos aceitar sua denúncia!"



Tanto a União Soviética quanto a Alemanha nazista contavam com um sistema de denúncia, onde os denunciados sofriam o peso da truculência estatal. Essa truculência sobrevive hoje com rótulos mais palatáveis e com nomes hiperdemocráticos, mas não menos nojentos em sua essência do que o comportamento que a Gaystapo protege acima do bem-estar de crianças, famílias e da própria liberdade de consciência, religião e expressão.


Fonte: http://www.midiasemmascara.org/artigos/governo-do-pt/11871-travestis-violencia-disque-denuncia-oportunismo-e-truculencia-governamental.html

Inventores do futuro

Inventores do futuro



Por: Olavo de Carvalho




Os movimentos mais disparatados, como abortismo, gayzismo, feminismo, vegetarianismo, "direitos dos animais", anticatolicismo, antitabagismo e liberação de drogas, vêm todos da mesma fonte.



O conceito mesmo de "engenharia social" implica que os membros da sociedade a ser modificada ou reconstruída não sejam concebidos como agentes livres, conscientes de suas escolhas, mas como peças inermes de um mecanismo que, no conjunto, não podem compreender e em geral nem mesmo enxergar. As metas finais da operação não devem portanto ser apresentadas de modo direto e franco que arrisque fazer delas alvos de discussão, mas devem ser atingidas por vias indiretas. Para tanto, são subdivididas em operações parciais, à primeira vista separadas e inconexas, que, uma vez bem sucedidas, produzirão o desejado efeito global de maneira aparentemente impessoal, espontânea e quase mágica, de modo que ninguém possa ser responsabilizado por ele e seja fácil atribuí-lo retroativamente a um determinismo histórico anônimo, inelutável e irreversível.



A oposição que essas várias campanhas parcelares pode gerar será ela também parcelar e inconexa, esgotando-se em discussões periféricas que deixam a salvo de ataques o coração do empreendimento, de modo que as metas finais possam ser atingidas mesmo ao preço de recuos e abdicações pontuais e localizadas.



Diante das inúmeras campanhas soi disant progressistas, libertárias ou humanitárias que vêm se espalhando pelo mundo desde os anos 70, sempre bem subsidiadas e tendo como garotas-propaganda as mais destacadas figuras do show business, o cidadão comum não tem jamais a ideia - ou os meios intelectuais - de rastrear as ligações entre as entidades envolvidas e o fluxo de dinheiro que as move. Se pudesse investigar isso, descobriria que os movimentos mais disparatados, como abortismo, gayzismo, feminismo, vegetarianismo, "direitos dos animais", anticatolicismo, antitabagismo e liberação de drogas, vêm todos da mesma fonte e, por meios aparentemente inconexos, servem a um objetivo comum: reduzir a população do planeta.



O controle demográfico é uma obsessão da elite globalista - especialmente da família Rockefeller - pelo menos desde os anos 40. As primeiras campanhas nesse sentido, na década seguinte, vinham com objetivo declarado, promoviam a esterilização em massa e visavam a atingir sobretudo o Terceiro Mundo, mas deram resultado inverso: em vez de deter o crescimento populacional nas nações pobres, baixaram drasticamente o das nações desenvolvidas (vejam o livro de Pat Buchanan, The Death of the West, para a descrição de um panorama estatístico apavorante).



Nada mais natural, nessas condições, que uma mudança de estratégia. Assim nasceram as campanhas de que estou falando.



Notem, de um lado, que, independentemente dos demais resultados socioculturais que delas podem germinar, cada uma das mudanças de conduta que essas campanhas visam a produzir tem pelo menos um ou dois de três efeitos necessários, imediatos e evidentes:



(1) Reduzir a duração média da vida humana. Gays, vegetarianos e drogados vivem notoriamente menos que as outras pessoas.



(2) Reduzir a capacidade procriativa. No caso das drogas ilegais, como maconha e cocaína, isso é mais que evidente. A abstinência de carne tem o mesmo efeito. A campanha antitabagista pareceria tender na direção contrária, mas, como ela está associada na fonte à luta pela liberação das drogas pesadas e não passa de uma preparação de terreno para induzir populações inteiras a trocar de vício, a correlação estatística entre diminuição do consumo de cigarros e redução populacional não é de maneira alguma mera coincidência. (Os pretextos médicos do combate ao fumo revelam-se cada vez mais falsos à medida que nenhuma, absolutamente nenhuma redução da incidência das doenças "associadas ao fumo" se verificou nas áreas mais afetadas pela onda antitabagista.)



(3) Reduzir o desejo de procriar. Quem negaria que o feminismo radical, o divórcio fácil e a oferta maciça de operações de aborto sob demanda desembocam nisso necessariamente?

Várias são as modificações socioculturais periféricas que essas diversas campanhas podem produzir, e tanto seus apóstolos quanto seus detratores dirigem o foco das discussões para essas mudanças, sem reparar que, mesmo alguma destas falhando, o efeito de redução populacional terá sido atingido. A lógica do processo causal bastaria, por si, para sugerir fortemente a coerência global por trás de tantos e tão disparatados fronts de combate, mas a sugestão plausível se transmuta em certeza factual quando se nota que tanto as várias concepções quanto o dinheiro para implementá-las vêm sempre da mesma fonte: a elite globalista, que por sua vez tem muitos objetivos, mas um acima de todos - o controle demográfico mundial.



Como toda operação complexa de engenharia social, essa conta não só com seus planejadores e militantes conscientes, mas com a colaboração frenética e servil de milhões de idiotas úteis, sobretudo entre "formadores de opinião" e mini-intelectuais, que de repente se apaixonam por algum slogan solto e, sem cogitar dos efeitos sociais de conjunto, passam a defendê-lo com aquele ardor cretino que vale por um juramento de nunca entender nada. Alguns, no arrebatamento da paixão retórica, inventam até novos argumentos que, por sua ousadia insana, surpreenderiam os próprios formuladores originais do projeto.



Outro dia, o Sr. Paulo Ghiraldelli, que de boa fonte me informam ser uma voz influente naquilo que no Brasil, não sei por quê, se chama de "educação", publicou um artigo em que declarava ser uma imposição tirânica da sociedade repressora a expectativa de que as mães, normalmente, amem seus bebês. Sim, por que não seria mais humano, mais democrático, mais coerente com o espírito destes tempos iluminados, consentir que as pobres senhoras odiassem, espancassem ou jogassem pela janela os filhos recém-nascidos, aqueles miúdos seres horríveis que não têm outra missão na vida senão ficar berrando no bercinho e sujar fraldas com uma obstinação reacionária e - digamos logo - nazista?

Fonte: http://www.midiasemmascara.org/artigos/globalismo/11874-inventores-do-futuro.html

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Califórnia: gays e transexuais como modelos nas escolas

Califórnia: gays e transexuais como modelos nas escolas


Autor: Bob Unruh



Desde o jardim de infância, crianças serão ensinadas a admirar a homossexualidade, "casamentos" de mesmo sexo, bissexualidade e transexualidade.



Legisladores do estado da Califórnia estão propondo uma lei que requer que escolas tratem lésbicas, homossexuais, transsexuais e aqueles que escolhem outros estilos de vida sexuais alternativos como modelos de papel positivo para crianças em todas as escolas públicas.



A medida é patrocinada pelo senador Mark Leno. Abertamente homossexual, Mark Leno se orgulha de fundar um negócio com seu 'parceiro da vida Douglas Jackson', que depois morreu de complicações da AIDS.



Em seu website, Leno expressou sua preocupação: "A maioria dos livros-texto não inclui nenhuma informação histórica sobre o movimento LGBT, que tem grande significância para a história tanto da Califórnia como dos Estados Unidos".



"Nosso silêncio coletivo nesta questão perpetua estereótipos negativos do povo LGBT e leva a um maior bullying de pessoas jovens. Nós não podemos simultaneamente dizer aos jovens que é OK ser ele mesmo e viver uma vida aberta e honesta, quando nós nem estamos ensinando aos estudantes figuras LGBT históricas ou o movimento de direitos iguais LGBT", ele disse.



Entretanto, a Campaign for Children and Families, organização pró-família, em sua mensagem, alerta que "crianças já no jardim serão ensinadas a admirar a homossexualidade, 'casamentos' de mesmo sexo, bissexualidade e transexualidade".



"As crianças serão atraídas ao ativismo político em apoio de tudo impulsionado por grupos políticos 'gays, lésbicos, bissexuais, transgêneros, intersexo e questionadores', porque o projeto de lei pede 'ênfase particular em retratar o papel destes grupos na sociedade contemporânea'".



Além disso, prevê que "professores façam retratações positivas da homossexualidade, 'casamentos' do mesmo sexo, bissexualidade e transexualidade... porque ser silencioso os expõe à acusação de 'refletir adversamente'".



"Isto é uma doutrinação sexual radical, que pais genuinamente não querem e crianças realmente não necessitam", diz a declaração.



O comentário do Conselho Legislativo da Califórnia sobre o plano afirma que a lei "requereria instrução em ciências sociais para também incluir um estudo do papel e contribuições de americanos nativos, afro-americanos, mexicanos, asiáticos, pessoas advindas das ilhas do Pacífico, euro-americanos, lésbicas, gays, bissexuais e americanos transgêneros... ao desenvolvimento da Califórnia e dos Estados Unidos".



O projeto de lei também propõe a "ênfase particular em retratar o papel destes grupos na sociedade contemporânea" no ensino.



Randy Thomasson, líder do Campaign for Children and Families, nota que os diretores de escola teriam que escolher livros-texto e outros materiais que promovem abertamente o homossexualismo, porque o silêncio "os expõe a acusações de 'refletir adversamente'", destacando que os pais não poderão tirar seus filhos dessas aulas.



Thomasson disse ao WND que essa lei é mais um passo, seguindo as várias leis do tipo aprovadas anteriormente na Califórnia, em direção a reprimir valores tradicionais da família e promover os "alternativos".



"As escolas públicas da Califórnia não são mais lugares seguros moralmente para meninos e meninas", ele disse ao WND. "Este novo projeto de lei, SB 48, reflete o desejo dos legisladores de estado democratas de recrutar garotos e garotas para apoiar a agenda homossexual-bissexual-transexual, tanto pessoal como publicamente".



"Atirar esse balde de despejo na cara de crianças impressionáveis é repugnante para a maioria das pessoas".







Fonte: WND



Tradução: Júlio Lins, editor do blog Mente Conservadora.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O Dalai-Lama adere

O Dalai-Lama adere



Olavo de Carvalho

O Globo, 14 de junho de 2003



“O sistema do marxismo é fundado em princípios morais, enquanto o capitalismo só está relacionado a ganho e rentabilidade... Não considero a ex-URSS, ou a China, ou mesmo o Vietnã, verdadeiros regimes marxistas... Penso que [sua] falha principal é que eles colocaram muita ênfase na necessidade para destruir a classe governante, na luta de classe, e isto encoraja o ódio e negligencia a compaixão... Penso em mim como meio marxista, meio budista.”



Tenzin Gyatso, o Dalai-Lama, pode imaginar-se o que bem entenda, ou metade do que bem entenda, mas, para mim, a partir dessa declaração, é impossível não pensá-lo como meio mentiroso, meio idiota. O sujeito está exilado há cinqüenta anos e ainda mente em favor da ideologia que o expulsou, que matou um milhão de seus compatriotas e que fez tudo para destruir a tradição budista no Tibete.



Nesse breve parágrafo, que reproduzo da página budista http://www.geocities.com/sakyabr3/diretorios.html, S. Santidade acrescenta à intrujice histórica a absurdidade lógica para dar o beneplácito da sua autoridade espiritual (supondo-se que ela ainda exista depois disso) à maior fraude ideológica de todos os tempos: a campanha mundial para branquear a imagem do marxismo, desvinculando-o de qualquer responsabilidade pelos regimes genocidas que criou (v. Jean-François Revel, “La Grande Parade”).



Quem quer que tenha lido Karl Marx e os teóricos do liberal-capitalismo sabe que, nestes últimos, as preocupações morais vêm em primeiro lugar, enquanto naquele estão ausentes por completo. De John Locke a Bertrand de Jouvenel, de Adam Smith a Alain Peyrefitte, de Aléxis de Tocqueville a Russel Kirk, a justificação do capitalismo é de ordem essencialmente moral. Já Marx não esconde seu desprezo por leis morais de qualquer espécie, às quais nega toda substancialidade, fazendo delas meras superestruturas da economia, isto é, discursos de legitimação do interesse de classe, seja escravista, feudal, burguês ou proletário. Só o que Marx alega contra o capitalismo é que, a partir de um certo ponto, ele freia o desenvolvimento dos meios de produção que ele próprio criou, isto é, se torna improdutivo. Não é um argumento moral, é econômico, histórico e técnico. Ademais, é falso: o que freia o desenvolvimento das forças produtivas é a burocracia estatal socialista (que o digam nossos 41% de impostos).



Para piorar as coisas, o apelo ao genocídio como meio razoável de ação revolucionária está nos próprios escritos de Marx e não é de maneira alguma um desvio posterior. Entusiasta da seleção darwiniana, Marx achava lógico e desejável que, na transição revolucionária, o socialismo eliminasse “uns quantos povos inferiores” (sic), especialmente orientais. O destino dos seguidores de S. Santidade já estava claramente anunciado nessas palavras.



Longe de ter-se afastado de Marx para aderir a um maquiavelismo cruel, foram seus seguidores e discípulos tardios que, encabulados com o ostensivo amoralismo do mestre, maquiaram suas palavras para lhes dar um aparente sentido sentimentalóide, humanitário, até cristão (v. Erich Fromm, “O Conceito Marxista do Homem”; Roger Garaudy, “Perspectivas do Homem”). Para esse fim, escavaram textos de juventude que pareciam ter um vago sentido de revolta contra o mal -- mas, prudentemente, mudaram de assunto quando começaram a aparecer poemas de satanismo explícito nos quais o jovem Marx se revelava ainda mais malicioso e torpe que o Marx adulto (v. Richard Wurmbrand, “Marx e Satã”).



S. Santidade, na ânsia louca de embelezar o marxismo, não se limita a isentá-lo da responsabilidade pelas conseqüências de sua aplicação: limpa-o até mesmo de seu conteúdo teorético explícito, fazendo da luta de classes um acréscimo acidental posterior, quando ela é o núcleo essencial, o centro mesmo da teoria marxista. Marxismo sem luta de classes é a geometria de Euclides sem pontos, retas e planos.



Dizer que os regimes da URSS, da China e do Vietnã se afastaram do marxismo ao concentrar-se na luta de classes é o mesmo que dizer que Fernandinho Beira-Mar se afastou do narcotráfico ao comprar cocaína das Farc. É o nonsense completo, que um conhecedor da matéria não tem o direito de proferir nem mesmo em estado de embriaguez.



Não faltará quem explique as palavras de S. Santidade por um desejo patriótico de acalmar a sanha do invasor chinês. Mas, nesse caso, elas valem tanto quanto as dos cardeais alemães que faziam discursos pró-nazistas sob a desculpa de amansar o Führer (v. Eric Voegelin, “Hitler and the Germans”).



Também não faltará quem, jamais tendo dado um pio contra a perseguição antibudista no Tibete, se faça de escandalizado com a dureza desta minha crítica ao líder dos budistas -- como se lembrar seus deveres a uma autoridade espiritual relapsa fosse crime maior do que matar um milhão de seus discípulos.



Mas, no fundo, não estranho que até o Dalai-Lama acabe por se prosternar aos pés do Grande Satã comedor de monges. Afinal, a CNBB não faz o mesmo? Igrejas evangélicas inteiras não se aliaram ao partido que defende as Farc? Cardeais e pastores não acorreram às ruas, em massa, para proteger o monstruoso regime de Saddam Hussein?



O Evangelho não estava brincando quando anunciava que o reino da mentira arriscaria seduzir até os eleitos.





***





Cada vez mais me espanto com a duração sem fim do silêncio nacional em torno da obra de J. O. de Meira Penna. É um escritor maravilhoso, divertido, sábio e cheio de vida. Da “Psicologia do Subdesenvolvimento” até o mais recente “Da Moral em Economia”, nunca li uma linha dele que não me parecesse merecer a atenção de todos os intelectuais do país. Eles é que não têm sabido merecê-lo.



É preconceito esquerdista, dirá o leitor. Mas, no Brasil, esquerdismo e preconceito são a mesma coisa. O cardápio de leituras da esquerda nacional é limitado por uma dieta rigorosa, calculada para excluir qualquer possibilidade de contaminação por idéias que, assim, se tornam tanto mais fáceis de odiar quanto menos conhecidas.

Geert Wilders: “As luzes estão se apagando em toda a Europa” Geert Wilders

Geert Wilders: “As luzes estão se apagando em toda a Europa” Geert Wilders  



Nota do editor: O deputado holandês Geert Wilders, principal liderança européia na resistência contra a islamização do continente, foi arrastado aos tribunais devido à pressão de grupos esquerdistas e islâmicos que, irmanados, culpam-no por uma suposta promoção de "discurso de ódio". Wilders já recebeu diversas ameaças e vive cercado de seguranças. Como afirma Daniel Pipes, Geert Wilders representa todos os ocidentais que valorizam sua civilização. Abaixo, o discurso de Geert Wilders na reabertura de seu julgamento.





As luzes estão se apagando em toda a Europa



As luzes estão se apagando em toda a Europa. Em todo o continente onde a nossa cultura floresceu e onde o homem criou a liberdade, a prosperidade e a civilização. Em todos os lugares, o fundamento do Ocidente está sob ataque.



Em toda a Europa as elites estão agindo como protetores de uma ideologia que tem sido dobrada em destruir-nos desde há quatorze séculos. Uma ideologia que surgiu a partir do deserto e que pode produzir somente desertos, porque não dá liberdade às pessoas. O Mozart islâmico, o Gerard Reve islâmico [um autor holandês], o Bill Gates islâmico; eles não existem, porque sem liberdade não há criatividade. A ideologia do Islã é especialmente conhecida por matar e oprimir, e só podem produzir sociedades que são atrasadas e empobrecidas. Surpreendentemente, as elites não querem ouvir qualquer crítica a esta ideologia.



Meu julgamento não é um incidente isolado. Somente tolos acreditam que é. Em toda a Europa, as elites multiculturais estão travando uma guerra total contra suas populações. Seu objetivo é dar continuidade à estratégia de imigração em massa, o que acabará por resultar em uma Europa islâmica - uma Europa sem liberdade: Eurábia.



As luzes estão se apagando em toda a Europa. Quem pensa ou fala individualmente está em risco. Cidadãos amantes da liberdade que criticam o Islã, ou mesmo apenas sugerem que existe uma relação entre o Islã e crime ou crimes de honra, têm que sofrer e são ameaçados ou criminalizados. Aqueles que falam a verdade estão em perigo.



As luzes estão se apagando em toda a Europa. Em toda parte o pensamento policial orwelliano está trabalhando, à procura de crimes de pensamento em todos os lugares, lançando o povo de volta dentro dos limites onde é permitido pensar.



Este julgamento não é sobre mim. Trata-se de algo muito maior. Liberdade de expressão não é a propriedade daqueles que por acaso pertencem às elites de um país. É um direito inalienável, o direito natural de nosso povo. Durante séculos, batalhas têm sido travadas por ele, e agora ele está sendo sacrificado para agradar a uma ideologia totalitária.



As gerações futuras olharão para este julgamento e saberão quem estava certo. Quem defendeu a liberdade e quem queria se livrar dela.



As luzes estão se apagando em toda a Europa. Nossa liberdade está sendo restringida em todos os lugares, então eu repito o que eu disse aqui no ano passado:



Não é apenas o privilégio, mas também o dever de pessoas livres - e, portanto, também o meu dever como membro do Parlamento holandês - falar contra qualquer ideologia que ameace a liberdade. Por isso, é um direito e um dever falar a verdade sobre a ideologia malvada chamada Islã. Espero que a liberdade de expressão saia triunfante deste julgamento. Espero não só que vou ser absolvido, mas especialmente que a liberdade de expressão continue a existir na Holanda e na Europa.







Fonte: Weblog Geert Wilders

Tradução: Júlio Lins, editor do blog Mente Conservadora.

Reino Unido: Médico cristão demitido por publicar estudo

Autores: James Slack & Ian Drury

O paper "Casamento Gay e Homossexualismo: Alguns Comentários Médicos" constatou um número assombrosamente maior de pedófilos entre os gays.




Um médico cristão diz ter sido "sacrificado no altar do politicamente correto" depois de ser demitido como conselheiro antidrogas.



O Dr. Hans-Christian Raabe, um respeitado médico, foi demitido por deter visões "embaraçosas" sobre o homossexualismo.



Ativistas anti-drogas tinham até comemorado a sua indicação ao Conselho Consultivo sobre o Mau uso das Drogas (ACMD) pois, ao contrário da maioria dos integrantes, Raabe defendia uma política agressiva contra as drogas, enquanto os outros preferiam focar no modo mais seguro de consumo das mesmas.



O Dr. Raabe disse ao Daily Mail: "Eu tenho sido discriminado por causa das minhas opiniões e crenças, que estão em sintonia com o ensinamento das principais igrejas. Isto estabelece um precedente perigoso: Nós estamos dizendo que ser cristão é agora um impedimento ao emprego público?"



Ele adicionou: "Minha nomeação foi revogada baseada na falsa percepção que eu poderia potencialmente discriminar contra pessoas gays - algo que eu nunca fiz; nem na minha vida privada, nem na vida profissional. Mesmo o Home Office não questionou meu conhecimento e experiência em matérias relacionadas a mau uso de substâncias e política de drogas".



"Minha nomeação foi revogada simplesmente como resultado de minhas visões sobre assuntos que não são relacionados à política de drogas".



O Home Office disse que Raabe foi demitido porque não revelou um relatório que 'levanta preocupações sobre sua credibilidade em prover conselhos equilibrados em questões relacionadas ao mau uso de drogas'. Como parte da entrevista, Raabe foi perguntado a revelar qualquer coisa sobre sua história pessoal ou profissional que pudesse causar embaraçamento ao Home Office ou ACMD.



Os comentários sobre homossexualismo e pedofilia foram retirados de um paper científico que ele escreveu com outros seis médicos, há seis anos.



O paper "Casamento gay e homossexualismo: Alguns comentários médicos", obteve conclusões de pesquisas e estudos de outros acadêmicos. Usando estes dados, Raabe e seus colegas concluíram que há um 'número desproporcionalmente maior de homossexuais entre pedófilos', e alerta que isso é de 'grave preocupação'.



O Dr. Raabe disse: "Em meu caso - detendo visões cristãs tradicionais - eu estou sendo discriminado por um ministro do Home Office e estou sendo sacrificado no altar do politicamente correto".



Fonte: Daily Mail



Tradução: Júlio Lins, editor do blog Mente Conservadora.

Coroação se S. Luís.

Coroação se S. Luís.

Sagração de S. Luís IX, na Catedral de Reims.

Sagração de S. Luís IX, na Catedral de Reims.