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Pesquisas Neste Blog

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

“Sou absolutamente contra o aborto” (Zilda Arns).

“Sou absolutamente contra o aborto”






Entrevista com Zilda Arns





Para Zilda Arns, médica pediatra e sanitarista, “tentar solucionar os milhares de abortos clandestinos realizados a cada ano no País com a legalização do aborto é uma ação paliativa, que apontaria o fracasso da sociedade nas áreas da saúde, da educação e da cidadania e, em especial, daqueles que são responsáveis pela legislação no país”. Ela vê o embrião como um ser humano completo em fase de crescimento “tanto quanto um bebê, uma criança ou um adolescente”. Irmã do cardeal D. Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo, Zilda é também fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, organismos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Viúva desde 1978, mãe de cinco filhos e avó de nove netos, vem recebendo diversas menções especiais e títulos de cidadã honorária no país. Da mesma forma, a Pastoral da Criança já recebeu diversos prêmios pelo trabalho que vem sendo desenvolvido desde a sua fundação. Formada em Medicina, aprofundou-se em Saúde Pública visando a salvar crianças pobres da mortalidade infantil, da desnutrição e da violência em seu contexto familiar e comunitário. Compreendendo que a educação revelou-se a melhor forma de combater a maior parte das doenças de fácil prevenção e a marginalidade das crianças, para otimizar a sua ação, desenvolveu uma metodologia própria de multiplicação do conhecimento e da solidariedade entre as famílias mais pobres.





IHU On-Line – Em que a senhora fundamenta sua posição radicalmente contrária ao aborto?





Zilda Arns - Sou absolutamente contra o aborto. Em primeiro lugar, sou a favor da vida, e fundamento meu ponto de vista não somente na fé cristã, mas também na ciência e em aspectos éticos e jurídicos. Já está comprovado cientificamente que o feto é um ser humano completo, desde a sua concepção e, por isso, tem direito à vida, como defende o artigo quinto da Constituição Brasileira[1] e o artigo segundo do Código Civil[2]. Cabe ao Estado o dever de tutelar e proteger a vida do embrião ou do feto de qualquer ameaça, sob pena de violação dos direitos humanos.



Sou médica pediatra e sanitarista, com mais de 47 anos de experiência em saúde pública. Além disso, estou nos últimos 24 anos à frente da Pastoral da Criança (instituição que acompanha 1,9 milhão de crianças com menos de seis anos, em 42 mil comunidades pobres do país). Por isso, tenho a convicção de que medidas educativas e preventivas são as únicas soluções para o problema das gestações não desejadas. Tentar solucionar problemas, como a gravidez indesejada na adolescência, ou atos violentos, como estupros e os milhares de abortos clandestinos realizados a cada ano no País, com a legalização do aborto, é uma ação paliativa, que apontaria o fracasso da sociedade nas áreas da saúde, da educação e da cidadania e, em especial, daqueles que são responsáveis pela legislação no país. Não se pode consertar um crime com outro ainda maior, tirando a vida de um ser humano indefeso. É preciso investir na educação de qualidade, nas famílias e nas escolas.



É preciso, antes de tudo, refletir. Será que nos países em que esse e outros abortos são permitidos, os jovens e as mulheres estão mais conscientes e têm menos problemas? Esta e outras questões estão relacionadas na carta que enviei, no final de 1997, ao Congresso Nacional como apelo da Pastoral da Criança em defesa da Vida, e artigos publicados em revistas e jornais nos últimos anos. Antes de qualquer coisa, é preciso diminuir a desigualdade social e dar mais oportunidades, principalmente às mulheres mais pobres.





IHU On-Line – Como podemos formular a questão do estatuto do embrião, considerando sua implicação na questão do aborto?





Zilda Arns - O embrião é um SER HUMANO completo em fase de crescimento tanto quanto um bebê, uma criança ou um adolescente. Com a evolução das ciências da reprodução humana, mais especialmente nas últimas duas décadas, não há a menor dúvida de que a vida do SER HUMANO se inicia no momento da concepção. Não se trata de um amontoado de células. Quando se dá o encontro gamético, produz-se a primeira unidade da vida, que contém toda herança genética e todos os requisitos para caracterizar a vida. As novas tecnologias como o ultra-som, o monitoramento do coração do feto, a fetoscopia[3] e a histeroscopia[4], para acompanhar o que se passa no interior do útero, comprovam ainda que o feto resiste e se defende dos agentes externos, que porventura querem lhe tirar a vida. Para quem se interessar, pode confirmar essas informações assistindo ao vídeo Grito silencioso[5], que mostra as reações do feto em um processo de aborto induzido, realizado em um país onde a prática é permitida.





IHU On-Line – Como se caracteriza a abordagem ética do aborto?





Zilda Arns – Existe um princípio de injustiça nessa prática. Mais uma vez, ao invés de consertar o tecido social roto, querem jogar sobre a mulher o pesado fardo da injustiça social, oferecendo-lhe a oportunidade de abortar o filho que veio abrigar-se em seu ventre, filho esse que não planejou ou que foi concebido como conseqüência de um ato violento. Pesquisas da Organização Mundial da Saúde (OMS) et al, publicadas em 1994, comprovam que crianças mal tratadas, oprimidas, violentadas em seu primeiro ano de vida têm forte tendência a se tornarem violentas e criminosas. Portanto, há de se cuidar do ser humano, desde a gestação, e dar prioridade a atender às crianças pequenas, menores de seis anos, e, mais especificamente, às crianças menores de um ano, somando as forças das famílias, da sociedade e dos governos, para que o tecido social seja forte e preservado. A ética e a moral não são exclusivas da religião. Devem servir de guia para toda a sociedade, incluindo a ciência e a técnica. Não faltam cientistas, juristas e legisladores que, no exercício de seus mandatos e profissões, têm como objetivo maior a defesa e a promoção da vida, a serviço do bem comum.





IHU On-Line – O aborto é um problema que precisa de uma solução, ou ele pode ser uma solução?





Zilda Arns - Felizmente, muitas pessoas comprometidas com o bem-estar das mulheres optam por vestir a camisa da erradicação da pobreza, da miséria e da ignorância que as oprime, principalmente nos países mais pobres. Para gerar desenvolvimento e, por conseqüência, boas condições de saúde e de vida, é preciso investir em educação de qualidade e criar políticas públicas de assistência materno-infantil, de orientação aos adolescentes, às mulheres e às famílias, a fim de que elas tenham melhores oportunidades de estudo e de desenvolverem-se no futuro. A prática de abortos seria um retrocesso da saúde pública, que, ao invés de investir na qualidade de vida da população, passaria a reproduzir uma cultura de incentivo à morte, à violência.





IHU On-Line – Uma lei a favor pode ser a única resposta ao problema do aborto?





Zilda Arns - Sob o ponto de vista de políticas de saúde, seria muito mais humano e econômico à nação investir em qualidade de vida e melhor assistência à saúde do que investir contra o ser humano indefeso. Não se pode eliminar a pobreza por meio da eliminação dos pobres, assim como não se pode eliminar a violência de uma gravidez indesejada mediante outra forma de violência, como é o aborto. Tenho certeza de que nossos deputados e senadores não se deixarão seduzir pela cultura da morte e da corrupção e lutarão pelo respeito à vida e por melhor qualidade de vida para todos. Afinal, o Código Civil, no artigo segundo, afirma: “A personalidade civil do homem começa no nascimento com vida; mas a lei põe a salvo desde a concepção os direitos do nascituro”.





IHU On-Line – Como lidar com a mentalidade abortista, tão presente na sociedade, que banaliza a questão do aborto?





Zilda Arns - Feministas famosas, realmente comprometidas com o bem-estar das mulheres, com o evento das novas tecnologias e conhecedoras profundas do sofrimento humano, deixaram a bandeira do aborto e optaram pela bandeira da erradicação da pobreza, da miséria, da ignorância que oprime as mulheres, principalmente nos países em desenvolvimento. Lembro-me de médicos, tais como o Dr. Bernard N. Nathanson, M.D. co-fundador da Liga Nacional pelos Direitos ao Aborto nos Estados Unidos, e diretor da maior clínica abortista do mundo, responsável por mais de 75 mil casos desse tipo, converteu-se em defensor da vida, devido a um conhecimento mais profundo do ser humano, pelos avanços da ciência e dos aparelhos de tecnologia avançada. Dr. Nathanson convenceu-se da existência da vida humana desde o momento da concepção. Ele advertiu ainda sobre as estatísticas falsas de morte de mulheres em conseqüência de abortos clandestinos. A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) confirma não existir nenhuma pesquisa sobre esse assunto no Brasil, apesar de muitas vezes serem divulgados falsos dados remetendo ao nome da organização.





IHU On-Line – Podemos conciliar a autonomia e a liberdade da mulher com a vida e a defesa do embrião?





Zilda Arns - Trata-se de um princípio de convivência de dois seres humanos. O “outro” é o limite de nossa liberdade. Se a mulher tem direitos e deveres, eles não podem interferir ou impedir o direito à vida de outro ser humano, ou seja, o fato de ela ser gestante de um embrião não lhe possibilita qualquer ação que possa prejudicar a vida dele.





IHU On-Line – O que a senhora pensa sobre o plebiscito da descriminalização do aborto?





Zilda Arns - Hoje estou convencida de que o aborto não é matéria para entrar num plebiscito, porque não se pode votar pela vida ou morte de um ser humano inocente e sem defesas.







[1] Art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. (Nota da IHU On-Line)



[2] Art. 2o: A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. (Nota da IHU On-Line)



[3] Fetoscopia: Trata-se de um procedimento onde se associa a ultra-sonografia e a videolaparoscopia, com o objetivo de se visualizar diretamente o feto, no interior da cavidade amniótica. Esse procedimento também é conhecido como cirurgia endoscópica fetal. (Nota da IHU On-Line)



[4] [4] Histeroscopia: a Vídeo-histeroscopia é um método que oferece uma imagem direta, tridimensional dos órgãos internos sem que haja intervenção cirúrgica. A histeroscopia é método que já permite ao médico analisar diretamente a cavidade uterina da paciente e encontrar alterações que, sob outros meios, estariam quase ocultas. A técnica pode ser feita em ambulatório. (Nota da IHU On-Line)



[5] Disponível em: http://www.silentscream.org/silentsc_port.html (Nota da IHU On-Line)



(Fonte: http://www.unisinos.br/ihu)

Onde estava Deus? Onde estava o homem?

Onde estava Deus? Onde estava o homem?








Por Prof. Felipe Aquino



As tragédias naturais como a tsunami na Ásia, o terremoto do Haiti, os desabamentos de Angra dos Reis... oferecem reflexões profundas envolvendo o homem neste mundo. Alguns logo querem colocar a culpa em Deus: “Se Deus existe e é bom não permitiria essas catástrofes... Se Deus não pode impedir as catástrofes, então, não tem poder, logo não é Deus, então, não existe...”.



Mas além dessas conjecturas de fundo ateísta, há também a resposta cristã para o sofrimento, a morte, a dor, a tragédia. É uma resposta lógica e racional, nada fantasiosa ou fugitiva da verdade. Deus existe, é inegável. Deus não fala, mas tudo fala de Deus; basta olhar para dentro ou para fora de nós mesmos. De onde viemos? De onde surgiu a fabulosa matéria e energia descomunal que deram origem ao Big Bang? O que estava atrás do Muro de Planck? Quem conduziu toda essa evolução até chegar ao homem? Os físicos modernos não têm resposta para isso. A explicação para este mundo e para a nossa vida transcende o natural, está no sobrenatural.



Tudo o que existe fora do nada é obra de Alguém, a matéria e a energia não são eternas, tiveram uma origem, foram criadas, e terão um fim. Se foram criadas, então, existe o Criador. Não existe o “senhor Acaso” potente e inteligente capaz de gerar um Universo ordenado como conhecemos desde o microsmos dos átomos até o macrocosmo das galáxias.



De onde veio a nossa inteligência, memória, vontade, sensibilidade, capacidade de amar, cantar, sorrir, chorar?... De onde veio a beleza da criança, o encanto da mulher?... o perfume da rosa?

Deus é bom, onipotente, onisciente e eterno. Sua sabedoria e bondade se revelam na Criação, do reino mineral ao angelical, passando pelo vegetal e animal.



E ai vem a pergunta de sempre: então, porque o mal existe? Por que as catástrofes acontecem?



A primeira resposta é essa: Deus fez tudo bem e para o bem, para o amor; pois Ele é amor. Nele não há sombra de mal, de erro, de impotência e de imperfeição, senão não seria Deus. Ele não pode fazer o mal e enviar o mal a alguém. Então, de onde vem o mal?



Deus criou o nosso planeta e nele colocou o homem – seu lugar-tenente na Terra. Dotou-o de inteligência, memória, liberdade, vontade, consciência, sensibilidade, etc; isto é, o criou da melhor maneira possível, “à sua imagem e semelhança”. Dotou-o ainda de dons preter-naturais (não morrer, não sofrer...), estava em perfeita harmonia com o mundo, com a mulher, com os animais e com Deus. Este “estado de justiça e de santidade” se manteria sempre, desde que ele se mantivesse na Sua amizade e respeitando Sua autoridade.



Deus entregou o mundo nas mãos do homem, pois confia nele? Não quis que o homem fosse pequeno, um robô, uma marionete teleguiada. Não. Quis alguém grande, livre, inteligente, capaz de dirigir não apenas um carro ou um jato, mas governar com inteligência e bondade a Terra, e estabelecer nela o progresso, a paz, a ordem. Santo Irineu (†200) disse que “o homem é a glória de Deus”. O maior dom que Deus deu ao homem – e a mais nenhum outro ser na terra – foi a liberdade; e ai está a sua grandeza. Sem ela o homem não seria Sua “imagem e semelhança”. Por isso o homem pode errar, pode sofrer, porque não é um robô.



Mas o homem e a mulher disseram Não a Deus, pecaram, romperam a ordem divina; não aceitaram a bela situação de criaturas, “quiseram ser deuses”. O pecado e a morte entraram no mundo e na história da humanidade. São Paulo revela tudo isso numa frase: “O salário do pecado é a morte” (Rm 6,23). Este “pecado” é o somatório de todos os pecados dos homens; do primeiro casal humano até os nossos.



E a natureza também foi afetada pelo pecado dos homens. Deus disse a Adão depois do pecado: “Maldito é o solo por causa de ti” (Gn 3,17). E também os animais foram afetados, tanto assim que o Profeta Isaias mostra bem que na restauração messiânica, “o lobo morará com o cordeiro e o leopardo se deitará com o cabrito... O leão se alimentará de forragem com o boi... a criança pequena colocará a mão na toca da víbora” (Is 11, 5-9). E “haverá novos céus e nova terra”, sem os males que conhecemos. E Deus mesmo enxugará nossas lágrimas.



Tudo isso significa exatamente que quando todo pecado for arrancado do mundo, então, não haverá mais lágrimas, mortes, conflitos e catástrofes. “Deus será tudo em todos”. Deus deu inteligência e meios para o homem viver bem neste belo planeta. No entanto, pelo pecado do ateísmo, da ganância, do orgulho, da inveja, da preguiça, do ódio, da falta de amor, etc., o homem causa a desgraça na terra. Mas, e as catástrofes naturais?



O mundo visível foi criado com belas e perfeitas leis que o sustentam. A gravidade, as leis da mecânica, da ótica, do eletromagnetismo, etc. E Deus não fica interferindo na vida da terra, contrariando as próprias leis que Ele estabeleceu para manter a ordem do universo. Sem essas leis o planeta não existiria. Se alguém saltar ou for jogado do décimo andar de um prédio, Deus não vai suspender a lei da gravidade para aquele corpo em queda livre, porque ele respeita a criação que estabeleceu. Deus é responsável; é Pai, mas não paternalista. Ele nos deu inteligência e meios de dominar a natureza, ou ao menos fugir de seus males, uma vez que ela também foi e é afetada pelo pecado do homem, de ontem e de hoje.



Sabemos que os desabamentos de Angra dos Reis, por exemplo, que mataram muitos, foi culpa do homem; negligência, imprudência, ganância, etc. Na Holanda, por exemplo, onde pode haver transbordamento de rios, uma grande faixa de terra nas margens do mesmo fica interditada para a construção. A tsunami da Ásia, onde morreram milhares, poderia ter acontecido, mas não morreriam tantas pessoas se não tivesse havido negligência. Enquanto gastos astronômicos são feitos enriquecendo a indústria bélica, ficou patente que a sismologia fracassou lamentavelmente. Alguns sismólogos nos EUA previram a catástrofe, mas a comunicação com as áreas atingidas não foi possível por falta de meios.



É o caso de se perguntar: O homem, orgulhoso de sua ciência que supera até Deus, onde você estava? Como, com todos os recursos de sua informática você não conseguiu avisar a milhares de pessoas sobre o perigo iminente? Incúria!



Se a informação disponível tivesse chegado o número de mortos teria sido muito menor. O homem se gaba de sua ciência, mas seu orgulho foi terrivelmente punido. Será que o mesmo não aconteceu no Haiti, e não vai ainda acontecer em outros lugares por incúria humana? O Boletim de Noticias da FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, disse o seguinte após a tsunami:



“Um eficiente sistema de alarme contra tsunamis criado pelos Estados Unidos para proteger a sua costa pacífica existe desde 1948. Infelizmente, no Oceano Índico, onde no dia 26 de dezembro uma seqüência de ondas gigantes tirou a vida de mais de 120 mil pessoas, nada existia. Se fenômenos naturais como terremotos e ondas gigantes são inerentes ao funcionamento da Terra, que antes de mais nada é também um organismo vivo, as dramáticas cenas vistas da Ásia durante a última semana poderiam muito bem terem sido menos terríveis. O motivo é que os conhecimentos científicos e culturais obtidos nas décadas passadas não foram aplicados nos últimos anos pelas nações atingidas pelo tremor de agora. No episódio da semana passada, que atingiu de forma indiscriminada pessoas e nações de todo o mundo, toda a tecnologia disponível ficou em segundo plano. O grande tremor de terra nas profundezas do Índico, que por si só serve como um aviso de que um tsunami estaria se formando, foi detectado por vários centros de pesquisa espalhados pelo mundo, inclusive pelo Observatório Sismológico da Universidade de Brasília. Entretanto, nenhuma sirene foi soada nas praias ou nas cidades costeiras do Sri Lanka, da Índia, da Indonésia e da Tailândia, países com elevados números de mortos.” (Lições não aprendidas - 03/01/2005).



Após a tsunami, o então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, exortou o mundo a aprender com a tsunami e disse que “investimentos limitarão as vítimas e os danos de desastres naturais inevitáveis”. Por que isso não foi feito antes, numa região de tantos turistas. O problema foi que naquela região não havia os recursos técnicos para captar o aviso. Onde estava o homem?



É louvável os milhões de dólares que chegam agora ao Haiti, mas fica uma pergunta: "Será que não seria possível prevenir a tragédia, ou pelo menos diminuí-la?”. Será que o mesmo aconteceria em outro grande país? Sabemos que em países industrializados, os prédios nas zonas de terremoto são construídos sobre sistemas amortecedores que reduzem o estrago causado por movimentos. Mas isso nunca poderia existir no Haiti porque é um país abandonado. É melhor investir bilhões de dólares em pesquisa espacial e na guerra, do que socorrer uma pobre nação. E quer se culpar a Deus? Onde estava o homem?



Existe um limite humano que os racionalistas não aceitam porque para eles “o homem é a medida de todas as coisas”, como se a natureza por si só fosse o princípio de tudo. Há algo maior na vida do homem. Platão disse na sua obra “As leis”, que “Deus é a medida do homem”. As catástrofes sacodem a nossa auto-suficiência que endeusa a ciência.



Além das catástrofes naturais que matam às vezes milhares, que poderiam ser salvos, não se esqueça das guerras que ceifam milhões de vida; há catástrofes piores? Foram 10 milhões na Primeira Guerra, 50 milhões na Segunda, 20 milhões vitimas da loucura do nazismo e 100 milhões vítimas do comunismo ateu. Que culpa Deus tem disso? Onde estava o homem?



As catástrofes não são castigos de Deus, pois um bom Pai, que é Amor, não trata assim seus filhos. Mas é justo perguntar se o homem tem buscado Sua ajuda e proteção. A Igreja nos recomenda se refugiar debaixo da proteção de Deus, da Virgem Maria, dos Santos e dos Anjos, contra os males deste mundo e do demônio. Mas será que o homem moderno tem feito isso? Deus não pode obrigar o homem a se abrigar forçosamente debaixo de sua proteção. O que temos visto? O homem de costas para Deus, violando tristemente suas leis, praticando o aborto, a prática homossexual, matando embriões que são vidas humanas, praticando a eutanásia, a guerra, o desamor, a corrupção deslavada, a politicagem suja, a pornografia por todos os meios... Como um mundo assim pode ter a proteção de Deus? O homem está expulsando Deus da terra; até os seus sinais sagrados estão sendo agora proibidos. Como podemos assim ter a Sua proteção? Como disse o Papa Bento XVI, “o homem construiu um mundo que não tem mais lugar para Deus”. Deus não castiga, mas não é obrigado a dar a sua proteção a um mundo que o rejeita, ofende, calçam os pés às Suas Santas leis. São Paulo disse: “Não vos iludais, de Deus não se zomba. O que o homem semear, isso colherá” (Gl 6,7). Voltemos para Deus, de todo coração, e teremos a Sua proteção.



Se Deus permite que o mal se abata sobre os homens, como permitiu que a Sua Esposa querida, Israel, fosse deportada para a Assíria e Babilônia, é porque precisa salvá-los. A Revelação divina nos ensina que “tudo concorre para o bem dos que amam a Deus” (Rm 8, 28). Muitos inocentes morrem nas tragédias também, mas Deus sabe do mal tirar o bem. Sua providência consiste no fato de que sabe tirar o bem para os homens inclusive das situações mais dolorosas e trágicas da natureza, assim como de sua maldade e falta de sabedoria. A maneira como Deus faz isso é para nós um grande mistério, mas, porque é bom não permitiria estes fatos dolorosos, se não fosse capaz e não tivesse a intenção de tirar do mal o bem para os homens. Como não ver nestes tristes acontecimentos, um chamado à “conversão”, como Jesus no Evangelho falou do acidente da torre de Siloé?



Prof. Felipe Aquino – 15 janeiro 2010
http://www.cleofas.com.br/virtual/texto.php?doc=OPINIAO&id=opi0547

Coroação se S. Luís.

Coroação se S. Luís.

Sagração de S. Luís IX, na Catedral de Reims.

Sagração de S. Luís IX, na Catedral de Reims.